Tecnologia

Facebook ocultou que links antivacina estavam entre os mais vistos do site

Um esboço do relatório de postagens mais populares do primeiro trimestre, divulgado junto do balanço de receitas, foi censurado. O motivo: era desfavorável à imagem da empresa

A empresa maquiou a lista de posts mais acessados do primeiro trimestre para não mostrar que links controversos eram os mais populares (OLIVIER DOULIERY/AFP)

A empresa maquiou a lista de posts mais acessados do primeiro trimestre para não mostrar que links controversos eram os mais populares (OLIVIER DOULIERY/AFP)

Ainda que o magnata Mark Zuckerberg tenha se ausentado de defender o Facebook como um mecanismo para um mundo mais democrático e livre, a rede social ainda firma o pé para se vender como tal. Entretanto, segue com decisões de gestão um tanto quanto desviadas do propósito que diz servir. 

No mais recente evento controverso do Facebook, a empresa teria ocultado a lista de postagens mais acessadas do primeiro trimestre do ano, divulgada junto do balanço de receitas, para não mostrar que, por exemplo, um dos link mais visitado era uma reportagem com um título que sugere que a vacina contra o coronavírus foi a culpada pela morte de um médico na Flórida.

Como mostrou o jornal New York Time, no segundo trimestre, a empresa divulgou a lista, e as postagens do período apresentavam conteúdo inócuo, como dicas domésticas e vídeos do TikTok. Bastante diferente do que, segundo o jornal, havia na primeira lista do ano. 

Para se ter uma ideia, o relatório arquivado também mostrava que uma página do Facebook do The Epoch Times, um jornal anti-China que dissemina teorias conspiratórias de direita, foi a 19ª página mais popular na plataforma no primeiro trimestre de 2021.

O agravante é que para o material censurado houve uma mobilização de executivos visando que ele não viesse a público. Alex Schultz, vice-presidente de dados e diretor de marketing do Facebook, discutiu, segundo troca de emails internos, se o documento causaria um problema de relações públicas. A avaliação foi levada em conta pela empresa.

"Consideramos anteriormente divulgar o relatório", disse Andy Stone, um porta-voz do Facebook em uma postagem no Twitter, "mas, como sabíamos que ele atrairia muita atenção, exatamente como vimos nesta semana, quisemos fazer algumas modificações no sistema”.

O caso evidencia que, mesmo após anos de contenção de desinformação, polêmicas quanto a manipulação política e centenas de novas ferramentas de sinalização de fake news, o Facebook ainda pena para gestar o conteúdo publicado na rede. Há, por assim dizer, um descontrole do próprio algoritmo que criou.

Conforme foi observado pelo New York Times, atualmente, a empresa fundada por Zuckerberg se vê obrigada a gestar o conteúdo relacionado a covid-19 e vacinas. Grande parte desta obrigação vem diretamente da pressão feita pelo governo dos Estados Unidos. O presidente Biden disse no mês passado que o Facebook estava "matando pessoas" com a desinformação sobre vacinas em seu site, embora ele tenha ponderado a afirmação logo depois.

Acompanhe tudo sobre:FacebookFake newsJoe Bidenmark-zuckerbergRedes sociais

Mais de Tecnologia

Telegram agora é lucrativo, diz CEO Pavel Durov

O futuro dos jogos: Geração Z domina esportes eletrônicos com smartphones e prêmios milionários

Como a greve da Amazon nos EUA pode atrasar entregas de Natal

Como o Google Maps ajudou a solucionar um crime