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Expedição cruzará o mundo para pesquisar impacto dos plásticos nos oceanos

Objetivo da missão é chamar atenção para o problema e impulsionar soluções para acabar com ele

poluição (Reuters)

poluição (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2015 às 05h37.

Percorrer mais de 40 mil milhas náuticas em menos de um ano a bordo de um pequeno veleiro: não se trata simplesmente do último desafio de um aventureiro, mas do ambicioso projeto de uma fundação suíça para investigar a poluição com plásticos que afetam os oceanos do planeta.

Batizada como "Race for Water Odyssey", ou R4WO, a travessia partiu em 15 de março do porto francês de Bordeaux e acaba de completar sua primeira parte em Nova York, após atravessar o Atlântico com paradas nos Açores e nas Bermudas.

Seu objetivo é recopilar, no menor tempo possível, dados sobre a concentração de plásticos nos mares de todo o mundo e, dessa forma, chamar a atenção para o problema e impulsionar soluções para acabar com ele.

Segundo dados científicos, a cada ano 10% da produção global de plástico termina no mar, onde 80% da poluição está vinculada a este tipo de material.

"Estamos diante de um enorme problema ambiental, talvez o maior que enfrentamos", disse em sua chegada a Nova York o líder da expedição, Marco Simeoni, um bem-sucedido empresário suíço que é o principal impulsor da iniciativa.

Como símbolo da urgência, mas também para acelerar as pesquisas, Simeoni e seus cinco companheiros viajam a bordo de um rapidíssimo catamarã de 21 metros de comprimento, capaz de alcançar os 43 nós de velocidade.

"Para fazer a mesma viagem com um barco normal necessitaríamos de dois ou três anos", explicou à Agência Efe o navegador suíço, que ressaltou que é necessário atuar "agora" para conter a poluição marinha.

Simeoni lembrou aos jornalistas que "os plásticos existem há 60 anos e hoje todos os oceanos estão poluídos por eles", enquanto o problema não deixa de aumentar.

Sua expedição decidiu se concentrar em pesquisar o acúmulo de plásticos em ilhas situadas nos chamados "cinco vórtices" oceânicos, áreas nas quais fortemente se concentra a poluição arrastada pelas correntes marinhas.

A pesquisa é feita através do recolhimento de amostras em praias e o registro da presença de plásticos nas superfícies com a ajuda de um pequeno "drone" que sobrevoa de forma autônoma e tira fotografias de altíssima resolução, que depois são analisadas por cientistas de duas universidades que colaboram com o programa.

A aposta da R4WO conta com o apoio de, entre outros, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que considera a iniciativa uma forma "inovadora e excitante" de tratar o "enorme problema que os restos de plástico no mar representa para o mundo", explicou em Nova York sua diretora para a América do Norte, Patricia Beneke.

"É um problema imenso e a cada ano é maior", disse Beneke, ressaltando os danos que os plásticos causam nos ecossistemas marítimos, mas também as consequências econômicas que têm para a pesca, para o transporte marítimo e para as zonas litorâneas que devem se ocupar de sua limpeza.

Após deixar Nova York, a expedição se dirigirá ao sul, cruzando pelo Panamá rumo ao Pacífico e fazendo uma escala no porto chileno de Valparaíso, antes de visitar a Ilha de Páscoa e Havaí.

Dali, os pesquisadores navegarão até Tóquio, Xangai e Cingapura, para depois analisar outra área de ilhas no sul do oceano Índico e voltar ao Atlântico após uma parada na Cidade do Cabo.

A R4WO estudará o "vórtice oceânico" do Atlântico Sul com uma escala no arquipélago de Tristán de Acuña e depois se dirigirá ao Rio de Janeiro, de onde iniciará o retorno à França, que incluirá uma escala em Cabo Verde.

Trata-se de uma volta ao mundo contra o relógio, que os navegadores esperam terminar antes do final do ano, e que, apesar da beleza de muitas das áreas que visitará, não é uma viagem de prazer.

"Isto não é um cruzeiro, é mais um sofrimento quando olhamos para o barco. Não há banheiros, só há dois beliches que têm que ser compartilhado por seis pessoas e os nutrientes que levamos a bordo só poderiam ser considerados comida por um astronauta", explicou o assessor da expedição, Franklin Servant-Schreiber.

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