Como tirar foto da Lua com o celular
Fazer um registro da Lua exige um pouquinho mais de atenção do que uma foto tradicional
Redator freelancer
Publicado em 23 de abril de 2024 às 19h16.
Tirar uma foto da Lua é uma atividade tão interessante que a maioria dos smartphones, hoje, conta com um modo de câmera específico para registros do nosso satélite natural. Principalmente em dias de lua cheia, um registro pode cair bem.
Entretanto, nem sempre o resultado fica bacana, simplesmente porque essa é uma atividade um pouquinho mais complicada do que, digamos, tirar uma selfie. Então veja a seguir algumas dicas para registrar aquela foto que vai arrancar suspiros de quem a ver.
Por que a foto da Lua com celular fica ruim?
Antes de mais nada, é importante explicarmos o motivo de uma simples foto da Lua ficar menos que satisfatória quando você simplesmente aponta a câmera do celular e tira o registro. E isso tem a ver com dois motivos específicos.
O primeiro é a distância: obviamente, a Lua está longe de nós (384.400 quilômetros, para ser exato), e a nitidez de um objeto tende a reduzir conforme essa distância aumenta, já que ele diminui de tamanho segundo a percepção dos nossos olhos. Um objeto pequeno também dificulta uma lente de focalizar nele corretamente.
Depois vem a questão do brilho: a Lua não tem luz própria, mas sua superfície clara é altamente reflexiva em relação à luz do Sol. Isso é um problema por duas razões: a primeira, é a variação dessa luminosidade – se a Lua muda de posição, o brilho também muda, o que nos obriga a reajustar foco, zoom etc.
Além disso, à noite, as lentes dos smartphones tendem a se abrir mais – para facilitar a passagem de luz em ambientes escuros. O brilho da Lua se sobrepõe a isso, criando uma superexposição da imagem e estragando o foco.
Dicas para tirar foto da Lua com celular
Agora que você entendeu os fatores que dificultam um bom registro fotográfico da Lua, vamos aprender alguns processos e “macetes” para contornar tudo isso? Para tanto, utilize o modo manual da sua câmera e calma: não precisa ser nenhum profissional para entender todas essas opções.
Usar foco manual, ajustar velocidade do obturador, diminuir o ISO
Quase todo smartphone conta com um recurso de foco automático, já que a ideia da câmera do aparelho é a facilidade de uso – as fabricantes querem que você apenas aponte e bata a foto. O problema é que isso mais atrapalha que ajuda quando o objeto do registro é a Lua.
Por isso, usar o foco manual permite que você controle a ordem de concentração da câmera para um objeto (ou “assunto”, no jargão da fotografia profissional) específico, desvalorizando outros em favorecimento a ele.
Por exemplo: imagine que a Lua, segundo seu ponto de vista, está posicionada entre duas árvores: o foco automático vai refinar a sombra das árvores, e “tentar” (mas falhar) focalizar a Lua. Se você, com a câmera aberta, tocar com o dedo na parte da tela onde está a Lua, a a lente vai se reajustar, priorizar nosso satélite como definição, deixando as árvores em segundo plano.
A velocidade do obturador é outro ponto interessante: em termos resumidos, um obturador é uma espécie de “cortina” que determina quanto de luz – e por quanto tempo – passará pela lente, o que afeta o brilho da imagem. Em termos ainda mais resumidos, é o tempo decorrido entre você dar o comando de tirar a foto e a lente fazer a foto.
Em imagens comuns, isso não faz muita diferença e os ajustes automáticos seguram bem a demanda. A Lua, no entanto, é um objeto extremamente brilhante e, por isso, um obturador mal ajustado acaba deixando a foto menos nítida.
Para contornar isso, basta que você reduza a velocidade do obturador: na sua tela, isso é representado por “1/xx”, onde “xx” é um outro número. Neste caso, deixe-o no máximo em “1/125”.
Por fim, temos o ISO. Trata-se de um recurso de toda câmera, que coloca um valor numérico à sensibilidade de luz para a lente. Já tentou tirar uma foto da areia da praia em um dia de Sol particularmente forte? Já notou como a luz “volta” na lente e deixa tudo “brilhante demais”? Um número alto de ISO (ou seja, menos sensibilidade) corrige isso.
Para tirar uma foto da Lua, você só precisa seguir o caminho contrário: reduza o ISO ao máximo, ampliando a sensibilidade do sensor à luz. O brilho refletido pela superfície da Lua é mais que suficiente para compensar essa falta de sensibilidade, e a imagem fica mais refinada. Neste ajuste, realmente vá para o mínimo possível – que seria “100”, já que o ISO trabalha em centenas (100, 200 etc.).
Usar tripé
Voltando à dica do obturador, reduzir a velocidade dele tem uma penalização: quando mais lento ele estiver, menos estável a câmera vai ficar. Por isso, a ação de apontar e disparar a foto com as nossas mãos – comum a “fotógrafos de celular” – pode complicar as coisas, já que nós temos movimentos involuntários que balançam a lente.
A não ser que você esteja incrivelmente apoiado em alguma coisa, investir em um tripé pode ser a melhor solução para contornar isso. O melhor é que, com a popularização das fotos noturnas e câmeras cada vez mais poderosas, um acessório desse é bem barato na maioria dos e-commerces, indo de modelos de R$ 5 até suportes maiores e mais robustos de R$ 200.
O tripé servirá para estabilizar a foto, evitando que os movimentos involuntários do nosso corpo gerem aquele balanço que vai atrapalhar o registro da lente.
Evitar usar todo o zoom digital
O zoom de qualquer câmera pode ser dividido em duas categorias: “óptico” e “digital”. O primeiro é feito pelos componentes físicos da câmera – um jogo de lentes que aproxima a imagem sem precisar mover o objeto dela. O segundo “simula” essa aproximação por meio de aplicação computadorizada.
O zoom digital, no caso de uma foto da Lua, é mais inimigo que amigo, contudo. Embora ele nos permita chegar a aproximações centenas de vezes maiores que a lente, ele faz isso “picotando” a imagem, o que resulta na degradação da qualidade dela. Por isso, usar sempre o zoom óptico é a melhor saída para um registro digno do nosso satélite.
Hoje, aparelhos como o Galaxy S24 Ultra (Samsung) ou o iPhone 15 Pro Max (Apple) contam com zoom óptico bastante avançado. Mas os preços deles são pouco acomodáveis aos bolsos, então você pode obter ótimos resultados com outras marcas também, como a linha numerada da realme (realme 12 Pro+ é o exemplo mais recente da marca).
Desativar compressão das fotos
Todo smartphone comprime arquivos de imagem no intuito de economizar espaço de armazenamento. A ideia por trás disso é permitir que você tire o máximo de fotos sem ter que apagar nenhuma delas.
As fabricantes fazem isso ao estipular um formato de arquivo de alta compressão – geralmente é o “.jpg”. Mas você não é obrigado a usá-lo e, no caso de uma foto da Lua, isso pode até ser melhor para o seu resultado.
Verifique no menu de ajustes de câmera do seu aparelho quais os formatos disponíveis de armazenamento: normalmente, “.tiff”, “.heif” ou “.png” trazem arquivos maiores, mas bem mais detalhamento de imagem (não à toa, profissionais da fotografia quase sempre usam o “.png” por permitir maior capacidade de edição).
Usar modo noturno
Smartphones mais novos contam com uma função que combina todas as dicas acima em um modo de ajuste de apenas um toque.
O nome pode variar: “modo noturno”, “modo astro” e assim por diante, mas todos fazem a mesma coisa – combinar a velocidade do obturador, o número de ISO, a compressão de imagens e várias outras técnicas para assegurar a melhor foto mesmo em condições de pouca luz.
Nos ajustes de câmera ou mesmo no menu de opções da câmera já aberta, é provável que você consiga selecionar este modo e clicar a Lua com maior segurança, sem que a imagem se quebre ou fique degradada.