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Estudantes de PE criam óculos inteligentes para deficientes

Estudante de Ciência da Computação, Oliveira faz parte do WearIT, grupo que desenvolve o PAW (Projeto AnnuitWalk), óculos que detectam eventuais obstáculos

Marcos Antonio Oliveira, estudante de Ciência da Computação, testando o AnnuitWalk, óculos criado para ajudar deficientes visuais a caminhar com mais segurança (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2015 às 11h23.

Ir sozinho à padaria, ao banco ou simplesmente andar na rua. Ações simples como essas são um verdadeiro desafio para deficientes visuais e podem causar graves acidentes.

Mas, se depender do pernambucano Marcos Antonio Oliveira, essas pessoas vão ganhar em breve um grande aliado para ter mais mobilidade com segurança.

Estudante de Ciência da Computação, Oliveira faz parte do WearIT, grupo de pesquisa do Recife que desenvolve o PAW (Projeto AnnuitWalk), óculos que detectam eventuais obstáculos no caminho e avisam o usuário.

O acessório ainda pode interagir com um aplicativo de celular, que mapeia objetos presentes nos trajetos e funciona como uma espécie de GPS para os deficientes visuais, indicando as direções com os menores riscos de acidentes.

A ideia é dar mais mobilidade e qualidade de vida aos 6,5 milhões de deficientes visuais que vivem no Brasil. Segundo o Censo 2010 do IBGE, 92% das cidades brasileiras são inacessíveis para cegos e nenhum município brasileiro tem todas as vias públicas adequadas para eles.

Já no mundo, existem mais de 314 milhões de cegos ou pessoas com algum grau de deficiência visual, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde.

“Criamos um dispositivo que protege o corpo inteiro do usuário”, conta o pernambucano. Desde março de 2014, o grupo formado por ele e mais cinco universitários pesquisam como os chamados wearable devices (ou “dispositivos vestíveis”) -- como os óculos inteligentes Google Glass ou o relógio Apple Watch -- podem melhorar a vida de pessoas com algum tipo de deficiência ou com deficiências múltiplas.

“A cada protótipo testado por voluntários, entendíamos melhor suas necessidades”, explica a estudante de Psicologia, Emily Schuler, também integrante da equipe. “Por exemplo: eles não queriam algo que substituísse a bengala, mas que desse um suporte a ela. E este suporte não devia ser algo discreto, pois eles já chamam muita atenção com a bengala. Os óculos também se tornaram a opção mais viável, já que a maioria está acostumada com o acessório.”

Ao todo, foram feitos seis protótipos até chegar à versão final, que ainda tem um diferencial: em vez de avisar os obstáculos por voz, como a maior parte dos dispositivos para deficientes visuais, a tecnologia utiliza uma pulseira vibratória, que emitem vibrações de intensidades diferentes de acordo com a distância dos obstáculos -- quanto mais longe, mais suaves, e quanto mais perto, mais intensas.

“Sabemos que os cegos também usam a audição para se movimentar, então pensamos em algo que não os atrapalhassem. Também não queríamos restringir nosso público. Pessoas com deficiências múltiplas vão podem usar o AnnuitWalk", explica a estudante.

O dispositivo utiliza sensores ultrassônicos que identificam os obstáculos à frente do usuário cego, que por sua vez, é avisado instantaneamente com vibrações emitidas pela pulseira. Marcos explica:

“Usamos um sistema de localização parecido com a utilizada pelos morcegos. Eles vão emitindo sinais sonoros que não são percebidos pelo ouvido humano e, ao encontrarem algum obstáculo, estes sinais voltam, e é possível calcular a distância dos objetos.”

Tecnologia acessível

A grande sacada do projeto, no entanto, não é seu sistema -- mas sim o custo. Segundo Marcos, já existem projetos similares no mercado, mas são extremamente caros. “São tecnologias que custam entre R$ 3 mil e R$ 4 mil.”

Um cão-guia é ainda mais inacessível: ele custa cerca de R$ 25 mil e, é claro, tem vida útil e gastos como de qualquer outro animal. “Nas pesquisas de campo descobrimos que a maioria da população cega é de baixa renda, o que torna impossível ter opções mais vantajosas do que uma bengala.”

Já o dispositivo criado pelos recifenses é bem barato. Eles criaram protótipos com diferentes preços: o mais simples, com função básica de avisar obstáculos e que custa cerca de R$ 45, e o protótipo mais completo, que interage com o aplicativo AnnuikWalk no celular, que faz recomendações com a rota mais segura e pontos críticos de trajeto. Esta versão tem um custo de produção inicial de R$ 160.

“Os preços ao consumidor não seriam muito diferentes dos nossos custos, ainda mais se tivermos uma produção escalável."

O aplicativo gratuito, que estará disponível para Android e iOS em breve, poderá ser usado por qualquer um. “Criamos o app para que todos pudessem colaborar, não só quem tem a deficiência.

Por meio dele, qualquer um pode reportar obstáculos nas ruas e ajudar a criar trajetos mais seguros”, diz Emily, integrante do grupo.

Tirando a ideia do papel

Marcos conta que o projeto foi criado apenas com objetivo acadêmico. Eles não pensavam em abrir uma startup ou levar esse projeto ao consumidor final.

Era apenas para fins acadêmicos. Mas, ao passo que os testes eram realizados com voluntários e o projeto dava certo, os planos do grupo começaram a mudar.

“Nossos voluntários se sentiam cada vez mais animados com a possibilidade de ter um suporte como aquele. Isso foi nos contagiando. Sabíamos que se deixássemos apenas na academia, talvez nunca sairia do papel. Então, começamos a focar no negócio, em como tornar esta ideia viável.”

Desde então, os estudantes buscam investidores interessados em bancar o projeto. Para isso, eles compareceram na Campus Party Recife do ano passado, onde fez algumas parcerias, e nesta semana, o projeto venceu a sétima edição do Word Summit Youth Award, premiação chancelada pela ONU para incentivar jovens a criarem conteúdo digital de algum impacto social. Concorreram mais de 18 projetos de todo o mundo.

"Queremos divulgar nossa ideia para ela chegar o quanto antes às lojas. Se tudo der certo, é possível comercializar os óculos até o final deste ano”, prevê o pernambucano.

“Toda a equipe trabalhou muito para este momento e estamos muito orgulhosos com nossas conquistas. Agora é tornar realidade nosso sonho e transformar a vida das pessoas.”

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Mas, se depender do pernambucano Marcos Antonio Oliveira, essas pessoas vão ganhar em breve um grande aliado para ter mais mobilidade com segurança.

Estudante de Ciência da Computação, Oliveira faz parte do WearIT, grupo de pesquisa do Recife que desenvolve o PAW (Projeto AnnuitWalk), óculos que detectam eventuais obstáculos no caminho e avisam o usuário.

O acessório ainda pode interagir com um aplicativo de celular, que mapeia objetos presentes nos trajetos e funciona como uma espécie de GPS para os deficientes visuais, indicando as direções com os menores riscos de acidentes.

A ideia é dar mais mobilidade e qualidade de vida aos 6,5 milhões de deficientes visuais que vivem no Brasil. Segundo o Censo 2010 do IBGE, 92% das cidades brasileiras são inacessíveis para cegos e nenhum município brasileiro tem todas as vias públicas adequadas para eles.

Já no mundo, existem mais de 314 milhões de cegos ou pessoas com algum grau de deficiência visual, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde.

“Criamos um dispositivo que protege o corpo inteiro do usuário”, conta o pernambucano. Desde março de 2014, o grupo formado por ele e mais cinco universitários pesquisam como os chamados wearable devices (ou “dispositivos vestíveis”) -- como os óculos inteligentes Google Glass ou o relógio Apple Watch -- podem melhorar a vida de pessoas com algum tipo de deficiência ou com deficiências múltiplas.

“A cada protótipo testado por voluntários, entendíamos melhor suas necessidades”, explica a estudante de Psicologia, Emily Schuler, também integrante da equipe. “Por exemplo: eles não queriam algo que substituísse a bengala, mas que desse um suporte a ela. E este suporte não devia ser algo discreto, pois eles já chamam muita atenção com a bengala. Os óculos também se tornaram a opção mais viável, já que a maioria está acostumada com o acessório.”

Ao todo, foram feitos seis protótipos até chegar à versão final, que ainda tem um diferencial: em vez de avisar os obstáculos por voz, como a maior parte dos dispositivos para deficientes visuais, a tecnologia utiliza uma pulseira vibratória, que emitem vibrações de intensidades diferentes de acordo com a distância dos obstáculos -- quanto mais longe, mais suaves, e quanto mais perto, mais intensas.

“Sabemos que os cegos também usam a audição para se movimentar, então pensamos em algo que não os atrapalhassem. Também não queríamos restringir nosso público. Pessoas com deficiências múltiplas vão podem usar o AnnuitWalk", explica a estudante.

O dispositivo utiliza sensores ultrassônicos que identificam os obstáculos à frente do usuário cego, que por sua vez, é avisado instantaneamente com vibrações emitidas pela pulseira. Marcos explica:

“Usamos um sistema de localização parecido com a utilizada pelos morcegos. Eles vão emitindo sinais sonoros que não são percebidos pelo ouvido humano e, ao encontrarem algum obstáculo, estes sinais voltam, e é possível calcular a distância dos objetos.”

Tecnologia acessível

A grande sacada do projeto, no entanto, não é seu sistema -- mas sim o custo. Segundo Marcos, já existem projetos similares no mercado, mas são extremamente caros. “São tecnologias que custam entre R$ 3 mil e R$ 4 mil.”

Um cão-guia é ainda mais inacessível: ele custa cerca de R$ 25 mil e, é claro, tem vida útil e gastos como de qualquer outro animal. “Nas pesquisas de campo descobrimos que a maioria da população cega é de baixa renda, o que torna impossível ter opções mais vantajosas do que uma bengala.”

Já o dispositivo criado pelos recifenses é bem barato. Eles criaram protótipos com diferentes preços: o mais simples, com função básica de avisar obstáculos e que custa cerca de R$ 45, e o protótipo mais completo, que interage com o aplicativo AnnuikWalk no celular, que faz recomendações com a rota mais segura e pontos críticos de trajeto. Esta versão tem um custo de produção inicial de R$ 160.

“Os preços ao consumidor não seriam muito diferentes dos nossos custos, ainda mais se tivermos uma produção escalável."

O aplicativo gratuito, que estará disponível para Android e iOS em breve, poderá ser usado por qualquer um. “Criamos o app para que todos pudessem colaborar, não só quem tem a deficiência.

Por meio dele, qualquer um pode reportar obstáculos nas ruas e ajudar a criar trajetos mais seguros”, diz Emily, integrante do grupo.

Tirando a ideia do papel

Marcos conta que o projeto foi criado apenas com objetivo acadêmico. Eles não pensavam em abrir uma startup ou levar esse projeto ao consumidor final.

Era apenas para fins acadêmicos. Mas, ao passo que os testes eram realizados com voluntários e o projeto dava certo, os planos do grupo começaram a mudar.

“Nossos voluntários se sentiam cada vez mais animados com a possibilidade de ter um suporte como aquele. Isso foi nos contagiando. Sabíamos que se deixássemos apenas na academia, talvez nunca sairia do papel. Então, começamos a focar no negócio, em como tornar esta ideia viável.”

Desde então, os estudantes buscam investidores interessados em bancar o projeto. Para isso, eles compareceram na Campus Party Recife do ano passado, onde fez algumas parcerias, e nesta semana, o projeto venceu a sétima edição do Word Summit Youth Award, premiação chancelada pela ONU para incentivar jovens a criarem conteúdo digital de algum impacto social. Concorreram mais de 18 projetos de todo o mundo.

"Queremos divulgar nossa ideia para ela chegar o quanto antes às lojas. Se tudo der certo, é possível comercializar os óculos até o final deste ano”, prevê o pernambucano.

“Toda a equipe trabalhou muito para este momento e estamos muito orgulhosos com nossas conquistas. Agora é tornar realidade nosso sonho e transformar a vida das pessoas.”

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