Tecnologia

Especialistas pedem que riscos do celular sejam divulgados

Médicos afirmam que não é preciso 'jogar o telefone no lixo', mas recomendam uso moderado

Já há mais celulares que pessoas no país (Getty Images)

Já há mais celulares que pessoas no país (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2011 às 08h38.

O anúncio da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), de que a radiação emitida pelos celulares é potencialmente cancerígena foi recebido pelos médicos brasileiros como um sinal de que a população precisa mudar os hábitos de uso do aparelho. Também é preciso, segundo os médicos, que os fabricantes deixem claro os riscos que os telefones móveis oferecem.

"Ainda não existe evidência suficiente de que os telefones celulares causem câncer, mas existe a possibilidade", afirma a médica Ubirani Otero, chefe da área de câncer ocupacional do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A IARC classificou a radiação do celular como 2B, indicando a possibilidade de causar glioma (câncer maligno no cérebro). O risco aumenta, segundo alguns estudos, conforme o uso: quanto mais tempo ao telefone, maiores as chances de desenvolver câncer no cérebro.

Mas essa possibilidade já é suficiente, afirma Ubirani, para que o Brasil adote o que vem sendo feito na Europa, de divulgar o risco presente nos aparelhos. "A população precisa saber que existe a possibilidade de, se ela usar por mais de 30 minutos por dia, desenvolver um tumor." Em alguns países da Europa, como a França, a legislação restringe o uso do celular por crianças e adolescentes. Nesse grupo, a barreira hemato-encefálica ainda não foi bem formada, aumentando a possibilidade de desenvolver um glioma. "Acho que temos de tentar informar a população, mas sem causar pânico. E isso serve também para o telefone sem fio, que tem a mesma radiação do celular. Deve-se diminuir o uso, a duração e alternar o ouvido", diz (veja 5 maneiras de usar o celular com segurança).

Para o médico oncologista Paulo Sanematsu Junior, diretor do Departamento de Neurocirurgia do Hospital A. C. Camargo, de São Paulo, especializado no tratamento de câncer, deve-se tentar restringir o uso do celular. "Uma das conclusões imediatas é que seria muito interessante usar fone de ouvido, em vez de levar o aparelho diretamente ao ouvido."

Coincidência — Embora seja difícil apontar os celulares como culpados, números conhecidos há alguns anos já levantavam suspeitas sobre a possibilidade de os aparelhos causarem câncer. "Por razões não muito claras, a incidência dos gliomas vem aumentando”, afirma Artur Katz, chefe do serviço de oncologia clínica do centro de oncologia do Hospital Sírio Libanês. "E todos nós estamos sujeitos à exposição desses campos", afirma.

Katz diz que não é preciso jogar os celulares fora, mas seria importante que as pessoas se conscientizassem sobre o uso desnecessário. "É algo que tem de ser policiado."

Fabricantes — Os fabricantes de aparelhos celulares, por meio do Mobile Manufactures Forum (Fórum dos Fabricantes de Celulares – MMF), divulgou um comunicado destacando o fato de que os campos de radiofrequência sejam "possivelmente" carcinogênicos e que "os equipamentos de telecomunicações sem fio, incluindo telefones celulares e suas estações rádio-base, foram projetados para operar dentro de limites internacionais e nacionais que já têm margens de segurança substanciais integradas a eles."

Acompanhe tudo sobre:CâncerCelularesDoençasIndústria eletroeletrônicaSaúde

Mais de Tecnologia

TikTok passa a testar vídeos de 60 minutos e acirra disputa com YouTube

Como tirar o online do WhatsApp no Android? Confira o tutorial no app

Como escanear documentos no seu smartphone sem instalar nada

Como descobrir uma fonte a partir da imagem pela internet

Mais na Exame