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Empresa que teria feito spam pró-Bolsonaro tem planos para partidos

A empresa espanhola, também conhecida como WaChatBot, teria atuado na campanha pró-Bolsonaro durante as eleições de 2018

Bolsonaro: o então candidato teria recebido doações de empresas na forma de serviços de divulgação no WhatsApp (Alan Santos/PR/Flickr)

Bolsonaro: o então candidato teria recebido doações de empresas na forma de serviços de divulgação no WhatsApp (Alan Santos/PR/Flickr)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 18 de junho de 2019 às 19h10.

São Paulo – Meses atrás, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que empresas brasileiras contrataram uma agência de marketing da Espanha para o envio de mensagens em massa pelo WhatsApp durante a campanha eleitoral de 2018 em prol do então candidato a presidente Jair Bolsonaro. Nesta terça-feira (18), o jornal publicou uma nova reportagem que informa que a companhia contratada seria a Enviawhatsapps, também conhecida como WaChatBot. Com serviços a partir de 89 euros, a empresa tem planos especiais pequenos negócios, partidos políticos e até times de futebol.

Com sede em Corunha, cidade localizada na região noroeste da Espanha, a WaChatBot foi fundada em 2012 e é especializada em marketing digital voltado para o aplicativo de mensagens que faz parte do Facebook. A empresa oferta seus serviços em seu site oficial que conta, entre as seções, com uma página com os preços que cobra em quatro planos diferentes.

O plano mais barato, que é uma espécie de demonstração do serviço, custa 89 euros e permite o envio ilimitado de mensagens durante um mês a partir de três números de envios diferentes. Há ainda opções com pagamentos anuais de 350 euros, com o envio ilimitado a partir de 20 números diferentes, e de 500 euros, que promete o disparo mensal de 30 mil mensagens por WhatsApp.

Enviawhatsapps: empresa oferta serviços a partir de 89 euros em seu site oficial (Reprodução/Reprodução)

O plano que mais chama a atenção, contudo, não é nenhum desses. Chamado de “Canal Oficial WhatsApp”, o serviço é voltado para grandes empresas, partidos políticos e clubes esportivos. Na propaganda, o pacote diz incluir “todos os serviços necessários para gerenciar um canal oficial do WhatsApp automaticamente”.

Entre as funções, destaque para a criação automática de grupos dentro do aplicativo, assim como a adição de membros a eles. Segundo o site, essa opção é recomendada para “empresas que desejam criar um canal no WhatsApp com um grande número de cadastros e gerenciamento de clientes, tendo todos os processos controlados de forma automática”. No caso da contratação desse pacote, os preços são negociáveis já que o serviço é personalizado de acordo com o cliente.

Entenda o caso

Em outubro do ano passado, uma reportagem da Folha de S.Paulo informava que um grupo de empresários financiou uma campanha de marketing pelo WhatsApp a favor do então candidato à presidência Jair Bolsonaro.

Segundo a reportagem da Folha, empresas como a Havan fecharam contratos de até R$ 12 milhões para o disparo de mensagens em massa no aplicativo de mensagens. As empresas contratadas para o serviço teriam sido a Yacows, a Croc Services e a SMS Market. A prática é ilegal pois configura uma doação de empresas para campanha política, o que é proibido no Brasil.

Nesta terça-feira (18), uma nova reportagem da Folha de S.Paulo, feita a partir de áudios de uma conversa de Luis Novoa, fundador e CEO da WaChatBot, aponta que empresas brasileiras – sem especificar quais – trabalharam em conjunto com a companhia espanhola.

De acordo com um áudio que teria sido obtido pela Folha, Novoa afirma que “empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” do país fizeram o uso do software que sua companhia desenvolveu para enviar mensagens em massa a favor do candidato do PSL. Cerca de 40 licenças teriam sido comercializadas, o que permitiria o envio de até 20 mil mensagens por hora pelo aplicativo.

Novoa ainda teria dito, na gravação do jornal, que não sabia que esses clientes estavam usando sua empresa para fazer disparos de mensagens políticas. O empresário só teria tomado conhecimento do assunto quando o WhatsApp cortou as linhas telefônicas de sua empresa sob a alegação de mau uso, já que a plataforma tem regras rígidas em relação ao envio de mensagens em massa.

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