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Os erros e acertos do criador do Skype

Em visita ao Brasil, o sueco Niklas Zennström conta como se tornou responsável por uma das maiores revoluções no universo das telecomunicações

Empresário agora busca negócios para investir no Brasil
DR

Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2011 às 13h35.

São Paulo - Responsável por grandes sucessos tecnológicos como o KaZaA e o Skype, o sueco Niklas Zennström também acumula iniciativas não muito bem sucedidas em seu currículo - um exemplo é o descontinuado Joost, plataforma de TV pela internet. Mas ele não faz nenhuma questão de esconder isso. Zennström, empreendedor nato, é daqueles que acreditam que se pode aprender com os erros.

 Hoje, aos 44 anos, o sueco atua como investidor na Atomico, empresa de capital de risco que fundou em 2006 com o amigo Janus Friis. Como risco para ele não é problema, a Atomico decidiu deixar o restrito mercado do primeiro mundo e começa a procurar parceiros na América Latina. Depois de fechar um investimento na Argentina, Zennström desembarcou na segunda-feira (3) no Brasil, que visita pela primeira vez, atrás do que ele chama de "disruptive technologies". Ideias como as que ele mesmo teve ao longo da carreira.</p> 

"Disruptive technologies são invenções que tornam alguma atividade muito mais eficiente, como o Skype fez permitindo ligações telefônicas pela internet por um custo muito mais barato", explicou o sueco em entrevista ao site EXAME. A ferramenta, que em 2005 foi vendida por US$ 2,6 bilhões para o eBay, tem hoje mais de 500 milhões de usuários pelo mundo, e é responsável por 8% de todo o tempo de chamadas internacionais no mundo.


Antes disso, Zennström havia revolucionado o mercado do entretenimento, com o software de compartilhamento de arquivos KaZaA, que em 2003 foi o programa mais baixado do mundo e chegou a ser responsável pela metade de todo o tráfego de dados da internet no mundo. Mas o próprio KaZaA terminou de forma fracassada, na avaliação de seu criador. Depois que gravadoras e produtoras de filmes processaram a empresa alegando infrações à lei de direitos autorais, o programa acabou sendo vendido para uma empresa australiana e hoje funciona como um serviço de downloads e sob um esquema de assinaturas mensais.

"O que aprendemos com o Kazaa, entretanto, foi fundamental para a criação do Skype", diz o empresário. "Na época eu estava em Estocolmo, os programadores na Estônia e o Janus [Friis, sócio de Zennström] ficava em Copenhagen, por isso tínhamos de fazer muitas ligações internacionais, o que acabava ficando muito caro", lembra. Como eles já tinham a plataforma de transmissão de dados P2P (em que não há necessidade de armazenamento em servidores), surgiu daí a ideia de criar o Skype.

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Não foi o primeiro aplicativo de VoIP (tecnologia que permite transmissão de voz por meio de redes de dados). "Mas antes de 2002 [ano do lançamento do Skype] não havia infraestrutura global de banda larga suficiente para alavancar o uso desse tipo de ferramenta", explica Zennström.

A estratégia foi parecida quando o empresário decidiu criar o Joost, em 2006. Com base nas experiências anteriores, tratava-se de um software de transmissão de vídeos, que por meio do compartilhamento de dados recebidos entre usuários próximos permitia que não houvesse sobrecarga de tráfego e tornava o download mais rápido. "Na época achamos que a tevê iria para a internet, e estávamos certos. Mas as próprias companhias de televisão decidiram fazer isso por conta própria e não deu certo para nós. Não foi ruim, pois serviu como aprendizado".


Negócios no Brasil

Com a empresa de investimentos Atomico, Zennström deixa um pouco de lado as próprias ideias para investir nas iniciativas de outros empreendedores da área de tecnologia. Atrás do que o sueco chama de "the next big thing" (a próxima grande coisa), Geoffrey Prentice, colega de faculdade de Zennström está vindo morar no Brasil para representar a companhia e buscar propostas de investimentos que possam dar retorno.

Na Europa tem funcionado. No portfólio da Atomico estão investimentos em projetos como o Last.fm, serviço de rádio online; o Technorati, maior ferramenta de busca de atualizações de blogs; e o Seesmic, gerenciador de mensagens do Twitter.
"O Brasil, como um dos maiores usuários de open source do mundo, tem uma excelente comunidade de programadores e engenheiros de software", afirma o CEO da empresa. A Atomico já está em negociação com várias empresas brasileiras, mas ele prefere não falar sobre o assunto.


Nascido na Suécia, Zennström é formado em Business Administration e tem mestrado em Engineering Physics. Logo que saiu da faculdade começou a trabalhar na Tele2, uma das maiores operadoras de telefonia da Europa. Trabalhando diretamente com pequenas empresas, acabou se interessando pelo empreendedorismo. Em 2001, com o amigo Janus Friis, decidiu abrir um negócio próprio e criou o KaZaA.

"Geralmente empreendedores são pessoas que não conseguem emprego e por isso decidem abrir um negócio próprio. No meu caso foi diferente", diz. "O bom era que minha esposa estava empregada, então ela podia me sustentar enquanto eu não ganhava nada", brinca. Ele conta que se inspirou em nomes como de Bill Gates, fundador da Microsoft, e de Igvar Kamprad, da Ikea, empresa sueca de móveis que hoje atua em 34 países.

Paralelamente aos negócios, mas baseado na experiência do mundo corporativo, toca a Zennström Philanthropies, uma organização sem fins lucrativos que atua em parceria com outras entidades, por meio de investimentos em soluções inovadoras que possam fazer alguma diferença. "A Zennström Philanthropies tem foco em duas áreas: mudanças climáticas e direitos humanos", explica.

Hoje, o empresário mora em Londres, onde fica a sede da Atomico. Ainda usa o telefone de vez em quando, embora esteja com o Skype sempre online. O aplicativo de conversação, aliás, é seu maior orgulho. "Quando um empreendedor pensa em uma inovação, o objetivo dele é ganhar dinheiro. Mas em todo lugar que vou encontro gente que se diz grata pelo Skype, porque a ferramenta aproximou as pessoas".

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