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ERP sem customização?

A Monsanto implantou um rigoroso processo de governança para garantir que o SAP que roda na empresa seja o mesmo em 40 países

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h32.

Implantar um ERP de mercado e não fazer nenhuma adequação é impossível, certo? Certo, mas dá para reduzir as adaptações ao estritamente necessário para atender a processos específicos da empresa, sem descaracterizar o programa e sem complicar a vida da TI, que vai cuidar depois da manutenção do sistema. É o que vem fazendo a indústria Monsanto, desde que decidiu apostar numa plataforma global de gestão corporativa, baseada no pacote de gestão SAP R/3.

Com sede em St. Louis, no Missouri (Estados Unidos), a Monsanto, que produz sementes e herbicidas para o setor agrícola, tem fábricas, escritórios e centros de pesquisa espalhados por 47 países do mundo, em todos os continentes, e um total de aproximadamente 17 000 funcionários. Seu faturamento em 2005 atingiu 6,3 bilhões de dólares. Apesar de ser uma companhia global, até quatro anos atrás cada subsidiária ou escritório da Monsanto no mundo utilizava um ERP diferente, sem nenhuma padronização. Na matriz, em St. Louis, já rodava o SAP. A subsidiária brasileira usava apenas alguns módulos do programa, como o de finanças.

Hoje, o R/3 está implantado em 26 países e a meta é ampliar esse número para 40 países até março de 2007. "A Monsanto tem um modelo global de processos e, por isso, montou uma estratégia para funcionar de maneira padronizada, principalmente nas áreas de manufatura e finanças", afirma André Dalla, diretor de TI da subsidiária brasileira. "Para isso, foi feito um grande movimento de consolidação, com ajuda da SAP", diz.

Esse movimento começou em 2002 e, para garantir o funcionamento global do modelo, foi acompanhado da implantação de um rigoroso processo de governança, que Dalla chama de corredor polonês. "Aí está o grande segredo do sucesso da nossa estratégia", afirma."Qualquer mudança no sistema precisa ser aprovada por um analista global, que primeiro verifica se ela terá impacto nas operações no resto do mundo", afirma Dalla. A intenção dessa sistemática rigorosa é discutir a real necessidade de cada mudança, para evitar o excesso de customizações. "Customizar o SAP não é fácil, porque o sistema tem atualizações freqüentes", afirma Dalla."Além disso, o sistema já foi criado em cima das melhores práticas da indústria, o que facilita o uso de sua versão padrão."

Mas algumas customizações sempre são necessárias. Na Monsanto, elas se concentram principalmente na área comercial e visam adequar as operações da empresa aos diferentes modelos de negócios de cada região do mundo, já que os impostos, por exemplo, variam de um país para outro, assim como os preços e a movimentação de materiais. "O ERP é um esqueleto. Podemos engordá-lo, mas sem mexer nos ossos, que é para não tirar a integridade do sistema", afirma Dalla.

O processo de governança tem sido fundamental para garantir que o ERP utilizado na empresa continue sendo o SAP, e não uma versão Monsanto do sistema. O modelo de governança para o ERP tem vários níveis de decisão. Posições estratégicas da companhia, como novos investimentos na plataforma SAP, são tomadas pelo ERP Sponsorship Team, um grupo formado pela cúpula de diretores da Monsanto, nos Estados Unidos. Abaixo dele, vem o Global ERP, comitê do qual Dalla faz parte e que é responsável pela estratégia mundial do SAP, o que inclui decisões sobre mudanças no código ou a integração de outras aplicações. Esse grupo é formado por representantes de vários países, que se reúnem uma vez por semana, em uma conferência. Já os projetos que envolvem melhorias de processos globais precisam ser aprovados por grupos específicos, divididos por tipo de processo, como manufatura, finanças e comerciais. Se a alteração for pontual, ligada ao dia-a-dia da operação, a decisão cabe a grupos de analistas de qualidade, que também têm uma visão global do sistema.

Apesar da aparente complexidade, esse modelo de governança, implantado no Brasil há seis meses, apresenta vantagens. A principal é o controle sobre qualquer mudança feita no SAP. "Um ponto positivo é a sinergia com os outros países", afirma Renata Marques, gerente de aplicações da Monsanto do Brasil. "Quando precisamos implantar uma coisa nova, não é necessário partir do zero. Podemos aproveitar o que outros já fizeram e, assim, conseguimos ganhar tempo e produtividade", diz Renata.

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