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Ensinando computação por 1 dólar

A ideia surgiu em meio à confusão e às noites mal dormidas da Campus Party do ano passado: criar uma placa controladora de computador do tamanho de um cartão de crédito, com o preço de um dólar. O paranaense Claudio Olmedo, de Foz do Iguaçu, estava conversando com amigos sobre seu trabalho de evangelização sobre […]

A PLACA DE 1 DÓLAR: com comandos simples, ela pode ligar e desligar eletrodomésticos / Divulgação

A PLACA DE 1 DÓLAR: com comandos simples, ela pode ligar e desligar eletrodomésticos / Divulgação

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Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2016 às 12h30.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h53.

A ideia surgiu em meio à confusão e às noites mal dormidas da Campus Party do ano passado: criar uma placa controladora de computador do tamanho de um cartão de crédito, com o preço de um dólar. O paranaense Claudio Olmedo, de Foz do Iguaçu, estava conversando com amigos sobre seu trabalho de evangelização sobre hardware livre, um movimento que replica nos equipamentos a mesma lógica do software livre.

Nas palestras para conversar com jovens, muitas vezes de comunidades carentes, Olmedo explicava como começar a montar e programar pequenos computadores e robôs e distribuía algumas unidades para os participantes. “Pegava tudo da minha loja, e a certa altura descobri que já tinham ido 3.000 dólares em equipamentos”, diz ele. Decidido a criar uma alternativa mais barata, Olmedo fez um chamado pelo Facebook. Assim nasceu o projeto da Placa de Um Dólar, ou One Dollar Board, em inglês.

Com a ajuda de programadores e engenheiros de todo o Brasil, Olmedo, um autodidata de 33 anos que não completou o segundo grau, desenhou uma pequena placa de circuitos impressos equipada com um chip simples e conexão para periféricos simples. A placa é compatível com o sistema Arduino, a mais difundida entre os entusiastas do crescente movimento do hardware livre. Mas um kit inicial Arduino pode custar mais de 20 dólares. “Nossa meta é produzir em grande escala para que ela possa ser um item básico do ensino”, diz Olmedo. “A missão maior é difundir a ideia. Com um Lego, as crianças podem montar brinquedos. Com a placa, elas começam a se envolver com o movimento da internet das coisas.”

A placa de um dólar é muito simples e se destina a leigos que nunca pensaram em programar. As instruções estão impressas na própria placa. Basta inseri-la na porta USB do computador, baixar um software gratuito e seguir as instruções. O primeiro resultado prático é acender um LED. Plugando alguns outros componentes de baixo custo, é possível conectar a placa a uma rede WiFi e utilizá-la para ligar e desligar eletrodomésticos, por exemplo, ou então para ser o cérebro de um pequeno motor. O usuário pode criar novos usos ou então usar (ou modificar) modelos compartilhados pela internet – exatamente como acontece com o software livre.

Por enquanto, nenhuma unidade foi vendida. O projeto final da placa ainda não foi concluído, e para ajudar a viabilizá-lo a equipe criou uma campanha de crowdfunding no site Indiegogo.

Olmedo afirma que a ideia da campanha é mais conseguir divulgação do que propriamente levantar recursos (em 30 de maio, o projeto tinha levantado 20% do objetivo de 50.000 dólares). Além dos 80 colaboradores voluntários, ele tem um sócio responsável pela parte financeira e um investidor chinês. Se o crowdfunding for bem sucedido, ele espera começar a entregar a placa em outubro. Caso contrário, o prazo pode se estender outros seis meses. O projeto tem recebido muita atenção dentro da comunidade de makers (“fazedores”), como são conhecidos os entusiastas do hardware livre. A Alemanha lidera o ranking dos países que mais contribuíram para o projeto, seguidos pela ordem por Estados Unidos, Áustria, Brasil e Suíça.

Segundo Olmedo, a mágica acontece quando se acende o primeiro LED. “É como o Hello World”, afirma Olmedo, em referência à frase pronunciada pelo primeiro Macintosh, apresentado por Steve Jobs em 1984. A comparação pode ser exagerada, mas assim é a ambição de Olmedo: ele diz que seu objetivo é vender 1 milhão de placas de um dólar no curto prazo e, eventualmente, chegar a 1 bilhão. “Até 2030, esperamos que a placa seja incluída como material escolar em todos os países em desenvolvimento.”

(Sérgio Teixeira Jr., de Nova York)

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