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Economias emergentes terão nova oportunidade com 5G, diz Nokia

Em entrevista a EXAME, Rajeev Suri conta sobre produtividade na indústria e a transformação da Nokia após saída do mercado de celulares

Rajeev Suri: presidente Nokia liderou a continua durante transição para empresa de redes corporativas (Omar Paixão/Exame)

Lucas Agrela

Publicado em 30 de novembro de 2019 às 08h50.

Última atualização em 30 de novembro de 2019 às 09h50.

São Paulo – Rajeev Suri é o presidente global da Nokia . No cargo desde 2014, ele liderou a empresa em uma fase de transformação importante: a saída do mercado de celulares e o foco em redes corporativas. Para Suri, a internet 5G trará novas oportunidades de negócios para países como o Brasil e provocará uma revolução de produtividade na indústria. Confira os melhores trechos da entrevista com Suri, realizada em São Paulo, a seguir.

EXAME: O senhor está na Nokia há 24 anos. Como viu a transformação da empresa nesse período?
Rajeev Suri: A mudança é parte da cultura da empresa, que tem mais de 150 anos. Estávamos no mercado de celulares por 20 anos, e éramos bem-sucedidos, mas deixamos esse setor. A venda da unidade de celulares para a Microsoft foi uma das maiores mudanças. Mas a compra da compra da parte da Siemens na joint-venture que tínhamos com eles na área de redes também foi importante. Nos últimos dez anos, compramos muitas empresas na área de redes, com as unidades de negócios de redes da Bell Labs, da Motorola e da Panasonic. A Nokia se tornou a empresa que consolida a indústria de redes.

A fama da Nokia no mercado de celulares é positiva para os negócios da empresa hoje em dia?
O valor da nossa marca caiu quando vendemos nosso negócio de celulares e nos voltamos para o mercado corporativo. Mas nossa marca se fortaleceu novamente. Nos tornamos uma empresa maior do que antes, especialmente com a compra da Alcatel-Lucent. Essa aquisição nos deu maior variedade de portfólio de soluções de redes, não apenas redes móveis. Também nos voltamos ao mercado corporativo, não trabalhamos mais apenas com operadoras de telefonia. Por fim, licenciamos nossa marca para a empresa HMD Global, que lançou celulares da Nokia.

Por que a compra da Alcatel-Lucent foi tão importante?
Foi a aquisição mais importante para a inovação. A compra mudou nossa relevância estratégica com os clientes. Passamos a ter muitos pontos de contato com eles, não apenas nas redes móveis. Entendemos as arquiteturas de redes de forma ampla agora. O mercado corporativo se tornará mais importante diante da tendência da indústria 4.0 e isso é importante para o negócio da Nokia. Temos hoje mais de mil clientes corporativos. Fora isso, o Bell Labs, hoje chamados Nokia Bell Labs, é um instituto de inovação reconhecido internacionalmente que nos ajudará no futuro.

Qual será o impacto do 5G em economias emergentes?
O impacto será variado. Primeiro, veremos novos serviços para consumidores. Mas a oportunidade para essas economias está na indústria. O 5G será um dos agentes da próxima revolução de produtividade. Esse crescimento será visto primeiro nos Estados Unidos e depois em países como China, Índia e Brasil. Hoje, 90% das tecnologias operacionais não estão conectadas à internet. Isso vai mudar com a chegada do 5G. No Brasil, a indústria de minerais e o agronegócio podem se beneficiar com essa revolução de produtividade. Em geral, o funcionamento das fábricas vai mudar. No futuro, elas ficarão mais seguras, produtivas e poluirão menos o meio ambiente.

Qual é a relação entre 5G e inteligência artificial?
São tecnologias complementares. Temos inteligência artificial hoje por causa do poder computacional que atingimos. Usamos, por exemplo, algoritmos de inteligência artificial em nossos chips para programá-los para diferentes necessidades de acordo com as particulares de cada mercado. Na Nokia, também usamos a inteligência artificial para prever as necessidades do mercado para o ano seguinte. No futuro, as redes 5G poderão ser divididas para diferentes necessidades usando inteligência artificial. Será possível dividir a rede para carros autônomos, games ou aplicativos de celular. Esse processo será automatizado e poupará muitas horas de trabalho.

Quais são os países mais preparados para o 5G?
Estados Unidos, Coreia do Sul, Finlândia, países da Europa e do Oriente Médio. Os próximos serão China e Japão.

No mercado de consumo, a necessidade de dispositivos compatíveis com 5G vai desacelerar a adoção dessa nova conexão móvel?
Não acho. Já existem muitos aparelhos compatíveis com essa conexão no mercado global. É por isso que a Coreia do Sul já tem mais de 3 milhões de clientes que usam 5G.

Quais novos serviços poderão existir com a chegada do 5G?
O 5G abre oportunidades para usar tecnologias como realidade virtual, realidade aumentada e transmissões de vídeo que podem ser vistas em múltiplas telas. Você já pode, por exemplo, dançar com seu astro de K-pop favorito ou ver um show em uma tela e esporte em outra usando o 5G. Se você puder imaginar, poderá criar um novo serviço. Ainda estamos no começo do 5G, mas já vemos uma aceleração em vários países.

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São Paulo – Rajeev Suri é o presidente global da Nokia . No cargo desde 2014, ele liderou a empresa em uma fase de transformação importante: a saída do mercado de celulares e o foco em redes corporativas. Para Suri, a internet 5G trará novas oportunidades de negócios para países como o Brasil e provocará uma revolução de produtividade na indústria. Confira os melhores trechos da entrevista com Suri, realizada em São Paulo, a seguir.

EXAME: O senhor está na Nokia há 24 anos. Como viu a transformação da empresa nesse período?
Rajeev Suri: A mudança é parte da cultura da empresa, que tem mais de 150 anos. Estávamos no mercado de celulares por 20 anos, e éramos bem-sucedidos, mas deixamos esse setor. A venda da unidade de celulares para a Microsoft foi uma das maiores mudanças. Mas a compra da compra da parte da Siemens na joint-venture que tínhamos com eles na área de redes também foi importante. Nos últimos dez anos, compramos muitas empresas na área de redes, com as unidades de negócios de redes da Bell Labs, da Motorola e da Panasonic. A Nokia se tornou a empresa que consolida a indústria de redes.

A fama da Nokia no mercado de celulares é positiva para os negócios da empresa hoje em dia?
O valor da nossa marca caiu quando vendemos nosso negócio de celulares e nos voltamos para o mercado corporativo. Mas nossa marca se fortaleceu novamente. Nos tornamos uma empresa maior do que antes, especialmente com a compra da Alcatel-Lucent. Essa aquisição nos deu maior variedade de portfólio de soluções de redes, não apenas redes móveis. Também nos voltamos ao mercado corporativo, não trabalhamos mais apenas com operadoras de telefonia. Por fim, licenciamos nossa marca para a empresa HMD Global, que lançou celulares da Nokia.

Por que a compra da Alcatel-Lucent foi tão importante?
Foi a aquisição mais importante para a inovação. A compra mudou nossa relevância estratégica com os clientes. Passamos a ter muitos pontos de contato com eles, não apenas nas redes móveis. Entendemos as arquiteturas de redes de forma ampla agora. O mercado corporativo se tornará mais importante diante da tendência da indústria 4.0 e isso é importante para o negócio da Nokia. Temos hoje mais de mil clientes corporativos. Fora isso, o Bell Labs, hoje chamados Nokia Bell Labs, é um instituto de inovação reconhecido internacionalmente que nos ajudará no futuro.

Qual será o impacto do 5G em economias emergentes?
O impacto será variado. Primeiro, veremos novos serviços para consumidores. Mas a oportunidade para essas economias está na indústria. O 5G será um dos agentes da próxima revolução de produtividade. Esse crescimento será visto primeiro nos Estados Unidos e depois em países como China, Índia e Brasil. Hoje, 90% das tecnologias operacionais não estão conectadas à internet. Isso vai mudar com a chegada do 5G. No Brasil, a indústria de minerais e o agronegócio podem se beneficiar com essa revolução de produtividade. Em geral, o funcionamento das fábricas vai mudar. No futuro, elas ficarão mais seguras, produtivas e poluirão menos o meio ambiente.

Qual é a relação entre 5G e inteligência artificial?
São tecnologias complementares. Temos inteligência artificial hoje por causa do poder computacional que atingimos. Usamos, por exemplo, algoritmos de inteligência artificial em nossos chips para programá-los para diferentes necessidades de acordo com as particulares de cada mercado. Na Nokia, também usamos a inteligência artificial para prever as necessidades do mercado para o ano seguinte. No futuro, as redes 5G poderão ser divididas para diferentes necessidades usando inteligência artificial. Será possível dividir a rede para carros autônomos, games ou aplicativos de celular. Esse processo será automatizado e poupará muitas horas de trabalho.

Quais são os países mais preparados para o 5G?
Estados Unidos, Coreia do Sul, Finlândia, países da Europa e do Oriente Médio. Os próximos serão China e Japão.

No mercado de consumo, a necessidade de dispositivos compatíveis com 5G vai desacelerar a adoção dessa nova conexão móvel?
Não acho. Já existem muitos aparelhos compatíveis com essa conexão no mercado global. É por isso que a Coreia do Sul já tem mais de 3 milhões de clientes que usam 5G.

Quais novos serviços poderão existir com a chegada do 5G?
O 5G abre oportunidades para usar tecnologias como realidade virtual, realidade aumentada e transmissões de vídeo que podem ser vistas em múltiplas telas. Você já pode, por exemplo, dançar com seu astro de K-pop favorito ou ver um show em uma tela e esporte em outra usando o 5G. Se você puder imaginar, poderá criar um novo serviço. Ainda estamos no começo do 5G, mas já vemos uma aceleração em vários países.

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