Nova York -A CEO da Frontier Communications, Maggie Wilderotter, deu alguns conselhos aos seus 10 executivos mais importantes, na semana passada, enquanto discutiam formas de evitar ataques hackers como o que expôs os e-mails secretos da Sony Corp .:
Usem o telefone.
“Se os funcionários tiverem algo sensível para discutir, eles deveriam usar o telefone ou ir à mesa do colega para conversar”, disse Wilderotter.
Entre as práticas que ela deseja que os trabalhadores comecem a seguir estão: deletar e-mails frequentemente, mudar senhas a cada 30 a 45 dias e “nunca colocar em um e-mail algo que você poderia não gostar se todos lessem na internet”.
Empresas como a Frontier, fornecedora de serviços de telefonia e dados com sede em Stamford, Connecticut, EUA, estão tornando as políticas de segurança mais rígidas após os danos causados pelo ataque hacker aos computadores da Sony em novembro.
A avaliação está levando mais trabalhadores americanos a retomarem as velhas práticas, preferindo telefonemas e reuniões cara a cara. Isso também está provocando um sentido de autodisciplina.
“Eu tento agir como se a minha mãe estivesse me vendo”, disse Eli Romero, um bancário de 33 anos da World Business Lenders LLC, que mora em Nova York. Ele está mantendo seus e-mails de trabalho curtos e discutindo informações confidenciais sobre clientes apenas pessoalmente. “O ataque hacker à Sony me faz pensar duas vezes antes de fazer qualquer coisa em uma conexão à internet”.
Embora as corporações lidem há tempos com hackers que perseguem os dados financeiros e segredos comerciais de seus clientes, a violação à Culver City, unidade de entretenimento da Sony, com sede na Califórnia, foi muito além.
Os e-mails vazados revelaram salários de executivos, registros médicos, comentários pouco lisonjeiros a respeito de estrelas de Hollywood e até mesmo declarações insensíveis sob o ponto de vista racial em relação ao presidente Barack Obama.
O ataque hacker, que o FBI diz que possui marcas da Coreia do Norte, é uma suposta retaliação à comédia política “A entrevista”.
Abrindo os olhos
“Isso serve realmente para abrir os olhos” dos executivos corporativos de TI, disse Matt Zabloski, diretor-gerente da Delbrook Capital Advisors Inc. em Vancouver, que administra dois fundos hedge. “Eles precisam descobrir uma forma melhor de fazer isso ou perderão credibilidade perante o público ou se colocarão em uma posição terrivelmente embaraçosa”.
O desafio para as empresas é limitar o dano de potenciais ataques hacker sem restringir a comunicação necessária, nem incentivar outros hábitos que possam ser ainda mais perigosos.
Possíveis consequências
“Você não vai querer impor tantas restrições a ponto que os funcionários acabem deixando seus e-mails corporativos e passem a usar suas contas pessoais de e-mail, que são ainda mais vulneráveis”, disse Wilderotter, da Frontier. “Se você bloqueia a comunicação e o alcance, você pode provocar consequências piores”.
Essa tensão -- entre a necessidade de que a informação flua e a necessidade de segurança -- mostra como os hackers podem sufocar a liberdade de expressão, disse Thibaut de Lavergnolle, que administra uma pequena empresa de cosméticos em Nova York.
Trata-se de um tema sensível para ele, especialmente após o ataque terrorista da semana passada à revista satírica Charlie Hebdo em seu país natal, a França.
“Poderíamos ser todos Sony”, disse Lavergnolle, de pé embaixo de uma bandeira americana gigante na Grand Central Terminal, em Nova York. Embora ainda use e-mail, ele disse que tem se lembrado de uma expressão de seu país. “Para viver feliz, você tem que viver escondido”.
São Paulo – Além de enfrentar a ameaça
hacker que provocou o vazamento de e-mails de diretores e celebridades da
Sony Pictures na internet e do prejuízo de
adiar a estreia do
filme “A Entrevista”, antes marcada para o dia 25 de dezembro nos Estados Unidos, a companhia terá que encarar ainda o constrangimento gerado por essas revelações. Como vingança contra o longa-metragem, que faz piada com o regime da Coreia do Norte, hackers invadiram os sistemas da Sony e publicaram documentos privados. Comentários nada politicamente corretos, com insultos e críticas sobre famosos, e informações nada agradáveis foram parar na rede, gerando grande burburinho. Confira nas imagens os principais micos.
2. Leonardo Di Caprio é considerado “desprezível” 2 /10(Mike Segar/Reuters)
Uma troca de e-mails entre o produtor Mark Gordon e a copresidente de estúdio Amy Pascal
revelou ressentimento em relação a Leonardo Di Caprio. O ator havia sido chamado para participar do filme biográfico sobre Steve Jobs, roteirizado por Aaron Sorkin, mas, ao recusar a oferta, os chefes não gostaram nada da resposta. Em uma conversa, Gordon afirmou que a negativa de Di Caprio era “um comportamento horrível”. A réplica de Amy foi ainda mais dura: “realmente desprezível”.
3. Angelina Jolie é chamada de criança mimada e pouco talentosa 3 /10(Luke MacGregor/Reuters)
Uma conversa realizada em fevereiro, entre Amy Pascal e o produtor Scott Rudin mostrou que Angelina Jolie não está entre as atrizes mais amadas por eles. Segundo a revista
Variety, Angelina reclamou por David Fincher ter desistido de dirigir seu filme “Cleópatra”, para filmar a biografia de Steve Jobs. A reação da atriz foi muito mal avaliada. Em um e-mail, Rudin falou que Amy deveria calar Angelina antes que ela dificultasse muito a produção de Fincher. Em seguida, além de falar mal da ideia do filme “Cleópatra”, ele disse que não destruiria a própria carreira por causa de uma criança mimada e minimamente talentosa, em referência à esposa de Brad Pitt.
4. Megan Ellison é chamada de lunática bipolar 4 /10(Getty Images)
A ira do produtor Scott Rudin também atingiu a produtora cinematográfica Megan Ellison, fundador da Annapurna Pictures, que desejava financiar o filme sobre Steve Jobs, quando a Sony ainda estava à frente do projeto. Em um e-mail, Rudin afirmou que Ellison é uma lunática bipolar de 28 anos de idade, que precisaria tomar seus remédios para que a produção pudesse ser realizada. Ao saber dos desaforos, Ellison brincou dizendo que sempre pensou em si mesma como alguém excêntrica.
5. Adam Driver é considerado uma “péssima ideia” 5 /10(Getty Images)
Em outro e-mail vazado, Amy Pascal enviou ao diretor David Fincher algumas notícias: uma delas dizia que ele não iria mais dirigir o filme sobre Steve Jobs e outra dizia que o ator Adam Driver poderia ser o vilão do novo "Star Wars: O Despertar da Força". Para fugir do assunto sobre sua possível saída da cinebiografia, Fincher disse que Driver era, realmente, uma “péssima ideia” para o papel.
6. Jennifer Lawrence e Amy Adams valeram menos que homens de “Trapaça” 6 /10(Lucas Jackson/Reuters)
As duas atrizes principais do filme “Trapaça” (2013) receberam cachês mais baixos do que os homens do elenco. Segundo informações divulgadas pelo site
The Daily Beast, Jennifer Lawrence e Amy Adams tiveram remuneração de apenas 7% dos rendimentos do filme, enquanto seus colegas David O'Russell (diretor) e os atores Bradley Cooper, Christian Bale e Jeremy Renner ganharam 9%. E-mails enviados a Amy Pascal mencionaram a injustiça, mas mesmo assim a política de diferenciação permaneceu, mesmo sabendo que o lançamento de “Trapaça” pegou carona no sucesso de “Jogos Vorazes”, estrelado por Jennifer e lançado pouco antes da produção da Sony. Outros documentos mostraram que a diferença nos salários pagos pela Sony em relação ao gênero é gritante. Dos 17 executivos da empresa que recebem mais de 1 milhão de dólares por ano, apenas 1 é mulher.
7. Willow e Jaden Smith são ridicularizados 7 /10(Getty Images)
Os filhos do ator Will Smith, Willow e Jaden Smith,
foram ridicularizados em um e-mail de Tom Rothman, chefe da produtora TriStar, para o presidente da Columbia Pictures, Doug Belgrad. Após ler a entrevista polêmica de Jaden e Willow à T Magazine, em que foram publicadas declarações inusitadas, Rothman enviou o link da matéria e o comentário: “Eles são escolarizados em casa: não deixe essa família escolher seus filmes!!!”.
8. Aaron Sorkin acha que papéis femininos são mais fáceis do que masculinos 8 /10(Getty Images)
O roteirista e produtor Aaron Sorkin deu um show de machismo em um e-mail publicado pelo Daily Beast. Em uma
mensagem enviada ao colunista do The New York Times Maurreen Dowd, Sorkin afirmou que é muito mais fácil vencer um Oscar se a pessoa for mulher, pois o nível dos atores seria muito mais alto do que o das atrizes, quando se fala de performance. Para ele, quase nenhuma mulher que já venceu o maior prêmio do cinema chegou à altura das atuações masculinas que também ganharam (ou até mesmo que perderam) as estatuetas. As exceções, que poderiam competir de igual para igual com os homens, seriam Meryl Streep e Helen Mirren.
9. E-mails sugeriram que Obama só gosta de filmes com negros 9 /10(Larry Downing/Reuters)
Nem o presidente dos Estados Unidos escapou dos
e-mails jocosos dos produtores. Antes de se encontrar com Barack Obama, em um café da manhã, a presidente da Sony Pictures, Amy Pascal, trocou e-mails com o produtor e amigo Scott Rudin. Nas mensagens, ela pediu sugestões de perguntas para fazer ao presidente. Rudin sugeriu que ela perguntasse se Obama tinha interesse em patrocinar alguma produção. Como ela duvidava disso, perguntou se valeria a pena questioná-lo se tinha gostado do filme “Django Livre”. A partir daí, os dois citaram diversos títulos protagonizados por negros, como “O Mordomo da Casa Branca” e “12 Anos de Escravidão”, como se Obama tivesse um apreço especial por eles, já que também é afrodescendente. A brincadeira, é claro, não pegou bem. Após o vazamento, ambos pediram desculpas pela insensibilidade da piada.
10. Veja, agora, os trailers mais vistos de 2014 10 /10(Divulgação / Universal)