É isto que vai acontecer com o WhatsApp se ele seguir o WeChat
Aplicativo de mensagens pode ser mais do que um meio de comunicação com amigos
Lucas Agrela
Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2018 às 06h00.
São Paulo – O WhatsApp é similar ao WeChat. Ambos são aplicativos de mensagens em tempo real que pertencem a empresas detentoras de redes sociais de sucesso. Enquanto o WhatsApp foi comprado pelo Facebook em 2014, o WeChat foi criado pela Tencent em 2011, dois anos depois da fundação do concorrente.
Popular na China, o WeChat entrou no segmento de pagamentos móveis em 2013, com o lançamento de uma carteira digital compatível com diversos cartões de crédito e débito. Em um movimento para desafiar o gigante do e-commerce chinês Alibaba (que tem o Alipay), a empresa permitiu que marcas criassem lojas dentro do aplicativo–e o pagamento acontecia por meio da WeChat Wallet. A fase seguinte foi a transferência de dinheiro entre usuários e, em seguida, os pagamentos móveis em lojas físicas chegaram com parcerias importantes em 2014. Recentemente, algumas cidades começaram a aceitar pagamentos de transporte público via WeChat.
E o que isso tem a ver com o WhatsApp?
O aplicativo de mensagens comprado pela empresa liderada por Mark Zuckerberg tem um sistema de pagamentos móveis. No momento, ele está em testes na Índia, que, assim como o Brasil, está entre os países com mais usuários do WhatsApp.
Nesse momento, o app adquirido por 24 bilhões de dólares pelo Facebook permite transferências monetárias móveis apenas entre amigos–apesar do lançamento do WhatsApp Business, para PMEs, e do iminente lançamento do WhatsApp Enterprise, feito para grandes empresas.
Nessa fase inicial, não há cobrança dos usuários pelo uso do serviço chamado WhatsApp Payments. Já o WeChat informa que podem haver cobranças por parte dos processadores de pagamentos, mas se isenta da responsabilidade de cobranças adicionais.
Com mais de 100 milhões de usuários ativos no Brasil, o WhatsApp pode se tornar um popular método de pagamento entre amigos. Seu funcionamento é parecido com o do PicPay ou o do Social Bank, que permitem pagamentos entre pessoas por meio dos seus aplicativos, mas ele oferece a comodidade de ser um app de mensagens instantâneas que também funciona para movimentar dinheiro.
Entrando nesse segmento, o WhatsApp deve encontrar dificuldades para os pagamentos em lojas físicas se seguir a estratégia do WeChat. O aplicativo chinês autoriza pagamentos por QR Code ou por código de barras, informações que são lidas por uma máquina de pagamentos que o varejo tem. Este vídeo mostra como é realizar pagamentos com o WeChat:
No Brasil, a realidade mais próxima é o uso do NFC (tecnologia de comunicação por proximidade), já presente na maioria dos terminais de pagamentos de lojas físicas atualmente. Apple e Samsung buscam a liderança nesse segmento e ambas usam o NFC para transações móveis.
Procurada, a empresa não se pronunciou sobre o WhatsApp Payments e também não está claro se o serviço será trazido ao Brasil.
Foto de abertura: Flickr/Alvy