Drone (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h27.
Islamabad - O número de vítimas civis dos bombardeios com drones no Paquistão entre 2006 e 2009 beira 150, mais do que as reconhecidas pelos Estados Unidos, revela um documento dos serviços de segurança paquistaneses que a imprensa local publicou nesta terça-feira.
O documento, que foi divulgado quase integralmente por um centro de estudos londrino, o London Bureau of Investigative Journalism (LBIJ) detalha ataques com aviões espiões entre 2006 e 2009 e situa o número de civis mortos nessa etapa em quase 150.
O relatório oficial, consultável no site do organismo britânico, repassa uns 80 ataques que deixaram cerca de 750 mortos, dos quais 100 eram crianças, segundo as agências de segurança paquistanesas.
O próprio LBIJ, no entanto, alerta em seu site que os dados são incompletos porque faltam os ataques registrados em 2007, assim como alguns detalhes sobre os bombardeios plasmados no relatório.
Até agora, as autoridades americanas reconheceram pouco mais de 50 vítimas civis desde que começou o uso de drones como parte da estratégia dos Estados Unidos na região em 2004.
Em fevereiro, o diretor da CIA, John Brennan, reiterou nas audiências parlamentares prévias a sua nomeação que a morte de civis "é muito mais rara dos que alguns alegam".
A mortandade de civis é um dos aspectos mais problemáticos da estratégia americana de atacar supostos refúgios terroristas com aviões não tripulados e um dos principais pontos de atrito entre Islamabad e Washington.
Apesar das críticas públicas, suspeita-se que as autoridades paquistanesas aceitaram veladamente a ação dos drones. No entanto, o gabinete liderado pelo conservador Nawaz Sharif, que está há um mês e meio no poder, elevou o tom das críticas sobre governos anteriores e já expressou oficialmente suas queixas em várias ocasiões.
Um dos grandes problemas na avaliação desse tipo de operação é a falta de fontes independentes com acesso ao centro de operações, o que dificulta ao extremo a obtenção de dados confiáveis sobre os efeitos dos bombardeios.
"Não há forma de verificar independentemente o que está acontecendo aí em cima", disse hoje à Agência Efe o analista paquistanês Razá Rumi, que lamentou que nem os veículos de imprensa nem organismos autônomos têm permissão para chegar às regiões tribais atacadas.
Em março, a ONU divulgou dados fornecidos pela Administração do Paquistão a seu relator especial sobre terrorismo, Ben Emmerson, segundo os quais desde que em 2004 começou o programa de drones, 330 ataques causaram 2.200 mortos e 600 feridos.
Segundo a versão de Islamabad, pelo menos 400 das vítimas mortas eram civis, enquanto outros 200 indivíduos são definidos como "prováveis não combatentes".