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Dilma está certa sobre decisão de não viajar aos EUA, diz Assange

Assange diz que decisão tomada por Dilma é correta sobre cancelar viagem aos EUA

Julian Assange (Getty Images)

Julian Assange (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2013 às 07h32.

São Paulo - O fundador do Wikileaks, Julian Assange, afirmou nesta quarta-feira (18) que os políticos devem tomar decisões "simbólicas", como a de Dilma Rousseff de não viajar aos Estados Unidos, para proteger seus cidadãos da espionagem americana, mas disse que os brasileiros também são controlados por seu governo.

Asilado na embaixada do Equador em Londres, Assange falou - através de videoconferência - aos participantes do seminário "Liberdade, privacidade e futuro da internet", realizado hoje em São Paulo, que a presidente Dilma Rousseff tinha a "obrigação" de cancelar a visita de Estado que faria a Washington no próximo dia 23 de outubro.

A decisão de Dilma de não fazer a visita, anunciada ontem em comum acordo com Barack Obama, aconteceu depois que documentos divulgados pelo ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês) dos EUA, Edward Snowden, denunciavam que o governo e empresas do Brasil, assim como a própria presidente, tinham sido vítimas da espionagem americana.

A Presidência justificou o adiamento da visita com a falta de uma investigação do governo americano sobre o ocorrido e com a ausência de explicações convincentes.

"Se não tivesse tomado essa decisão teria sido vista como fraca e convencida. Ela tem a obrigação de proteger o povo brasileiro", comentou Assange, responsável pela divulgação de documentos secretos da diplomacia americana.

Para o fundador do Wikileaks, a solução para acabar com a espionagem dos cidadãos não está em obrigar as multinacionais que oferecem acesso e serviços na internet a armazenar seus dados no Brasil e não no exterior, como estuda o governo.

Segundo Assange, no Brasil há sistemas de espionagem que "também necessitam ser controlados", por isso, em sua opinião, a única maneira de se proteger os dados é "não coletá-los", ou que estes sejam anônimos.

Durante a videoconferência, que durou cerca de uma hora e meia, Assange assegurou que seria oportuno que o Brasil concedesse asilo político a Sarah Harrison, assessora legal do Wikileaks que ajudou o ex-analista da CIA, Edward Snowden, a fugir da Justiça dos EUA após revelar a suposta espionagem a várias personalidades e empresas.

"O Brasil deveria dar asilo a Sarah Harrison. Ela viveu aí, gosta do país, e é uma oportunidade", opinou.

Sobre seu refúgio na embaixada do Equador em Londres, o ativista disse que é uma situação "difícil", mas um "luxo", já que "é um lugar seguro".

"Ao contrário de vocês, eu não posso ser preso. É um território inviolável. É o lugar mais seguro para mim", disse aos cerca de 600 presentes no seminário.

Em relação a Snowden, que está asilado na Rússia, Assange avaliou seu trabalho e afirmou que acredita que muitas outras pessoas ainda vão revelar informações importantes para os cidadãos e os governos.

"Snowden mostrou que algo pode ser feito e continuar vivo. É um incentivo para que outras pessoas divulguem mais informações para nós", acrescentou.

O ex-técnico da NSA recebeu asilo temporário na Rússia após permanecer vários dias refugiado no aeroporto de Moscou.

As primeiras alegações de que o Brasil estava sendo espionado foram realizadas pelo programa de televisão "Fantástico", da "Rede Globo", através do jornalista Glenn Greenwald, colunista do jornal britânico "The Guardian", que vive no Rio de Janeiro.

Além disso, documentos adicionais também divulgados pelo "Fantástico" revelaram que a Petrobras foi outro alvo dos espiões americanos.

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