"Agora é um PC por pessoa", diz COO da Lenovo após lucro subir 512%
Após trimestre de recordes para empresa, executivo acredita que próximos meses devem ser de demanda em alta
Thiago Lavado
Publicado em 28 de maio de 2021 às 07h00.
Última atualização em 28 de maio de 2021 às 10h46.
A Lenovo está voando alto. O resultado do último trimestre fiscal, apresentado na quinta-feira, 27, coroou a estratégia atual da empresa e bateu recordes em diversas áreas da empresa, que tiveram crescimento sólido. O lucro da companhia subiu mais 6 vezes no período, superando as expectativas de analistas.
A receita aumentou 48%,para 15,63 bilhões de dólares, de 10,58 bilhões de dólares um ano antes. Os negócios de computadores da Lenovo continuam a crescer, com alta de 46% no faturamento anual, e a empresa atingiu a lucratividade no segmento de smartphones — a companhia detém a Motorola, uma das principais marcas do segmento em regiões como a América Latina.
Em entrevista à EXAME, o diretor de operações da Lenovo, Gianfranco Lanci, explicou o atual momento que a empresa vive e o sucesso divulgado na quinta-feira. Para ele, a venda de computadores ainda vive uma alta gerada pela pandemia, que mostrou que o computador é um dispositivo pessoal necessário à produtividade.
"Nós vimos um crescimento grande na demanda. Agora é um computador por pessoa, não mais um computador por casa. Em alguns países, a situação é tão positiva que não vemos uma deterioração da demanda", disse, acrescentando que a demanda deve continuar alta por pelo menos 12 meses e que a percepção em relação aos computadores mudou.
As fabricantes de computadores têm um mercado realmente aquecido.A consultoria IDC indica que foram comercializados 302 milhões de aparelhos no ano passado, 13,1% a mais do que em 2019. O boom é puxado justamente por uma expertise de empresas como a Lenovo, os laptops: notebooks e estações de trabalho móveis representaram a maior parte das vendas, com 235,1 milhões de aparelhos vendidos – 44% a mais do que em 2019.
Dados da consultoria Canalys apontam que a Lenovo segue na liderança do setor com 24,5% das vendas de computadores durante os quatro trimestres do ano passado, aumentando sua fatia registrada em 2019 e obtendo um aumento de 11,9% nas vendas.
Lanci afirma que o Brasil é importante para a estratégia da empresa, onde estão duas fábricas da companhia. O país representa 42,3% de todas as vendas realizadas na América Latina e é uma das regiões em que há sólida presença da Lenovo tanto em computadores quanto em smartphones. O executivo explica que a empresa tem trabalhado o portfólio local para reduzir o impacto da valorização do dólar nos preços dos produtos, por exemplo. No primeiro trimestre do ano as vendas locais somaram 657 milhões de dólares, alta de 39,8%.
Lucro nos smartphones
Na concorrida indústria de smartphones, que competidoras como a LG escolheram deixar de operar, o resultado também foi animador. O faturamento da divisão de smartphones foi um recorde desde a aquisição da Motorola, 1,54 bilhão, com alta de 86% na comparação anual.
De acordo com Lanci, a combinação de investimentos em inovação e um portfólio sólido ajudaram nesse crescimento. A empresa lançou nos últimos anos um aparelho com tela dobrável e foi uma das primeiras a apresentar produtos com conectividade 5G.
"Existe uma grande oportunidade de crescimento nos Estados Unidos, de até dois dígitos", afirma, acrescentando que a Lenovo também está de olho no mercado europeu de smartphones.
Lanci afirma que a Lenovo está bem posicionada para lidar com a crise de microprocessadores e componentes que tem afetado diversas indústrias. Para ele, o problema é menos nos processadores e mais nos circuitos integrados, que são peças menores e mais baratas, mas que podem ter um impacto no longo prazo.
"O que precisa ser feito é planejar com junto dos fornecedores para conseguir capacidade e produção", disse. A Lenovo tem manufatura própria em 30 localidades diferentes, incluindo duas no Brasil, o que, segundo Lanci, garante flexibilidade e melhor capacidade de decisão na empresa. "Já se passaram 3 trimestres desde a crise [de semicondutores] e nós estamos melhorando nossos resultados."
Outra divisão que tem tido boa performance após aquisição é a de serviços de armazenamento e computação em nuvem. Em 2014, a Lenovo comprou a unidade de servidores da IBM em um negócio de 2,3 bilhões de dólares.