Tecnologia

Cuba oferecerá internet Wi-Fi para a população

Cidadãos e turistas poderão acessar a web de qualquer dispositivo com Wi-Fi em vez de terem que se deslocar até um centro estatal, porém a um alto custo

Santiago de Cuba (Spencer Platt/Getty Images)

Santiago de Cuba (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2015 às 14h47.

Muitos se enganam ao pensar que o único país comunista da América Latina não possui nenhum tipo de contato com o mundo pela internet.

Acontece que Cuba oferece internet para seus cidadãos, porém a um custo muito alto e em locais muito restritos, como universidades ou centros estatais criados pelo governo.

E agora, uma boa notícia indica que essa situação pode melhorar: a empresa estatal de telecomunicações da ilha chamada ETECSA lançará sua própria rede Wi-Fi com acesso à internet em Santiago de Cuba - a segunda maior cidade do país - até o final de janeiro.

Com a nova rede, cidadãos e turistas poderiam acessar a web de qualquer dispositivo com Wi-Fi em vez de terem que se deslocar até um centro estatal. O primeiro ponto de acesso, localizado em um parque, terá velocidade inicial de 1 Mbps.

Antes, apenas alguns hotéis e escritórios ofereciam acesso à internet sem fio, mas quem não estava devidamente autorizado a fazer isso estava violando a lei do país.

O ‘avanço tecnológico’ na ilha chega pouco tempo depois da notícia de que Cuba e Estados Unidos estariam voltando a melhorar suas relações diplomáticas após quase 54 anos de embargo. O governo cubano, inclusive, libertou 53 presos políticos nessa segunda-feira a fim de normalizar as relações com Washington.

Porém, o afrouxamento no regime hoje liderado por Raúl Castro ainda sofre resistência. Para começar, quem precisar acessar a internet por Wi-Fi precisará arcar com um custo exorbitante cobrado pelo governo, de 4,50 dólares por hora.

Se convertendo o valor para a moeda brasileira o preço já é salgado, uma reportagem da BBC Brasil ainda aponta que os moradores da ilha chegam a pagar cerca de 8 dólares para acessar a rede em uma das 154 ‘lan houses’ autorizadas espalhadas pelo país, um custo que equivale a 40% do salário de 8 em cada 10 cubanos, cuja renda mensal é de aproximadamente 20 dólares.

Segundo um relatório feito pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), Cuba ocupa o 160º no ranking mundial que avalia acesso a telefonia, banda larga, residências com internet e computadores. Na lista com 166 países analisados, os outros seis piores considerados foram a Eitrea, a República Democrática do Congo, a República Centro-Africana, Chade, Mianmar e Madagascar.

Além disso, a censura garante que os poucos afortunados que conseguem entrar na rede ainda poderão acessar apenas alguns sites que desafiam a autoridade do governo.

Mesmo assim, a nova medida pode indicar um forte avanço no regime comunista, que tende a abrir mais espaço para melhorar a comunicação com o mundo. Inclusive, graças a uma parceria com o governo norte-americano as operadoras de internet e telefone do país poderão se estabelecer na ilha cubana.

E apesar dessas empresas provavelmente terem que lidar com restrições impostas no país caribenho, a nova medida indica que no futuro haverá cada vez mais opções para Cuba no mundo digital, hoje quase inexistente para a maioria da população.

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