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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h26.
Uma corte americana autorizou a Oracle, segunda maior empresa de software dos EUA, a adquirir a Peoplesoft, terceira maior companhia do setor no país. Os juízes que analisaram o caso afirmaram que a fusão entre as empresas poderá acirrar a disputa com a gigante Microsoft, com resultados benéficos para o consumidor final, como a queda dos preços e a melhoria dos produtos. O processo começou em junho de 2003, quando a Oracle fez uma oferta hostil de compra à Peoplesoft. A direção da Peoplesoft, que recusou essa e outras três investidas, levou o caso à Justiça para evitar que a empresa fosse comprada.
Segundo especialistas em fusões e aquisições, a conclusão do negócio poderá incentivar outras grandes empresas, como IBM e Microsoft, a iniciar um movimento de consolidação do setor de software, comprando, ainda que de modo hostil, companhias menores. "A Oracle é a grande beneficiada pela decisão da Justiça, mas o episódio também facilita possíveis aquisições por parte de outras empresas para consolidar o setor", afirmou Charles Di Bona, analista da consultoria Sanford C. Bernstein & Company ao jornal americano The New York Times.
A decisão da corte americana ainda é passível de recurso e a direção da Peoplesoft evitou comentá-la em detalhes, limitando-se a afirmar que estudará seus efeitos. Uma das implicações seria a necessidade da Peoplesoft rever as normas que adotou recentemente para se defender de aquisições hostis, conhecidas como "poison pill". Tais normas encareceriam bastante eventuais trocas de comando.
Justamente por estimular outras companhias a aquisições semelhantes, o caso desperta bastante interesse da Microsoft. Embora a companhia de Bill Gates não esteja diretamente envolvida no processo judicial, foi citada várias vezes pela Oracle, que argumentou que somente a aquisição da Peoplesoft lhe permitiria ter força suficiente para enfrentá-la. Durante o processo, a Microsoft também foi forçada a revelar suas intenções de adquirir outras empresas, como a SAP, maior empresa alemã de software.
O caso da Oracle também está em julgamento na Comissão Européia. Para os analistas, a decisão americana deixou os europeus numa situação delicada. Se seguirem o parecer de seus colegas, os juízes da Europa estarão concordando com a concentração do mercado. Se se posicionarem contrariamente, podem inviabilizar a aquisição.