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Conheça Christopher Wylie, o canadense que abalou o Facebook

Denunciante no caso de uso de dados do Facebook pela consultoria Cambridge Analytica, jovem é descrito como "divertido" e "voraz intelectualmente"

Wylie: jovem também afirmou que a empresa canadense usou as bases de dados da Cambridge Analytica em campanha do Brexit (Toby Melville/Reuters)
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AFP

Publicado em 27 de março de 2018 às 15h32.

Christopher Wylie, o canadense de 28 anos que abalou os alicerces do Facebook , contribuiu para a criação da empresa de análise de dados Cambridge Analytica (CA), mas, arrependido, resolveu denunciar sua má conduta.

O jovem é "inteligente", "divertido" e "voraz intelectualmente", afirmou Carole Cadwalladr, jornalista do Guardian que colaborou com ele por um ano.

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Com elementos que ele lhe forneceu, ela revelou que a CA coletava os perfis do Facebook de milhões de usuários nos Estados Unidos e usava suas informações para elaborar perfis políticos e psicológicos a fim de enviá-los mensagens políticas para influenciar seu voto, um furo compartilhado pelo New York Times e Channel Four.

Wylie abandonou a escola aos 16 anos sem diploma, mas no ano seguinte começou a trabalhar para o chefe da oposição canadense.

Com os cabelos pintados de rosa, óculos escuros com grandes armações quadradas e um piercing no nariz é, ao mesmo tempo, um "genial contador de histórias", um "político" e muito aplicado na informática que aprendeu a codificar sozinho, escreveu Carole Cadwalladr.

Wylie se descreve como o "canadense homossexual e vegetariano que criou o utensílio da guerra psicológica de Steve Bannon", ex-conselheiro de Donald Trump que, segundo ele, estava envolvido na CA.

Após sua saída precoce da escola, chegou a Londres para retomar seus estudos, primeiro em Direito na London School of Economics, depois em Moda, antes de ser contratado em junho de 2013 como diretor de investigação para a sociedade Strategic Communication Laboratories (SCL), matriz da CA, que contribuiu para criar.

"Sim, ajudei a criar essa empresa", disse em uma entrevista a vários jornais europeus. "O que aconteceu é que fui pego pela minha própria curiosidade devido ao trabalho que fazia. Não é uma desculpa, mas me vi fazendo o trabalho de investigação que desejava fazer e com um orçamento de vários milhões, o que era uma verdadeira tentação", segundo declarações publicadas nesta terça-feira no jornal francês Libération.

No início gostava das "viagens pelo mundo", dos encontros com "ministros de todo o tipo de países" e do trabalho investigativo.

Pró-Brexit

O canadense disse que descobriu há algumas semanas que seu antecessor havia morrido em um hotel queniano em circunstâncias não esclarecidas. "As pessoas suspeitavam de um envenenamento", declarou nesta terça aos membros de uma comissão parlamentar britânica que investiga as "fake news".

Para falar aos deputados, trocou suas habituais camisetas chamativas por um sóbrio terno e uma gravata, e explicou durante várias horas suas acusações contra a CA, de onde saiu em 2014.

Contou que decidiu falar sobre o tema pouco depois da chegada de Donald Trump ao poder, comprovando, segundo ele, o "impacto" que podia ter o desvio de dados pessoais com fins políticos. E se mostrou "incrivelmente arrependido" pelo papel que desempenhou na CA.

Christopher Wylie também animou os deputados a investigar a Aggregate IQ (AIQ), empresa canadense que ele relaciona com o grupo SCL. Se mostrou "absolutamente" seguro de que a AIQ usou as bases de dados da CA na campanha de referendo sobre o Brexit em benefício de organizações que faziam campanha a favor da saída do Reino Unido da União Europeia.

Ao afirmar que foi partidário do Brexit "apesar dos meus cabelos cor-de-rosa e do meu piercing no nariz" e que "sou uma das poucas espécimes eurocéticas progressistas", se mostrou apegado que "a integridade do processo democrático" seja respeita.

A empresa CA negou vigorosamente as acusações feitas.

Em um comunicado, a companhia afirma que Christopher Wylie era somente "um funcionário de meio período que deixou suas funções em julho de 2014 e não tem nenhum conhecimento direto de nosso trabalho, ou de nossas práticas desde essa data".

Christopher Wylie disse aos deputados que a CA não é uma "empresa legítima". "Não acho que devam continuar fazendo negócios", acrescentou.

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