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Concorrência e cesta diversificada detêm inflação do comércio online

No acumulado até agosto, produtos vendidos pela internet apresentaram deflação de 8,4%, contra alta de 3,59% do IPCA

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h16.

Se dependesse apenas do comércio eletrônico, o Banco Central já teria cumprido e com bastante folga a meta de inflação revisada deste ano, de 5,1%. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 3,59% até agosto, os preços no mundo virtual já apresentam deflação de 8,4% ( veja tabela abaixo ). Conter os reajustes no mundo real, porém, é bem mais difícil que no varejo online. "No varejo virtual, há muito mais elasticidade de preços", afirma o professor Claudio Felisoni de Angelo, coordenador geral do Programa de Administração de Varejo (Provar).

Parte dessa sensibilidade a grandes variações deve-se à própria composição da cesta básica de produtos do comércio eletrônico, que não pode ser comparada diretamente à que baseia os índices de inflação do mundo real. Para se ter uma idéia, no e-flation, índice de inflação do varejo online criado em outubro de 2004 pelo Provar, os eletroeletrônicos são o item de maior peso (16,14%), seguidos pelos eletrodomésticos de linha branca (13,56%), CDs e DVDs (11,35%) e livros (também com 11,35%). No rol de produtos e serviços acompanhados pelo IPCA, alimentos e bebidas surgem com peso de 22,16%, seguidos por transportes (21,86%) e habitação (16,55%). Produtos de fotografia e filmagem, para se ter uma comparação com o e-flation, têm peso de 0,23% no IPCA.

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A composição da cesta virtual a torna muito mais sensível à troca de produtos e variações de preços, segundo Felisoni. "Se, num determinado mês, um livro mais caro sai de catálogo e um outro, mais barato, passa a ser oferecido, há um impacto sobre a inflação do período", afirma. Já no mundo real, as flutuações são menos pronunciadas, pois os produtos tendem a ser mais comparáveis como as variedades de feijão ou o tipo de leite.

Concorrência

A composição da cesta online reflete o perfil do consumidor que recorre à internet para efetuar suas compras. De acordo com Felisoni, o varejo online atrai um público de maior poder aquisitivo, que busca produtos mais sofisticados, como equipamentos eletrônicos e de informática, ou produtos de cuidado pessoal. "O próprio meio de compra o computador já estabelece uma distinção entre o consumidor online e o do mundo físico", diz.

A facilidade de comparar preços em várias lojas virtuais também ajuda a conter a inflação virtual. Enquanto, no mundo físico, o consumidor precisa se deslocar de ponto-de-venda em ponto-de-venda para comparar os produtos, a pesquisa na web é mais rápida e estimula a busca pelas melhores ofertas. "Com isso, aumenta a percepção dos preços pelos consumidores", diz Felisoni.

Para o coordenador do Provar, as promoções também influenciam os preços na internet, mas numa escala menor do que se supõe. Isto porque os compradores online apresentam um comportamento mais objetivo, entrando na rede com um produto em mente e pouco suscetível a comprar mais algum produto só por estar em promoção. Além disso, a margem de lucro nas vendas online tende a ser menor, o que já restringe o espaço para promoções.

Inflação na internet é menor que a do varejo tradicional
Mês
e-flation (%)
IPCA (%)
e-flation acumulado (%)
IPCA acumulado (%)
Set/05
0,64
N/D
-7,8
N/D
Ago/05
-3,32
01,7
-8,4
3,59
Jul/05
-4,40
0,25
-5,2
3,42
Jun/05
2,55
-0,02
-0,8
3,16
Mai/05
-1,74
0,49
-3,3
3,18
Abr/05
-2,17
0,87
-1,6
2,68
Mar/05
-0,19
0,61
0,6
1,79
Fev/05
-2,41
0,59
0,8
1,17
Jan/05
-0,30
0,58
3,3
0,58
Dez/04
0,80
0,86
3,6
7,50
Nov/04
-2,00
0,69
2,8
6,68
Out/04
0,50
0,44
4,9
5,95
Fontes: Provar e IBGE
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