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Como Osama bin Laden foi encontrado

A mansão de Osama bin Laden não tinha telefone e nem acesso à internet. E todo o seu lixo era queimado, em vez de ser entregue ao serviço público de coleta

O esconderijo de Osama bin Laden era tão bem protegido que atraiu a atenção dos americanos  (Mario Tama / Getty Images)

O esconderijo de Osama bin Laden era tão bem protegido que atraiu a atenção dos americanos (Mario Tama / Getty Images)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 2 de maio de 2011 às 11h23.

São Paulo — Depois de quase uma década escondendo-se dos seus perseguidores americanos, Osama bin Laden foi encontrado e morto no Paquistão. Há dois fatos notáveis aí. O primeiro é bin Laden, o mais procurado terrorista de todos os tempos, ter conseguido escapar por tanto tempo. A segundo é os americanos terem conseguido achá-lo.

Esconder-se, hoje em dia, não é tarefa fácil, é claro. Basta usar o celular para que a operadora saiba onde a pessoa está. O acesso à internet, por qualquer meio, pode revelar a localização de alguém. Satélites e aviões espiões fazem fotos detalhadíssimas que permitem identificar uma pessoa na rua. Programas de computador revelam o rosto oculto por trás de barbas e bigodes falsos. E a tradicional indiscrição das pessoas continua intacta na era da internet. Como, então, Osama bin Laden conseguiu ficar quase dez anos oculto?

Para bin Laden, a única maneira de manter-se a salvo de seus perseguidores era esconder-se numa caverna, com o mínimo possível de comunicação com o exterior. Foi o que ele fez. A "caverna" em questão era uma mansão em Abbottabad, no Paquistão. Com três andares, a enorme casa era uma fortaleza projetada para proteger seu morador tristemente ilustre. Era cercada por muros de até 5,5 metros de altura com arame farpado no topo, e quase não tinha janelas voltadas para fora.


Construída em 2005, a fortaleza de bin Laden já chamava atenção por ser muito maior e mais rica do que as casa em volta dela. Mas não era só isso. Os oficiais americanos divulgaram, no domingo, que a casa não tinha telefone e nem acesso à internet. Não se usava celular nela. E todo o lixo era queimado, em vez de ser entregue ao serviço público de coleta. Por que pessoas tão ricas abririam mão de confortos tecnológicos básicos? Era tudo muito suspeito, é claro.

Mas os americanos só repararam que a mansão existia quando resolveram seguir um antigo mensageiro da Al Qaeda, quatro anos atrás. No ano passado, descobriram que o homem morava naquela enorme fortaleza com seu irmão e as respectivas esposas.

Os dois irmãos não tinham nenhuma fonte de renda que justificasse o fato de morarem numa casa avaliada em 1 milhão de dólares. E as medidas de proteção na mansão eram tantas que parecia óbvio que alguém muito importante estava escondido ali. Não era, é claro, um simples mensageiro.

No final, o feitiço havia se voltado contra o feiticeiro. Foram os próprios cuidados de segurança do terrorista que atraíram suspeitas. Depois de um ataque aéreo que durou cerca de 40 minutos no domingo, bin Laden estava morto. E, assim, Barack Obama estava pronto para ir à TV dar a notícia. 

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