Com queda do bitcoin, criptomineradores cavam mais fundo
A hash rate crescente evidencia que a mineração de bitcoins ainda rende lucro suficiente para manter muita gente no ramo
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2018 às 05h50.
Última atualização em 20 de agosto de 2018 às 11h52.
A combinação de queda dos preços e aumento da hash rate - que mede o poder de processamento - mostra a complexidade da economia da mineração de criptomoedas . A hash rate crescente evidencia que a mineração de bitcoins ainda rende lucro suficiente para manter muita gente no ramo, desafiando a especulação de que os preços agora estão abaixo do ponto de equilíbrio financeiro.
Isso pode refletir a sofisticação da mineração de bitcoin após o aumento de 1.400 por cento dos preços no ano passado. Apesar de a alta ter atraído muitos amadores, que fazem mineração dos porões de suas casas, as recompensas lucrativas também levaram grandes mineradores a melhorarem seus equipamentos, adquirindo chips cada vez mais velozes e montando operações em lugares com energia barata. Isso os ajudou a expulsar os mineradores menores em meio à trajetória do preço até o nível atual de US$ 6.000.
“Ainda há grandes expansões acontecendo, especialmente de mineradores mais eficientes”, disse Marco Streng, CEO da Genesis Mining, por telefone, de Londres. “A expansão é tão grande que compensou a saída dos mineradores não tão eficientes.”
Novos bitcoins são criados quando computadores competem pelo processamento de transações resolvendo enigmas complexos em troca de tokens. Com o aumento do poder de mineração , os cálculos necessários para gerar novas moedas digitais se tornam mais difíceis - um mecanismo projetado para limitar a oferta e o domínio nas mãos de alguns poucos mineradores. A corrida pela dianteira com tecnologias de ponta é tão intensa que os mineradores viraram clientes fundamentais de gigantes da fabricação de semicondutores como a Nvidia e a Taiwan Semiconductor Manufacturing. E devido a essas vantagens o negócio está se tornando cada vez mais institucionalizado e concentrado nas mãos de empresas como Bitmain ou Bitfury.
Apesar de os aumentos mais rápidos da hash rate terem coincidido com a alta do preço no passado, a relação entre ambos não é tão simples. Teoricamente, o aumento da hash rate deveria elevar o preço, porque faria o custo de cada token subir. Mas o poder de computação pode estar aumentando agora por causa das expansões de capacidade passadas, que são um custo irrecuperável para os mineradores e refletem preços anteriores mais elevados. Além disso, é possível que os mineradores vendam uma fatia maior de seus ativos com margens mais espremidas.
“A hash rate maior é um sinal de que as pessoas estão aqui com visão de longo prazo porque estão felizes em simplesmente acumular o que têm e possivelmente até operar com prejuízo”, disse David Sapper, diretor de operações da bolsa de criptomoedas Blockbid, em Melbourne. Ao mesmo tempo, as pessoas “às vezes precisam limpar a casa e levar o lixo para fora”.
Vários analistas tentaram calcular o preço de equilíbrio para os mineradores, que podem oferecer respaldo para os preços. A empresa de pesquisa otimista Fundstrat Global Advisors estimou o valor em US$ 8.000. O Morgan Stanley afirma que as grandes fazendas de mineração ganham dinheiro apenas com o bitcoin negociado acima de US$ 8.600, segundo reportagem da CNBC. Pesquisadores da CoinShares, que oferece produtos de investimento em criptomoedas, estimaram em relatório, em maio, que o custo marginal médio de um bitcoin é de US$ 6.400.