Com o dólar em alta, ainda vale a pena comprar um iPhone fora do Brasil?
Alta da moeda americana, que chegou a ser cotada em mais de 5 reais nesta semana, encareceu a conta de quem pretendia viajar para fazer compras
Rodrigo Loureiro
Publicado em 13 de março de 2020 às 05h55.
Última atualização em 15 de março de 2020 às 21h01.
São Paulo – A escalada do dólar e a desvalorização do real neste começo de 2020 balançou o cenário econômico brasileiro e fez diversas empresas repensarem suas estratégias comerciais. O que pode ter mudado também é a percepção do consumidor para comprar ou não um produto no exterior. Principalmente um celular .
Antes das contas é preciso considerar o valor do dólar turismo no valor de 5,01 reais observado na quinta-feira (12) em casas de câmbio de São Paulo – já com o IOF embutido. Outra medida utilizada nos exemplos abaixo foi desconsiderar descontos por pagamentos à vista ou com a utilização do cartão de crédito da Apple , já que os celulares escolhidos foram dos iPhones .
O cálculo abaixo não leva em conta custos de passagens aéreas, hospedagem ou outros gastos relacionados com a viagem em si do Brasil para os Estados Unidos. Assim como não foi considerada economia caso o consumidor já tenha adquirido a moeda americana antes da valorização ocorrida nas últimas semanas.
É preciso contabilizar o imposto estadual ou local cobrado em cima do valor do produto. Na cidade de Nova York, a alíquota é de 8%. Na Florida, o percentual é de 7% em Miami e de 6,5% em Orlando. É possível requisitar parte do reembolso do imposto em aeroportos americanos, o percentual varia de 50% até 65%.
Vamos aos cálculos:
No Brasil, o iPhone 11 com 64 GB de memória interna custa 4.999 reais. O mesmo aparelho é vendido por 699 dólares nos Estados Unidos. Para uma compra em Miami, o valor final é acrescido em 7%, totalizando 747,93 dólares. Na conversão para o real, 3. 3.747,12 reais. Aqui a economia seria de 25% com um desconto total de 1.251,88 reais.
O iPhone 11 Pro Max, o mais parrudo da empresa da maçã, custa 9.599 reais na configuração com memória interna de 512 GB. Nos EUA, 1.499 dólares. Com o imposto de Miami, 1.603,93 dólares. Se convertido para o real o valor final é de 8.035,68. Economia final seria de 17,6% ou 1.563,32 reais.
Em ambos os casos o pagamento foi feito em dinheiro em uma loja física e não foi considerado e reembolso de parte do imposto nos aeroportos. Assim, não houve cobrança adicional pelo frete para a entrega e nem a alíquota de 6,38% cobrada no cartão de crédito para compras no exterior. Se cobrada, o valor final dos produtos seria de 3.986,18 reais e 8.548,35 reais.
Mesmo com a alta do dólar, a compra de um iPhone nos Estados Unidos ainda é mais vantajosa financeiramente do que a aquisição do mesmo telefone no Brasil. Contudo, é importante lembrar que o viajante só pode trazer uma unidade e comprovar que é para uso próprio. Caso contrário, pode ser taxado na volta ao País.
Receita Federal pode encarecer
Caso o viajante queira comprar mais de uma unidade ou comprar um iPhone que não é para uso próprio, a conta pode ficar bem mais cara. Isso porque, neste caso, quando o turista volta ao Brasil precisa, por lei, declarar valores excedentes ao limite de 500 dólares estipulados para compras fora do país pela Receita Federal . Ao desembarcar e declarar a compra, o consumidor deve arcar com o imposto de 50% sobre o valor excedente. Vamos novamente às contas:
O iPhone 11 de 64 GB comprado em uma loja física da Apple localizada em Miami custa 747,93 dólares. O valor é 247,93 dólares superior ao limite estabelecido na lei brasileira. Neste caso, o imposto a ser pago é de 123,96 dólares ou 621,06 reais. O iPhone 11, assim, custaria 4.589,24 reais caso tenha sido comprado com dinheiro em espécie.
O mesmo vale para o iPhone 11 Pro Max de 512 GB que custaria 1.603,93 dólares nos Estados Unidos. O valor supera em 1.103,93 dólares o valor estipulado na lei brasileira. O imposto a ser pago é de 551,96 dólares ou 2.765,31 reais. Total: 11.313,67 reais no dinheiro.
Preço pode subir no Brasil
Por ora, as principais fabricantes de celulares que atuam por aqui, com fábricas ou com a importação de produtos, ainda não elevaram seus preços para compensar o aumento do dólar. Essa postura não deve durar muito tempo. Multilaser e Xiaomi , por exemplo, já admitem que podem aumentar o valor final de seus produtos para compensar os custos de produção.