Cientista ataca o “solucionismo” tecnológico
Durante pesquisa para livro, ainda inédito no Brasil, Morozov deparou-se com a BinCam, uma câmera colocada sob a tampa das lixeiras, com um smartphone acoplado
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2013 às 15h33.
São Paulo - O cientista político Evgeny Morozov tem a estranha mania de espionar a lata de lixo alheia. E de uma lixeira saiu um dos exemplos mais divertidos — e perturbadores — de seu novo livro, To Save Everything, Click Here: the Folly of Technological Solutionism (“Para salvar tudo, clique aqui: o desvario do solucionismo tecnológico”).
Aos 29 anos, nascido na Bielorrússia, Morozov já foi chamado de guru do ciberceticismo, por suas opiniões fortes sobre as implicações sociais e políticas da tecnologia . Durante a pesquisa para o livro, ainda inédito no Brasil, Morozov deparou-se com a BinCam, uma câmera colocada sob a tampa das lixeiras, com um smartphone acoplado. Uma foto é feita toda vez que a lixeira é fechada.
A imagem é enviada a um serviço em nuvem da Amazon, que a esmiúça, analisando se o dono da lixeira está reciclando, se seus hábitos de consumo são ambientalmente corretos, se sua alimentação é saudável. Por fim, a foto é postada na página do sujeito no Facebook, rendendo pontos num jogo online de consumo verde disputado na rede social.
O BinCam está sendo executado na Grã-Bretanha e na Alemanha. Para Morozov, há nele sinistros ares de Big Brother. “O lixo é como a vida sexual: assunto privado. Mas Mark Zuckerberg insiste que toda atividade, até a coleta de lixo, é executada melhor quando se torna social”, disse Morozov a INFO.
A tecnologia descortinou novas formas de solucionar problemas. Nunca o mundo foi tão esperto, do carro à geladeira na cozinha. Mas essa era digital nos leva à tentação de usar a tecnologia para consertar todos os problemas mundiais, da poluição à obesidade.
Morozov chama essa tendência de solucionismo e a classifica como uma ameaça à liberdade. Na Europa, empresas de seguro oferecem descontos aos segurados que concordam em instalar sensores inteligentes nos veículos para monitorar hábitos ao volante. Elas ficam sabendo de uma porção de coisas sobre os clientes, como seus trajetos habituais. “É um caso flagrante de invasão de privacidade .”
São Paulo - O cientista político Evgeny Morozov tem a estranha mania de espionar a lata de lixo alheia. E de uma lixeira saiu um dos exemplos mais divertidos — e perturbadores — de seu novo livro, To Save Everything, Click Here: the Folly of Technological Solutionism (“Para salvar tudo, clique aqui: o desvario do solucionismo tecnológico”).
Aos 29 anos, nascido na Bielorrússia, Morozov já foi chamado de guru do ciberceticismo, por suas opiniões fortes sobre as implicações sociais e políticas da tecnologia . Durante a pesquisa para o livro, ainda inédito no Brasil, Morozov deparou-se com a BinCam, uma câmera colocada sob a tampa das lixeiras, com um smartphone acoplado. Uma foto é feita toda vez que a lixeira é fechada.
A imagem é enviada a um serviço em nuvem da Amazon, que a esmiúça, analisando se o dono da lixeira está reciclando, se seus hábitos de consumo são ambientalmente corretos, se sua alimentação é saudável. Por fim, a foto é postada na página do sujeito no Facebook, rendendo pontos num jogo online de consumo verde disputado na rede social.
O BinCam está sendo executado na Grã-Bretanha e na Alemanha. Para Morozov, há nele sinistros ares de Big Brother. “O lixo é como a vida sexual: assunto privado. Mas Mark Zuckerberg insiste que toda atividade, até a coleta de lixo, é executada melhor quando se torna social”, disse Morozov a INFO.
A tecnologia descortinou novas formas de solucionar problemas. Nunca o mundo foi tão esperto, do carro à geladeira na cozinha. Mas essa era digital nos leva à tentação de usar a tecnologia para consertar todos os problemas mundiais, da poluição à obesidade.
Morozov chama essa tendência de solucionismo e a classifica como uma ameaça à liberdade. Na Europa, empresas de seguro oferecem descontos aos segurados que concordam em instalar sensores inteligentes nos veículos para monitorar hábitos ao volante. Elas ficam sabendo de uma porção de coisas sobre os clientes, como seus trajetos habituais. “É um caso flagrante de invasão de privacidade .”