Tecnologia

Carros elétricos podem criar maior revolução desde o iPhone

A ascensão da Tesla e de rivais pode ser acelerada por serviços complementares da Uber e da Waymo, assim como a Apple aproveitou a onda dos apps

Carros: o ponto culminante dessas tecnologias -- carros elétricos autônomos disponíveis sob demanda -- poderia transformar a forma de locomoção das pessoas (Issei Kato/Reuters)

Carros: o ponto culminante dessas tecnologias -- carros elétricos autônomos disponíveis sob demanda -- poderia transformar a forma de locomoção das pessoas (Issei Kato/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2017 às 18h24.

Londres - Já passaram 10 anos desde que a Apple gerou uma onda de inovação que virou a indústria de telefonia celular de cabeça para baixo. Os carros elétricos, com uma pequena ajuda das caronas compartilhadas e da tecnologia autônoma, podem estar prestes a fazer o mesmo com as grandes petroleiras.

A ascensão da Tesla e de suas rivais pode ser acelerada por serviços complementares da Uber Technologies e da Waymo, uma unidade da Alphabet, assim como o iPhone se valeu da economia dos aplicativos e da internet móvel rápida para dizimar gigantes da telefonia celular como a Nokia.

O ponto culminante dessas tecnologias -- carros elétricos autônomos disponíveis sob demanda -- poderia transformar a forma de locomoção das pessoas e confundir as previsões de que os veículos movidos a bateria terão um impacto limitado sobre a demanda por petróleo nas próximas décadas.

“Os carros elétricos por si só podem não somar muito”, disse David Eyton, chefe de tecnologia da gigante do petróleo BP, que tem sede em Londres, em entrevista. “Mas quando você adiciona caronas compartilhadas e serviços de corrida, os números podem ser significativamente maiores.”

A maioria dos analistas vê o distanciamento do transporte em relação ao petróleo como um processo incremental orientado por lentas melhorias no custo e na capacidade das baterias e pela restrição progressiva dos padrões de emissões. Mas as grandes mudanças econômicas raramente são diretas, disse  Tim Harford, economista responsável por um livro livro e uma série de rádio da BBC sobre inovações históricas que revolucionaram a economia.

Mudança sistêmica

“Essas coisas são muito mais complicadas”, disse ele. Em vez de os motores elétricos substituírem gradualmente os motores de combustão interna dentro do modelo existente, provavelmente haverá “algum grau de mudança sistêmica”.

Foi o que aconteceu há 10 anos. O iPhone não apenas ofereceu às pessoas uma nova maneira de fazer chamadas telefônicas; ele criou uma economia totalmente nova para empresas multibilionárias como Rovio Entertainment, produtora do Angry Birds, e WhatsApp. A natureza fundamental do negócio de telefonia celular mudou e operadoras históricas como Nokia e BlackBerry foram substituídas pela Apple e por fabricantes de celulares Android como a Samsung Electronics.

Hoje, enquanto a Tesla de Elon Musk e fabricantes de automóveis estabelecidas como a  General Motors se esforçam para que seus carros elétricos sejam produtos de consumo desejáveis, empresas como Uber e Lyft estão transformando o transporte em um serviço sob demanda e a Waymo está testando veículos totalmente autônomos pelas ruas da Califórnia e do Arizona.

Devido à amplitude dessa revolução potencial, é difícil prever o que acontecerá. Quando Steve Jobs revelou o iPhone, poucas pessoas previram que o aparelho causaria problemas a fabricantes de produtos de todo tipo, de câmeras a chicletes.

“O smartphone e seus aplicativos possibilitaram novos modelos de negócios”, disse Tony Seba, economista da Universidade de Stanford e um dos fundadores da RethinkX, uma think tank que analisa a evolução gerada pela tecnologia. “A combinação de carros compartilhados, elétricos e autônomos poderia revolucionar tudo, da forma de estacionar até os seguros, a demanda por petróleo e o varejo.”

Gráfico da Bloomberg

- (Gráfico/Bloomberg)

Gráfico da Bloomberg

- (Gráfico/Bloomberg)

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