Tecnologia

Carro autônomo precisa de bateria mais resistente, diz pioneiro

Um dos inventores da bateria de íon de lítio acredita que futuro das baterias depende dos carros

Akira Yoshino: "futuro das baterias depende do que acontecerá no futuro da sociedade automotiva" (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Akira Yoshino: "futuro das baterias depende do que acontecerá no futuro da sociedade automotiva" (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 15h01.

As fabricantes de baterias devem repensar suas tecnologias se as previsões sobre uma inundação de veículos autônomos se confirmarem, segundo um dos inventores da bateria de íon de lítio.

Além de se concentrar na produção de baterias mais poderosas para ampliar a autonomia dos carros particulares, as fabricantes também precisarão criar dispositivos capazes de suportar os rigores do uso quase constante e das viagens curtas previstas para o uso compartilhado dos veículos autônomos, disse Akira Yoshino, que inventou um protótipo da bateria de íon de lítio em 1985.

“Um carro compartilhado por 10 pessoas rodará 10 vezes mais”, disse Yoshino, membro honorário da Asahi Kasei, maior fabricante mundial de separadores usados em baterias, em entrevista na sede da empresa, em Tóquio. “A durabilidade ganhará muita importância.”

Os produtores ainda têm que se concentrar em melhorar a densidade de energia e reduzir os custos, mas também precisarão criar baterias usando materiais capazes de suportar melhor as constantes expansões e contrações, disse Yoshino. A tarefa se torna mais fácil com uma necessidade menor de ampliar simultaneamente a densidade de energia, maior fator da autonomia de direção, disse ele. O titanato de lítio, por exemplo, pode ser usado no ânodo da bateria, enquanto hoje a opção mais comum é o carbono.

“Os carros são uma aplicação completamente nova e teremos que esperar até descobrirmos que tipo de baterias realmente serão necessárias”, disse Yoshino. “O futuro das baterias depende do que acontecerá no futuro da sociedade automotiva.”

No laboratório da Asahi Kasei, no início da década de 1980, Yoshino começou a pesquisar o poliacetileno, um polímero condutor descoberto pelo químico japonês e vencedor do Prêmio Nobel Hideki Shirakawa. Embora o material possa ser usado em painéis solares e semicondutores, Yoshino se concentrou em baterias no momento em que uma série de pequenos dispositivos eletrônicos que exigiam poderosas fontes de energia recarregáveis começou a chegar ao mercado.

Ele conseguiu produzir uma bateria de íon de lítio usando poliacetileno como ânodo, depois substituído por carbono. Mas a Sony venceu a Asahi Kasei na corrida para a comercialização da invenção em celulares, em 1991. No ano seguinte, a Asahi Kasei formou um empreendimento com a Toshiba para fabricar e vender suas próprias baterias.

Vídeo de 8mm

“Eu pensava que seria vantajoso explorar o mercado de câmeras de vídeo de 8 milímetros”, disse Yoshino, em referência a um formato desatualizado. “Os telefones celulares, laptops e computadores simplesmente continuaram se multiplicando, mas ninguém pensava em carros” àquela altura, disse ele.

Isso mudou. A Bloomberg New Energy Finance projeta que os veículos elétricos representarão 54 por cento das vendas de carros novos em 2040. Carros altamente autônomos são esperados para em torno de 2020, mas os desafios técnicos e legais para uso massivo de carros totalmente autônomos serão resolvidos só por volta de 2030, afirmou a BNEF em relatório, em 1º de dezembro.

Yoshino recebeu, com mais três pessoas, o Prêmio Charles Stark Draper de 2014 em Engenharia por sua contribuição no desenvolvimento da bateria de íon de lítio.

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