Redação Exame
Publicado em 7 de novembro de 2024 às 11h43.
O governo do Canadá ordenou o fechamento das operações da ByteDance, proprietária do app TikTok, no país, direcionando a medida à TikTok Technology Canada Inc., sua unidade local, sob a justificativa de riscos à segurança nacional.
Apesar disso, o popular aplicativo de vídeos permanece disponível para usuários no Canadá, que ainda poderão baixar e criar conteúdo na plataforma, e empresas poderão seguir anunciando.
O governo canadense, que não especificou os riscos de segurança em detalhes, baseou a ordem em uma revisão nacional de segurança conduzida sob a Lei de Investimento no Canadá. A pressão para investigar o TikTok cresceu após a proibição do app em dispositivos do governo canadense, vigente desde fevereiro de 2023.
Há anos, a empresa enfrenta críticas sobre como gerencia os dados dos usuários, com detratores alegando que informações sensíveis poderiam estar sendo acessadas ou controladas pela China. A ByteDance, porém, nega tais acusações e insiste em que seu armazenamento de dados respeita padrões globais de privacidade.
Segundo o TikTok, a decisão afeta “centenas” de postos de trabalho no país. Em resposta, a empresa declarou à imprensa que contestará a medida judicialmente.
TikTok possui atualmente cerca de 15 milhões de usuários no Canadá, o que representa uma penetração de aproximadamente 41% da população, sendo especialmente popular entre o público de 18 a 24 anos, segundo o eMarketer. Em meio a preocupações com o impacto do app na saúde mental de jovens, crianças também representam uma parcela significativa da audiência.
A ByteDance já demonstrava sinais de cautela no mercado canadense antes da nova restrição. A companhia adiou a chegada de serviços como o TikTok Shop — plataforma de comércio eletrônico embutida no app — e o Creator Rewards Program, programa de recompensas para criadores de conteúdo, previstos para 2023.
A postura de restrição ao TikTok não é exclusiva do Canadá. Nos EUA, o app foi alvo de fortes críticas e ações durante o governo de Donald Trump, que em 2020 tentou banir a operação do app no país, exigindo que suas operações fossem vendidas para uma empresa norte-americana. Esse caso ainda está pendente, com prazo até janeiro de 2025 para uma possível venda ou separação de operações.
A crescente fiscalização sobre a rede social também acompanha uma onda global de regulamentação das redes sociais e debates sobre proteção de dados. Em outro exemplo recente, a Austrália propôs banir o uso de todas as redes sociais para menores de 16 anos, indicando uma tendência de governos ao redor do mundo de reforçar a proteção digital.