Caixas-pretas ainda são indispensáveis para solucionar acidentes
Graças a esses aparelhos, quase 90% dos acidentes aéreos podem ser explicados
AFP
Publicado em 18 de março de 2019 às 10h30.
Última atualização em 18 de março de 2019 às 10h50.
As caixas-pretas, que registram todos os dados de um voo, incluindo as conversas na cabine de comando, são ferramentas indispensáveis para determinar as causas de um acidente aéreo. A companhia Ethiopian Airlines enviou para Paris as caixas-pretas do Boeing 737 MAX 8, que caiu no domingo perto de Addis Ababa, matando 157 pessoas.
As caixas-pretas, danificadas pelo impacto do avião contra o solo, serão analisadas em Paris pelo Escritório de Investigação e Análise para a Segurança da Aviação Civil da França (BEA, por sua sigla em francês).
Segundo o BEA, órgão público, a operação e o uso das caixas são iguais em qualquer avião e qualquer que seja o modelo da caixa-preta.
Introduzidas na aviação a partir dos anos 60, as caixas-pretas têm um revestimento metálico muito sólido, concebido para resistir aos choques mais violentos, a fogos intensos e longas imersões em águas profundas.
Elas são, na verdade, de cor laranja e têm faixas brancas fosforescentes para ajudar no processo de localização. A palavra "preta" faz referência ao fato de que seu conteúdo é protegido e inacessível para as pessoas comuns.
Um avião comercial possui duas caixas pretas: o DFDR (Digital flight Data Recorder), que tem os parâmetros do voo, e o CVR (Cockpit Voice Recorder), onde ficam registradas as vozes e os ruídos da cabine dos pilotos.
O DFDR contém a gravação, segundo por segundo, de todos os parâmetros do voo (velocidade, altitude, trajetória...). O CVR inclui as conversas, mas também todos os sons e anúncios ouvidos na cabine dos pilotos. Uma análise acústica mais aprofundada permite até determinar como estavam funcionando os motores.
Graças a esses aparelhos, quase 90% dos acidentes aéreos podem ser explicados.
As caixas-pretas são protegidas por um cofre de aço blindado de 7 kg, capaz de resistir a uma imersão de um mês a 6.000 metros de profundidade e a um incêndio de uma hora e temperatura de até 1.100 graus.
Elas são equipadas de uma baliza acionada em caso de imersão e que emite um sinal de ultrassom para permitir a localização do aparelho. O sinal é emitido a cada segundo durante pelo menos 30 dias seguidos, e pode ser detectado a 2 km de distância.
As do voo 447 da Air France entre Rio de Janeiro e Paris, que caiu em 1 de junho de 2009, foram encontradas 23 meses após o acidente, a 3.900 metros de profundidade no oceano Atlântico, e seus dados puderam ser integralmente extraídos.