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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h40.
O governo brasileiro confirmou que continuará atuando na construção da Estação Espacial Internacional, porém de forma bem mais modesta. Cálculos preliminares da Agência Espacial Brasileira (AEB) indicam que o investimento será da ordem de 5 milhões de dólares nos próximos anos. O limite por ano será de 12% do orçamento da AEB - valor a ser definido em setembro e que ficará na casa das dezenas de milhões de reais. O compromisso original, firmado em 1997, previa investimento brasileiro de cerca de 120 milhões de dólares e foi progressivamente reduzido ao longo dos últimos anos.
O novo acordo foi definido em teleconferência, na manhã desta quarta-feira (13/8), entre Luiz Bevilacqua, presidente da AEB, e William Gerstenmaier, gerente geral do Programa da Estação Espacial na Nasa, a agência espacial americana. Por enquanto, o Brasil se compromete apenas a fornecer os FSE, bandejas de transporte de material e equipamento, com diversas especificações. O próximo passo será qualificar as empresas que disputarão as encomendas. Já participaram do programa espacial brasileiro companhias grandes, como Embraer, Aços Villares e Acesita, e dezenas de pequenas empresas de base tecnológica. O projeto e a construção do Veículo Lançador de Satélites (VLS), por exemplo, exigiu a participação de mais de 35 empresas brasileiras, de companhias estrangeiras atuantes no país, como a Siemens, além de universidades e institutos de pesquisa.
Inicialmente, a Embraer lideraria o consórcio de empresas brasileiras a desenvolver as encomendas da Estação No entanto, a fabricante de aeronaves de São José dos Campos só tocaria o projeto se tivesse liberdade para fazer encomendas no exterior (para empresas como a Boeing). Como essa permissão está descartada, a Embraer deverá ficar de fora.
Segundo a AEB informou à Nasa, duas condições nortearão a participação brasileira: uma é que todas as encomendas possam ser produzidas no país; a outra é que os equipamentos desenvolvidos sejam úteis em outros projetos do programa espacial nacional, cuja prioridade são satélites e lançadores de satélites. Tinha dúvidas que a Nasa fosse aceitar os novos termos, mas eles pareceram satisfeitos com o realismo da proposta , disse Bevilacqua.
A utilidade da Estação à pesquisa vem sendo questionada internacionalmente. Segundo os opositores do investimento, os experimentos em microgravidade ainda não mostraram sua validade e podem ser feitos de outras formas menos dispendiosas. O Brasil é o único país subdesenvolvido no grupo dos 16 que constroem a Estação e sua participação também já foi criticada por cientistas que preferiam ver o investimento em outro destino.
Bevilacqua defende a escolha do governo. Acredito que a participação brasileira na construção da Estação e nos experimentos a bordo permitirá saltos no desenvolvimento científico nacional , afirma. O executivo lembra que, pelos novos termos do acordo, o investimento na Estação gerará resultados também para o programa espacial brasileiro.