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BNDES estuda tecnologia por trás do bitcoin para transparência

Com blockchain público, banco pode tornar empréstimos transparentes com dados em tempo real

Bitcoin (Getty Images/Getty Images)

Bitcoin (Getty Images/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 16 de março de 2018 às 05h55.

Última atualização em 16 de março de 2018 às 07h06.

São Paulo – O BNDES, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, tem um projeto para avaliar o uso do blockchain–o "livro de registros virtual" adotado pela criptomoeda Bitcoin–para tornar as transações mais transparentes e com dados atualizados em tempo real.

A iniciativa surgiu de um programa de inovação interno, em setembro do ano passado, que estimulava os funcionários a desenvolver projetos ao estilo Vale do Silício. Seria como se eles fossem apresentar produtos a fundos de investimentos. Um superintendente do banco avaliou o projeto, que submetido a uma votação, da qual saiu vitorioso.

Nesse evento, a equipe do BNDES se aliou à do banco alemão KfW, com o plano tem um projeto piloto para usar o blockchain, neste caso privado, para monitorar os recursos do Fundo Amazônia. Para isso, eles usam uma tecnologia do banco alemão chamada TruBudget.

Outra frente do projeto, que tem três no total, é o BNDES Token. Criado internamente, em dezembro do ano passado, ele permite monitorar, em um blockchain público, os empréstimos por meio de tokens de acesso. "A ideia é aumentar a transparência, mas a abordagem é diferente da primeira. O dinheiro e transformado em um token, guardado no banco e então acessado via token pelo cliente", afirmou ao Site EXAME Vanessa Almeida, gerente de TI e integrante da equipe do BNDES Token.

O primeiro empréstimo com criptografia e registro em blockchain será feito ao Estado do Espírito Santo. "Os dados sobre transações do banco com Estados brasileiros são públicos, as operações têm natureza abertas, são transparentes. Mas os dados são compartilhados a posteriori, é uma prestação de contas. A vantagem de tokenizar é que o real time disso ficará acessível de forma mais fácil", declarou Almeida. O BNDES também analisa projetos para essa iniciativa junto à Ancine e ao Ministério da Cultura.

A proposta de compartilhamento de dados por blockchain abrange apenas as transações que não tem sigilo empresarial ou de Justiça.

A terceira etapa de testes e implementações do blockchain no BNDES ainda está em discussão junto à Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Até o final de maio, a equipe do BNDES Token fará testes para avaliar a viabilidade da implementação do blockchain e descobrir quais serão os próximos passos junto aos gestores do banco.

"Há uma concordância de todo o banco de que a transparência é crucial para o futuro do país como um todo. Os gestores não entendem tudo em detalhes, mas estão dispostos a apostar na criatividade e na inovação [para viabilizar o projeto]", afirmou Gladstone Arantes Júnior, gerente de TI, que também faz parte do BNDES Token.

O banco do desenvolvimento brasileiro se envolveu em polêmicas ao oferecer grandes empréstimos a companhias ligadas a um esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Como lembra a Bloomberg, o BNDES emprestou 22 bilhões de dólares no ano passado.

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