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Blogueira gay de Damasco era, de fato, homem americano

O estudante de pósTom MacMaster, de 40 anos, revelou ser o autor do site de Amina Abdullah, que defendia a democracia na Síria

Protesto na Síria: o blog era símbolo da luta por democracia (Louai Beshara/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2011 às 13h09.

Londres - Um estudante de pós-graduação americano que mora na Escócia revelou que era o autor do blog apresentado como pertencente a uma jovem lésbica síria, Amina Abdullah, que se tornou famosa pela defesa da democracia e virou símbolo da oposição, o que irritou as pessoas que se mobilizaram a favor da jovem militante.

O blog, "Gay Girl in Damascus" (Garota Gay em Damasco) era seguido há semanas por dezenas de milhares de pessoas comovidas com a luta da suposta ativista contra a repressão do regime de Bashar al-Assad.

Muitos internautas se mobilizaram nas redes sociais quando no mesmo blog uma pessoa que se apresentou com uma prima da blogueira anunciou na semana passada que ela havia sido "sequestrada" em Damasco. Uma página do Facebook com o título "Libertem Amina Abdullah" chegou a ter 15.000 membros.

Mas tudo não passava de uma peça de ficção. A blogueira, que se apresentava como "Amina Abdullah Arraf", era na realidade Tom MacMaster, um homem barbudo de 40 anos, que faz mestrado na Universidade de Edimburgo (Escócia) e é casado.

"Nunca esperei este nível de atenção", afirma McMaster na última mensagem do blog, que tem como título "Desculpas aos leitores" e foi publicado no domingo.

A autenticidade do blog despertava dúvidas há vários dias. Na semana passada, uma croata residente em Londres denunciou que a foto da suposta blogueira era na verdade uma imagem retirada de seu perfil do Facebook.

"Apesar do narrador ser fictício, os fatos relatados no blog são verdadeiros e não enganam sobre a situação" na Síria, escreveu MacMaster.

"Não penso ter feito mal a ninguém. Os acontecimentos são determinados por pessoas que os vivem diariamente. Só tentei ilustrá-los para um público ocidental".

Em uma entrevista ao jornal New York Times, MacMaster afirmou que está "preocupado" com a possibilidade de as autoridades sírias utilizarem o caso como um exemplo de como a imprensa inventa coisas.

Tom MacMaster, que segundo a imprensa utiliza o pseudônimo "Amina" há cinco anos e começou o blog em fevereiro, luta há anos pela causa democrática no Oriente Médio. Sua esposa, Britta Froelicher, cursa doutorado sobre a economia síria.

A notícia do falso blog provocou indignação entre as pessoas que se mobilizaram após a notícia do sequestro.

"Ao senhor MacMaster eu digo: deveria ter vergonha! O que fez nos ofendeu e colocou muitas pessoas em uma situação perigosa", afirmou um dos editores do site sírio "GayMiddleEast.com".

O falso blog voltou a colocar em destaque o tema da credibilidade dos blogs e redes sociais da internet, amplamente utilizados durante a "primavera árabe" para driblar as restrições de informações vigentes nos países onde acontecem as revoltas.

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Londres - Um estudante de pós-graduação americano que mora na Escócia revelou que era o autor do blog apresentado como pertencente a uma jovem lésbica síria, Amina Abdullah, que se tornou famosa pela defesa da democracia e virou símbolo da oposição, o que irritou as pessoas que se mobilizaram a favor da jovem militante.

O blog, "Gay Girl in Damascus" (Garota Gay em Damasco) era seguido há semanas por dezenas de milhares de pessoas comovidas com a luta da suposta ativista contra a repressão do regime de Bashar al-Assad.

Muitos internautas se mobilizaram nas redes sociais quando no mesmo blog uma pessoa que se apresentou com uma prima da blogueira anunciou na semana passada que ela havia sido "sequestrada" em Damasco. Uma página do Facebook com o título "Libertem Amina Abdullah" chegou a ter 15.000 membros.

Mas tudo não passava de uma peça de ficção. A blogueira, que se apresentava como "Amina Abdullah Arraf", era na realidade Tom MacMaster, um homem barbudo de 40 anos, que faz mestrado na Universidade de Edimburgo (Escócia) e é casado.

"Nunca esperei este nível de atenção", afirma McMaster na última mensagem do blog, que tem como título "Desculpas aos leitores" e foi publicado no domingo.

A autenticidade do blog despertava dúvidas há vários dias. Na semana passada, uma croata residente em Londres denunciou que a foto da suposta blogueira era na verdade uma imagem retirada de seu perfil do Facebook.

"Apesar do narrador ser fictício, os fatos relatados no blog são verdadeiros e não enganam sobre a situação" na Síria, escreveu MacMaster.

"Não penso ter feito mal a ninguém. Os acontecimentos são determinados por pessoas que os vivem diariamente. Só tentei ilustrá-los para um público ocidental".

Em uma entrevista ao jornal New York Times, MacMaster afirmou que está "preocupado" com a possibilidade de as autoridades sírias utilizarem o caso como um exemplo de como a imprensa inventa coisas.

Tom MacMaster, que segundo a imprensa utiliza o pseudônimo "Amina" há cinco anos e começou o blog em fevereiro, luta há anos pela causa democrática no Oriente Médio. Sua esposa, Britta Froelicher, cursa doutorado sobre a economia síria.

A notícia do falso blog provocou indignação entre as pessoas que se mobilizaram após a notícia do sequestro.

"Ao senhor MacMaster eu digo: deveria ter vergonha! O que fez nos ofendeu e colocou muitas pessoas em uma situação perigosa", afirmou um dos editores do site sírio "GayMiddleEast.com".

O falso blog voltou a colocar em destaque o tema da credibilidade dos blogs e redes sociais da internet, amplamente utilizados durante a "primavera árabe" para driblar as restrições de informações vigentes nos países onde acontecem as revoltas.

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