Bebê gordinho não é sinal de saúde
Pesquisa feita por equipe da Universidade de Maryland (EUA) mostra que, para a maioria das mães, criança gorda é criança saudável. Elas estão enganadas
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2012 às 17h32.
São Paulo - Um bebê roliço, de bochechas rosadas, dobrinhas por todo o corpo e pezinhos como pãezinhos enche os olhos da mamãe e é o orgulho do papai. Pois é... Apesar de tudo o que já foi dito e escrito sobre os perigos da obesidade infantil, para a maior parte dos pais, criança gorda é criança saudável. Em um artigo publicado na mais recente edição da revista científica Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, revelam quão enganadas estão as mães quando o assunto é o peso de seus rebentos.
Foram acompanhadas 281 mulheres, com filhos entre 12 e 32 meses. Para começar, a maioria teve dificuldade para definir quanto os bebês pesavam. As que mais erraram foram justamente as mães das crianças obesas. E, pior, 81,7% delas estavam satisfeitas com a compleição física dos pequenos — como se o acúmulo de tecido adiposo fosse uma espécie de atestado de saúde e bons tratos. Não é assim. Lê-se na conclusão do trabalho de Maryland: "Os hábitos alimentares são influenciados pela percepção materna do tamanho das crianças. Impressões equivocadas podem levar a comportamentos inapropriados em relação à alimentação".
O excesso de peso antes dos 5 anos tende a se estender pela adolescência. E o risco de uma criança gorda se tornar um adulto obeso aumenta exponencialmente quanto maior for a demora para controlar o problema. Aos 10 anos, esse perigo chega a 80% (veja o quadro ao lado). Atualmente, a obesidade infantil atinge 16,6% dos meninos brasileiros com idade entre 5 e 9 anos e 11,8% das meninas na mesma faixa etária.
Em meados da década de 70, os índices eram, respectivamente, 2,9% e 1,8%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Tornam-se frequentes nos consultórios dos pediatras crianças vítimas de problemas típicos dos adultos, como colesterol alto, hipertensão e diabetes tipo 2", diz Marcelo Reibscheid, pediatra do Hospital São Luiz, em São Paulo. A obesidade infantil pode antecipar em dez a vinte anos a manifestação de doenças cardiovasculares.
A maioria das crianças obesas está nessa situação em decorrência de um estilo de vida totalmente inadequado. Elas comem de mais, especialmente gordura saturada e açúcar, e se exercitam de menos. A obesidade infantil se faz em casa — e começa a se desenhar na gravidez, com os hábitos alimentares da mãe. O ser humano tem um apreço natural pelos sabores adocicados.
Com 24 semanas de gestação, os fetos já conseguem distinguir diferenças de sabor no líquido amniótico — e dão preferência aos mais docinhos. Um dos estudos mais fascinantes sobre o assunto foi feito no início dos anos 2000 por pesquisadores da Universidade da Filadélfia, nos Estados Unidos.
Eles dividiram 46 grávidas em três grupos. O primeiro tomou suco de cenoura durante a gestação. O segundo, somente na amamentação e o terceiro não recebeu o líquido. Quando chegaram à idade de receber alimentos sólidos, os filhos das mulheres dos dois primeiros grupos foram mais receptivos a um cereal com sabor de cenoura.
Conclusão: o paladar infantil começa a se formar bem cedo. "A partir dos 2 anos, quando o apetite dos pequenos naturalmente diminui, os pais devem incentivá-los a experimentar novos sabores", diz Virgínia Weffort, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Afinal, como defendem os nutricionistas, em um adágio clássico, come melhor quem come de tudo, com variedade.
São Paulo - Um bebê roliço, de bochechas rosadas, dobrinhas por todo o corpo e pezinhos como pãezinhos enche os olhos da mamãe e é o orgulho do papai. Pois é... Apesar de tudo o que já foi dito e escrito sobre os perigos da obesidade infantil, para a maior parte dos pais, criança gorda é criança saudável. Em um artigo publicado na mais recente edição da revista científica Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, revelam quão enganadas estão as mães quando o assunto é o peso de seus rebentos.
Foram acompanhadas 281 mulheres, com filhos entre 12 e 32 meses. Para começar, a maioria teve dificuldade para definir quanto os bebês pesavam. As que mais erraram foram justamente as mães das crianças obesas. E, pior, 81,7% delas estavam satisfeitas com a compleição física dos pequenos — como se o acúmulo de tecido adiposo fosse uma espécie de atestado de saúde e bons tratos. Não é assim. Lê-se na conclusão do trabalho de Maryland: "Os hábitos alimentares são influenciados pela percepção materna do tamanho das crianças. Impressões equivocadas podem levar a comportamentos inapropriados em relação à alimentação".
O excesso de peso antes dos 5 anos tende a se estender pela adolescência. E o risco de uma criança gorda se tornar um adulto obeso aumenta exponencialmente quanto maior for a demora para controlar o problema. Aos 10 anos, esse perigo chega a 80% (veja o quadro ao lado). Atualmente, a obesidade infantil atinge 16,6% dos meninos brasileiros com idade entre 5 e 9 anos e 11,8% das meninas na mesma faixa etária.
Em meados da década de 70, os índices eram, respectivamente, 2,9% e 1,8%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Tornam-se frequentes nos consultórios dos pediatras crianças vítimas de problemas típicos dos adultos, como colesterol alto, hipertensão e diabetes tipo 2", diz Marcelo Reibscheid, pediatra do Hospital São Luiz, em São Paulo. A obesidade infantil pode antecipar em dez a vinte anos a manifestação de doenças cardiovasculares.
A maioria das crianças obesas está nessa situação em decorrência de um estilo de vida totalmente inadequado. Elas comem de mais, especialmente gordura saturada e açúcar, e se exercitam de menos. A obesidade infantil se faz em casa — e começa a se desenhar na gravidez, com os hábitos alimentares da mãe. O ser humano tem um apreço natural pelos sabores adocicados.
Com 24 semanas de gestação, os fetos já conseguem distinguir diferenças de sabor no líquido amniótico — e dão preferência aos mais docinhos. Um dos estudos mais fascinantes sobre o assunto foi feito no início dos anos 2000 por pesquisadores da Universidade da Filadélfia, nos Estados Unidos.
Eles dividiram 46 grávidas em três grupos. O primeiro tomou suco de cenoura durante a gestação. O segundo, somente na amamentação e o terceiro não recebeu o líquido. Quando chegaram à idade de receber alimentos sólidos, os filhos das mulheres dos dois primeiros grupos foram mais receptivos a um cereal com sabor de cenoura.
Conclusão: o paladar infantil começa a se formar bem cedo. "A partir dos 2 anos, quando o apetite dos pequenos naturalmente diminui, os pais devem incentivá-los a experimentar novos sabores", diz Virgínia Weffort, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Afinal, como defendem os nutricionistas, em um adágio clássico, come melhor quem come de tudo, com variedade.