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Bateria de laptop superaquecida pode derrubar avião, diz estudo

A pesquisa ressalta os riscos crescentes das baterias de lítio, cada vez mais usadas para alimentar de tudo, de telefones celulares a videogames

Avião caindo: sistemas de controle não são capazes de extinguir um incêndio (muratart/Thinkstock)

Avião caindo: sistemas de controle não são capazes de extinguir um incêndio (muratart/Thinkstock)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 14h54.

Se um único aparelho eletrônico pessoal esquentar demais e pegar fogo dentro de uma bagagem despachada em um avião, é possível que o sistema de extinção de incêndio da aeronave seja insuficiente para evitar um incêndio descontrolado, segundo uma nova pesquisa do governo dos EUA.

Os órgãos reguladores pensavam que incêndios pontuais de baterias de lítio seriam debelados pelo gás retardador de chama exigido para os compartimentos de carga dos aviões de passageiros. Mas testes realizados pela Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) apontaram que os sistemas de controle não são capazes de extinguir um incêndio em uma bateria combinado a outros materiais altamente inflamáveis, como o gás de uma lata de aerossol ou cosméticos normalmente transportados pelos passageiros.

“Pode causar um problema que comprometeria a aeronave”, disse Duane Pfund, coordenador do programa internacional da Administração de Segurança de Materiais Perigosos e Oleodutos dos EUA (PHMSA, na sigla em inglês), em discurso, na quarta-feira, em um fórum sobre segurança da aviação em Washington. A PHMSA regula materiais perigosos em aviões juntamente com a FAA.

A pesquisa ressalta os riscos crescentes das baterias de lítio, cada vez mais usadas para alimentar de tudo, de telefones celulares a videogames. Os carregamentos a granel de baterias de lítio recarregáveis são proibidos em aviões de passageiros.

As descobertas feitas no ano passado pela FAA levaram o governo a defender que a Organização da Aviação Civil Internacional das Nações Unidas pedisse a proibição de aparelhos eletrônicos maiores que um telefone celular em malas despachadas. O esforço foi insuficiente, disse Pfund.

“De uma forma ou de outra, precisamos lidar com esses perigos”, disse Scott Schwartz, diretor do programa de produtos perigosos da Associação de Pilotos de Empresas Aéreas (Alpa, na sigla em inglês). A Alpa, que é a maior associação de pilotos da América do Norte, está realizando sua conferência anual de segurança.

A Alpa não assumiu nenhuma posição formal a respeito da proibição às baterias de lítio nas malas despachadas e existe o temor de que muitos passageiros simplesmente a ignorem. A associação busca que no mínimo haja mais campanhas de conscientização para diminuir a possibilidade de os viajantes colocarem baterias sobressalentes e aparelhos eletrônicos nas malas despachadas.

Apesar de os incêndios em itens das bagagens de mão também criarem riscos durante os voos, a experiência mostrou que eles podem ser extintos com água. Mas durante o voo a tripulação não consegue chegar às malas que estão no compartimento de carga, por isso deve confiar nos sistemas de extinção de incêndio do avião.

Os testes da FAA apontaram que o gás anti-incêndio halon instalado nos compartimentos de carga dos aviões não extinguiria o fogo de uma bateria de lítio, mas evitaria que a chama se espalhasse para materiais adjacentes, como papelão ou roupas.

No entanto, latas de aerossol explodiram nos testes mesmo depois de serem banhadas pelo gás halon, concluiu a FAA.

“Existe o potencial de o evento resultante superar a capacidade de enfrentamento do avião”, informou a FAA, em comunicado às empresas aéreas, no ano passado.

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