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‘Bateria de celular com maior vida útil é questão de tempo’, diz IEEE

Autonomia de uso é fator decisivo para a maioria dos consumidores

Bateria (Flickr/FastJack)

Bateria (Flickr/FastJack)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 10 de novembro de 2014 às 16h30.

A duração da bateria é um item que preocupa usuários de smartphones de acordo com pesquisa realizada pela consultoria IDC, em maio deste ano. Mais de 50% dos donos de aparelhos com sistemas Android, iOS e Windows Phone apontaram a autonomia de uso como um fator decisivo na escolha de um novo celular.

INFO conversou sobre o tema com Kyle Wiens, CEO do iFixit, uma empresa que desmonta gadgets e avalia a facilidade de realizar reparos. O executivo também é membro do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos), cuja meta é promover conhecimentos de engenharia, bem estabelecer padrões de formatos para computadores e dispositivos móveis.

Leia a entrevista com Wiens, na íntegra, a seguir.

INFO: A tecnologia de armazenamento e gestão de energia para celulares evoluiu muito nos últimos 20 anos? Quais pontos você aponta como os principais avanços?
Kyle Wiens: 
Sim, embora as baterias de polímero de lítio tenham passado relativamente sem mudanças nos últimos dez anos e tenha existido um real “salto quântico” nesse período, assim como aconteceu quando passamos a usar o lítio. A principal melhoria é que não há uma memória, portanto, não importa se você descarregou completamente o seu aparelho ou não, então, você pode usar só um pouquinho dela [sem prejudicá-la].

INFO: A bateria dos celulares durava muito mais no início dos anos 2000?
Kyle Wiens: As baterias dos celulares duravam mais porque elas não precisavam ser recarregadas com tanta frequência. Baterias de celular tendem a durar 400 ciclos de carga. Por isso, aparelhos mais velhos duravam mais, porque você não os dava tantas recargas, uma carga poderia durar por até uma semana, às vezes. Agora, todos nós recarregamos nossos smartphones ao menos uma vez ao dia, então, você precisa trocar de bateria com mais frequência.

INFO: Até que ponto a otimização de software pode ajudar na gestão energética?
Kyle Wiens: Qualquer coisa que reduza a quantidade de energia consumida melhora a duração da bateria. Por isso, tornar um navegador de internet mais eficiente, um sistema mais eficiente, tudo isso colabora com a gestão de energia.

INFO: Há empresas que sugerem a conversão de energia cinética em elétrica como uma solução para o recarregamento de smartphones ou baterias portáteis. Essa solução poderia ser aplicada, por exemplo, a um iPhone? Por quê? Se possível, de que forma?
Kyle Wiens: Não consigo imaginar isso realmente acontecendo no dia a dia. Os conversores de energia cinética tendem a ser grandes e de difícil transporte, o que pode complicar a aplicação deles para um iPhone.

INFO: Como você encara o Motorola Droid Turbo, que pode oferecer até seis horas de bateria com uma única carga de 15 minutos?
Kyle Wiens: Esse é um método de recarga rápida, se você mexer nos circuitos de energia certos, isso pode ser eficiente, mas é apenas um recurso de conveniência do que qualquer outra coisa.

INFO: Quantas recargas, em média, um smartphone topo de linha pode aguentar durante sua vida útil antes de começar a perder performance?
Kyle Wiens: A Apple diz que o iPhone oferece 500 ciclos de carga e o usuário ainda terá 80% da capacidade original — embora consideremos essa estimativa extraordinariamente otimista. Tipicamente, celulares são projetados para aguentarem 400 ciclos, acreditamos que depois de um ou dois anos você vai precisar de uma nova bateria para o seu smartphone.

INFO: Algum dia uma empresa irá criar uma bateria com maior limite de recargas antes do início da perda de capacidade?
Kyle Wiens: Sim, com certeza, é apenas uma questão de tempo. A densidade de energia nas baterias é muito mais baixa que a da gasolina, portanto, é teoricamente solúvel.

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