Jovens mexendo no celular: há um esforço dos bancos para incentivar os meios digitais, reduzindo o número de pessoas nas agências e aumentando a rentabilidade da operação (gpointstudio/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2015 às 09h20.
São Paulo - Com uma demanda ainda mais tímida por crédito, os grandes bancos tentam deslanchar outros canais, principalmente, os aplicativos de celular para incentivar o crescimento dos empréstimos.
Bradesco e Banco do Brasil miram neste ano ultrapassar R$ 1 bilhão cada um em recursos liberados por este meio.
Embora o volume seja pequeno se comparado às carteiras de créditos de ambas as instituições, mostra o esforço dos players do varejo bancário em incentivar os meios digitais, reduzindo o contingente de pessoas nas agências e, ao mesmo tempo, aumentando a rentabilidade da operação.
No BB, os desembolsos de crédito por aplicativo de celular já somam R$ 450 milhões neste ano, montante acima do registrado em todo o exercício de 2014, que atingiu R$ 360 milhões.
Ante 2013, o crescimento chega a 275%. Dos mais de R$ 1 bilhão estimados pelo BB neste ano, cerca de 40% devem ser consignado, ou seja, com desconto em folha de pagamento.
Marco Antônio Mastroeni, diretor de Negócios Digitais do BB, disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que a contratação de crédito por celular tem muito espaço para crescer pelo fato de parte dos clientes ainda estar mais adaptada ao internet banking, um ambiente mais amigável e também consolidado.
Barreiras
Pesquisa feita pela CA Technologies, que fabrica soluções tecnológicas para a indústria bancária, mostra que ainda há uma lacuna entre a percepção do setor e os usuários dos aplicativos em relação ao quão bem os bancos atendem suas expectativas.
No mundo financeiro, a diferença entre as duas avaliações chega a 15%.
Além disso, o principal canal de oferta de crédito ainda é a agência bancária.
Na prática, porém, os bancos estão debruçados na transferência de diversos processos como pagamento de contas, crédito e outros para os canais digitais em um esforço de transformar a rede física em espaços de negócios, com um menor volume de clientes e caixas humanos, mas, em contrapartida, um maior retorno.
O Bradesco aposta em um modelo híbrido de atendimento, conforme Maurício Minas, vice-presidente executivo do banco. Segundo ele, o mundo físico e o digital têm de conviver.
Atualmente, 11% dos 26,6 milhões de clientes do Bradesco são digitais e não vão mais às agências. Nos últimos dias, 1,4 milhão passaram a utilizar o aplicativo do banco.
A tendência, segundo Minas, é de crescimento de número de usuários e liberação de crédito pelo canal mobile, uma vez que à medida que o banco cruze informações do cliente pode sugerir produtos e serviços pelo aplicativo como, por exemplo, a troca de uma dívida por uma modalidade de empréstimo com taxas mais atrativas.
Cerca de 92% das transações bancárias do Bradesco já ocorrem em canais digitais.
O BB espera migrar todos os seus clientes com renda acima de R$ 4 mil, um contingente de 5,7 milhões de clientes, até o final de 2016 para esses meios.
Consultado, o Itaú Unibanco afirmou que não abre os números sobre crescimento nos empréstimos por smartphone.
O banco traçou a meta ter 300 mil clientes digitais no Itaú Personnalité, clientes com renda acima de R$ 10 mil na grande São Paulo, e 1 milhão no segmento Uniclass, acima de R$ 5 mil, ao final deste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.