Tecnologia

Ascenty atinge a liderança e mostra fôlego para crescer após aquisição

Fundada em 2010 e gigante no setor de data centers, a Ascenty planeja faturar 1 bilhão de reais neste ano e pode dobrar este valor já em 2022

Ascenty: companhia detém 21,4% do mercado de datacenters da América Latina (Germano Lüders/Exame)

Ascenty: companhia detém 21,4% do mercado de datacenters da América Latina (Germano Lüders/Exame)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 8 de dezembro de 2020 às 11h31.

A Ascenty conquistou a liderança do mercado de data centers da América Latina. Em um estudo obtido com exclusividade pela EXAME, a companhia fundada em 2010 pelo americano Chris Torto obteve um percentual de 21,4% do setor, contra 18,8% da segunda colocada (que não foi revelada). Com o crescimento no continente, a empresa deve atingir seu primeiro bilhão de reais em receita neste ano e mostra que acertou em sua estratégia.

O negócio talvez não tenha o charme de startups bilionárias que ganharam a atenção do público e de investidores que despejam bilhões de dólares em aportes a cada ano criando diversos unicórnios. A Ascenty, porém, montou sua operação quase que como uma veterana do mercado de tecnologia da informação. E a estratégia rendeu frutos.

Em 2018, a empresa foi adquirida pela Digital Realty e pela gestora Brookfield por 1,8 bilhão de dólares. O negócio foi fundamental para que a companhia captasse dinheiro para crescer. “Cada data center custa 50 milhões de dólares. Precisávamos de sócios que não somente tinham capital para investir, mas com conhecimento”, diz Torto, que permanece como presidente.

Torto, que chegou ao Brasil em 1988 para trabalhar na Digital Equipment Corporation, ainda é acionista da empresa que fundou. A Ascenty, inclusive, nasceu somente três anos após o executivo vender a Vivax, empresa de TV por assinatura para a NET por 1,3 bilhão de reais – quase que como se estivesse prevendo o impacto do streaming no setor.

Se na Vivax Torto talvez tivesse previsto o declínio do mercado com a iminente chegada do streaming, agora o executivo sabe que está em um mercado em franco crescimento. Segundo a consultoria Gartner, gastos com infraestrutura de data center devem crescer 6% e chegar a 200 bilhões de dólares em 2021. E a previsão é de que o setor continue crescendo pelo menos até 2024.

O dinheiro obtido com a Digital Realty e com a Brookfield foi fundamental para que a companhia crescesse no Brasil e na América Latina. No número de data centers, a principal concorrente tem apenas 10 unidades, enquanto a Ascenty tem 22 data centers no continente. Um deles foi inaugurado recentemente, em novembro deste ano. A instalação em Santiago foi a primeira no Chile e fruto de um investimento de 270 milhões de dólares da companhia no país vizinho.

Este valor também inclui um segundo data center, com previsão de ser inaugurado em 2022. O Chile, assim, se tornou um dos principais mercados para a companhia fora do Brasil. O México, onde a empresa também vai construir dois data centers em Querétaro, é outro mercado visto com atenção. A Colômbia corre por fora.

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Ascenty: no Brasil, um dos datacenters da companhia fica em Jundiaí, no interior de São Paulo (Germano Lüders/Exame)

“Hoje são esses quatro mercados na América Latina onde queremos operar, mas o Brasil sempre vai ter entre 70% ou 80% dos negócios no continente”, afirma Torto. O executivo explica que 98% do faturamento da companhia em 2020 deve vir do mercado brasileiro. “A expectativa é de que, no futuro, uma fatia de 20% do faturamento venha do exterior.”

Em números, isso significa que as operações por aqui devem render quase a totalidade da receita de 1 bilhão de reais esperada em 2020. Para 2021, a previsão é de crescimento em 40% e 50%, fazendo o que a companhia fature algo próximo de 1,5 bilhão de reais no ano que vem. “Isso mostra o nosso compromisso com o crescimento”, afirma Torto.

A empresa é lucrativa, mas Torto não revela números neste ponto. O executivo apenas disse que a empresa deve investir algo próximo de 1,5 bilhão de reais, quase tudo o que pretende faturar em 2021, no desenvolvimento de novos data centers. Deste valor, cerca de 600 milhões de reais devem ser aportados nos negócios da empresa fora do país.

A crise do novo coronavírus não parece ter atrapalhado os planos da Ascenty. Pelo contrário, ao acelerar a digitalização do mercado, a covid-19 impulsionou os negócios. “Nossos clientes expandiram seus serviços de computação em nuvem e a demanda aumentou drasticamente a partir do fim de março”, diz Torto.

Antes da crise, a Ascenty já planejava chegar aos 2 bilhões de reais de faturamento em 2022. Se mantiver o ritmo de crescimento estipulado atualmente, com uma alta de 50% ao ano, o negócio criado por Torto não apenas vai atingir esta meta, como vai superá-la.

 

 

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