As 5 drogas mais viciantes do mundo e como agem no corpo
Pode ser uma surpresa para você, porém duas drogas consideradas legais fazem parte desse ranking
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2016 às 07h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h18.
São Paulo – O álcool e o cigarro podem ser drogas legais, mas você sabia que elas causam mais dependência do que a maconha, que é ilegal no Brasil? Existem tantas concepções erradas com relação ao uso das drogas –- o que dificulta o desenvolvimento de políticas inteligentes – que David Nutt, um pesquisador britânico, resolveu desenvolver uma escala para avaliar exatamente o quanto elas são viciantes. Ele reuniu dois grupos de peritos para analisar o risco de dependência de 20 medicamentos diferentes. O estudo separou as drogas em três componentes: o grau de prazer que ela dava ao usuário e as dependências psicológica e física causadas na pessoa. Os cientistas precisaram avaliar cada variável numa escala de 0 a 3. Depois, os três componentes foram reunidos no ranking. Veja o resultado encontrado por Nutt e os outros pesquisadores na galeria a seguir:
A heroína recebeu três de pontuação (de um máximo de três) na análise de Nutt. Segundo o estudo, essa droga dá a mesma quantidade de sensação de prazer que a cocaína. Porém, a heroína causa mais dependência física e psicológica ao usuário. Derivada do ópio e sintetizada a partir da morfina em 1898, a heroína já foi considerada uma solução para os viciados em morfina. Atualmente, ela é classificada como a segunda droga mais prejudicial do mundo para os usuários e a sociedade, segundo um estudo do Comité Científico Independente sobre Drogas do Reino Unido. Vários fatores causam a dependência da heroína. O primeiro está relacionado com os sistemas digestivo e nervoso, onde os efeitos de tontura e letargia são associados, primeiramente, a uma percepção de euforia e leveza. Aliás, esse opiáceo faz com que o nível de dopamina no cérebro aumente em até 200%, de acordo com uma pesquisa do Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA feito em animais. Além disso, a droga também diminui a sensação de angústia por acionar a função depressora no sistema nervoso central, onde chegam as informações relacionadas aos cinco sentidos humanos e da onde partem as ordens para os músculos. Por isso, muitas pessoas não sentem dores físicas sob o efeito da heroína. Como é injetada diretamente na corrente sanguínea, a heroína reage rapidamente no corpo. Geralmente, seus efeitos duram de duas a quatro horas. Além de ser extremamente viciante, a dose de heroína que pode causar a morte é apenas cinco vezes maior do que a necessária para uma pessoa sentir seus efeitos.
Segundo a pesquisa de Nutt, a cocaína é uma droga que causa dependência psicológica maior do que física. Aliás, a vontade física de inalar, fumar ou injetar essa droga é menor do que a necessidade de usar o tabaco, de acordo com o estudo. Nascida nos Andes, onde o povo da região tem o costume de mascar a folha de coca como estimulante para as vias aéreas, a cocaína foi utilizada pelos europeus como tônico e analgésico – a própria Coca-Cola tinha em sua composição química a coca até 1903. Em essência, a cocaína impede que os neurônios desliguem a dopamina do cérebro, causando uma ativação anormal na região de recompensa. Um dos efeitos desse recebimento desenfreado é o sentimento de euforia. Além disso, tanta dopamina no corpo pode gerar um aumento da pressão sanguínea e, consequentemente, a parada do coração. Para continuar a ter as sensações agradáveis dos primeiros usos, os dependentes da cocaína necessitam de doses cada vez maiores. O uso intenso e frequente da droga pode causar distúrbios mentais, como mania de perseguição, e lesões cerebrais. Ademais, a pessoa tem muita insônia e começa a perder muito peso devido à falta de apetite. É a partir do composto da cocaína que é feito o crack, outra droga altamente viciante. Aliás, o crack é classificado por especialistas como a terceira droga mais prejudicial para o usuário e para a sociedade – a cocaína aparece em quinto lugar.
Segundo especialistas, a nicotina é a sexta droga mais perigosa do mundo para os usuários e a sociedade. Composto principal do tabaco, ela é rapidamente absorvida pelos pulmões quando utilizada e chega ao cérebro em questão de segundos. Existem dois tipos de nicotina: a ácida e a alcalina. A primeira é ionizada e não atravessa as mucosas da boca. Por isso, ela precisa passar pelos alvéolos do pulmão para ser alcalizada e transportada para o cérebro. Já a segunda é absorvida pela boca, levando a droga para o cérebro a partir da corrente sanguínea. Desse modo, ela causa mais dependência. Quem descobriu esse poder da nicotina alcalina foi a Phillip Morris. Para tornar seus cigarros ainda mais necessários para seus clientes, a empresa começou a adicionar amônia (uma substância alcalina) ao tabaco e, com isso, produziu o cigarro Marlboro. A crise de abstinência da nicotina acontece quando os neurônios “notam” que ela está sendo excretada pelo corpo e não está mais nos receptores do cérebro. Isso provoca um alto grau de ansiedade nos usuários. Em 2002, a OMS estimou que existe mais de um bilhão de fumantes no mundo e que o tabaco irá matar mais de oito milhões de pessoas até 2030.
A metadona é utilizada, geralmente, no tratamento de viciados em heroína, pois ela alivia sintomas característicos do consumo da droga, como perda de libido, diarreia, dores nas articulações e nervosismo. Essa droga tem uma composição parecida com a da morfina e age nos mesmos receptores, por isso causa efeitos similares. A principal diferença entre as duas é que a metadona dura mais tempo no cérebro (cerca de 24h), enquanto a morfina age durante oito horas. Além disso, a metadona causa uma síndrome de abstinência física mais leve e prolongada. Porém, como a heroína, ela também é um opiáceo capaz de causar dependência se usada irregularmente. No Brasil, a metadona é utilizada como um analgésico poderoso contra a dor crônica – principalmente, no tratamento de câncer. Por ser uma substância tóxica, ela deve ser extremamente controlada. Quando misturada com sedativos ou álcool, a metadona pode ser potencializada provocando uma overdose no usuário.
Inicialmente usado para tratamentos de ansiedade e insônia, o barbitúrico pode ser injetado no músculo ou diretamente na corrente sanguínea e também inserido via oral. Quando consumido, ele atinge o sistema central nervoso e interfere na sinalização de produtos químicos no cérebro. Desse modo, ele consegue desligar várias regiões, causando dormência nos músculos e trazendo a sensação de euforia. Porém, em doses elevadas, ele pode ser letal, pois suprime a respiração. Antes de existir normas e leis que dificultam uma pessoa a obter um barbitúrico, ele era uma droga de fácil acesso, o que causou a dependência e a morte de muitas pessoas. A quantidade de falecimentos é alta devido ao alto risco de overdose desse composto -- sua dose letal é próxima do nível de uma dose normal. Se misturado com álcool ou outros tranquilizantes, a chance de sobre dosagem é ainda maior. Alguns remédios que levam barbitúricos em sua composição são o luminal, o veronal e o gardenal. Suas ações variam de curta, intermediária e prolongada, dependendo do paciente.
Apesar de ser considerada uma droga legal, o álcool possui muitos efeitos nocivos no cérebro. Por isso, a substância ficou em sexto lugar no ranking criado pelo estudo de Nutt. Droga depressora que afeta o sistema nervoso central do cérebro, o álcool causa desinibição e euforia -- isso porque ele aumenta os níveis de dopamina na região de recompensa. Em um experimento publicado no Jornal de Farmacologia, animais receberam doses de álcool e seus níveis de dopamina cresceram de 40% para 360%. Detalhe: quanto mais eles bebiam, mais os níveis aumentavam. De acordo com um estudo feito pela Universidade de Columbia, nos EUA, 22% das pessoas que ingerirem bebidas alcoólicas irão desenvolver dependência em algum momento da vida. Mais de três milhões de pessoas morreram em 2012 devido a danos causados pelo uso exagerado de álcool, segundo a OMS.
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