Tecnologia

Apple iTV, o misterioso televisor de Steve Jobs

A biografia de Steve Jobs revelou que o fundador da Apple trabalhava no projeto de um televisor elegante e fácil de usar

Jobs descreveu seu televisor como um aparelho totalmente sincronizado com outros dispositivos do usuário (Guilherme Schasiepen)

Jobs descreveu seu televisor como um aparelho totalmente sincronizado com outros dispositivos do usuário (Guilherme Schasiepen)

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Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2011 às 17h22.

São Paulo — A lista de não-produtos da Apple – onde já estão iPhone 5, iPad 3 e iPad HD – ganhou mais um item nos últimos dias: o iTV. Desde que Walter Isaacson escreveu, em sua muito comentada biografia de Steve Jobs, que o fundador da Apple pensava bastante em como melhorar o televisor, muita gente teve certeza de que a Apple tem um iTV no forno.

O relato de Isaacson veio reforçar um rumor que existe há muitos anos – o de que a Apple entraria no mercado de televisores. A empresa já tem um produto nessa área, o Apple TV, um pequeno dispositivo eletrônico que recebe imagens da internet ou de um computador e envia ao televisor. Além disso, os monitores Apple Cinema Display podem exibir filmes em alta resolução. Eles só não têm o receptor de TV propriamente dito. 

Isaacson diz que Jobs “queria fazer pelos televisores o que havia feito pelos computadores, players de música e celulares: torná-los simples e elegantes”. Ele cita o fundador da Apple dizendo: “Eu gostaria de criar um televisor integrado totalmente fácil de usar. Ele trabalharia em sincronismo perfeito com todos os dispositivos eletrônicos do usuário e com o iCloud”.

Eu resolvi

A ideia de Jobs era que as pessoas não precisassem mais usar meia dúzia de controles remotos cheios de botões para comandar os aparelhos na sala. “Ele terá a mais simples interface com o usuário que você puder imaginar. Eu finalmente resolvi isso”, disse Jobs. 

Esta última frase (“I finally cracked it” no original em inglês) é que deu a entender que o iTV estaria muito perto de virar realidade. Como já havia acontecido com o iPhone 5 e o iPad 3, ilustrações mostrando como poderá ser o televisor da Apple começaram a surgir na internet. Algumas das melhores foram criadas pelo brasileiro Guilherme Schasiepen (acima). 


E como seria o iTV? Nos desenhos de Schasiepen, é um televisor com uma fina tela sensível ao toque, um logotipo em forma de maçã na traseira e nenhum botão de controle na frente – como é esperado de um produto da Apple. Uma câmera na parte superior seria usada para bate-papos com vídeo usando o recurso FaceTime, existente em outros produtos da Apple.

O iTV trabalharia conectado à internet e receberia imagens do iCloud e de outros dispositivos. A transmissão seria feita por meio do recurso AirPlay, também já existente em outros produtos da Apple. A tela seria 3D, mas com tecnologia que dispensa o uso de óculos para a visualização. Além disso, o televisor traria o software Siri, do iPhone 4S, que recebe comandos de voz do usuário.

Controles remotos

Tudo isso é possível, é claro, mas não resolveria o problema dos múltiplos controles remotos com muitos botões. Afinal, a maioria dos potenciais compradores do iTV teria também outros aparelhos, como decodificador de TV a cabo, player de Blu-ray, console para jogos e home theater. E cada um deles tem seu próprio controle. 

Por mais que a Apple caprichasse na interface, no instante em que o usuário ligasse, por exemplo, seu decodificador de TV a cabo, ele passaria a ver, na tela, os menus da operadora de TV. Em outras palavras, o fabricante do televisor não é 100% dono da interface com o usuário. O aparelho exibe também as interfaces dos outros dispositivos conectados a ele.

Steve Jobs estava consciente dessas dificuldades. Num debate durante o evento D8, no ano passado, ele respondeu a uma pergunta sobre o assunto: “A única maneira de mudar isso é voltar ao princípio, desmantelar o decodificador, começar do zero com uma interface redesenhada e apresentá-la ao consumidor de forma que ele aceite pagar por isso. E, no momento, não há nenhuma maneira de fazer isso. Esse é o problema com o mercado de TVs.”


Mas não é só isso. A estratégia habitual da Apple é ter produtos atraentes e avançados para poder cobrar mais do que os concorrentes. Assim, a empresa se mantém bastante lucrativa. No mercado de televisores, porém, é difícil se diferenciar dos concorrentes. Todos os aparelhos da geração mais recente têm praticamente os mesmos recursos – acesso à internet, tela full HD, imagens em 3D e várias entradas HDMI para a ligação de dispositivos externos. 

A maioria dos consumidores se sente satisfeita com esse cardápio de recursos e não acha que o controle remoto cheio de botões seja um grande problema. Além disso, a variedade de programas e filmes não depende, é claro, do televisor. Todos têm acesso à mesma programação. Assim, é provável que poucas pessoas estejam dispostas a pagar mais para ter o logotipo da maçã e uma interface mais simples e elegante no televisor. 

Baixas no mercado

Na verdade, a competição entre os fabricantes tem estreitado as margens nessa área. A Philips, um dos fabricantes mais tradicionais, colocou a venda seu negócio de televisores neste mês. Uma estimativa corrente no mercado indica que a empresa holandesa perdeu 1 bilhão de euros nessa área nos últimos quatro anos. A Sony, que também enfrenta dificuldades na área de TVs, divulgou que vai dividi-la em três para reduzir custos e atender melhor a segmentos específicos.

E nenhuma dessas duas empresas pode ser acusada de ter produtos ultrapassados. Ambas contam com as tecnologias mais recentes, também encontradas em produtos das rivais LG e Samsung, que hoje lideram esse mercado. Considerando tudo isso, é muito provável que, pelo menos por enquanto, o Apple iTV continue sendo apenas fruto da imaginação fértil de designers como Schasiepen – a menos que a empresa da maçã tenha mesmo algo muito surpreendente para anunciar.

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