Apple enquadra livrarias, mas a briga está longe do fim
Amazon, Barnes & Noble e até o Google cederam às exigências da Apple para a venda de livros digitais no iPhone e no iPad. Mas a briga está longe de terminar
Maurício Grego
Publicado em 26 de julho de 2011 às 19h20.
São Paulo — Nesta semana, a Apple marcou seu ponto na disputa que vinha travando com as livrarias online. Praticamente todas elas eliminaram, dos seus aplicativos para iPhone e iPad, o botão que levava o usuário a uma loja na web para a compra de livros. Mas a tecnologia HTML 5 já começa a ser vista como um possível caminho para essas livrarias fugirem da taxa de 30% cobrada pela Apple sobre as vendas na App Store.
Quem mostrou esse caminho a elas foram publicações como a Playboy e o jornal Financial Times. A revista colocou todas as suas edições num site na web otimizado para ser visto no iPad. Já o jornal possui, desde abril, um aplicativo para iPad construído com a linguagem HTML 5. O usuário chega até ele digitando o endereço app.ft.com no browser, sem passar pela App Store. Diferentemente de um site comum, o aplicativo armazena o conteúdo localmente. Assim, é possível vê-lo mesmo que não haja conexão com a internet. E as assinaturas são processadas fora da App Store. Assim, o Financial Times e a Playboy não pagam comissão à Apple.
Essas experiências já começam a inspirar outras empresas. Nesta semana, o noticiário americano Cnet divulgou que a livraria canadense Kobo está desenvolvendo um e-reader para iPad em HTML 5. Ele seria uma alternativa aos aplicativos distribuídos por meio da App Store e um seguro para o caso de a Apple mudar as regras do jogo novamente.
Declaração de guerra
A Apple fez sua declaração de guerra às livrarias em fevereiro. A empresa estabeleceu novas normas que proibiram que os aplicativos para iPad e iPhone direcionassem os usuários a lojas na web. A venda de conteúdo só poderia ser feita dentro do aplicativo, usando o sistema de cobrança da App Store. Assim, a Apple assegurava que receberia 30% do valor como comissão.
Os aplicativos de venda de e-books de lojas como Amazon, Barnes & Noble, a canadense Kobo e a brasileira Saraiva escapavam da cobrança dos 30% encaminhando o comprador a um site na web. Além de proibir isso, a Apple estipulou que o preço dos livros no aplicativo não poderia ser maior que na loja da empresa na web. Assim, as livrarias foram impedidas de repassar ao consumidor o custo da comissão de 30%. A Apple avisou às livrarias que teriam até 30 de junho para se adequar às normas.
Num mercado de margens apertadas, essa comissão de 30% pode inviabilizar alguns negócios. Uma das primeiras vítimas foi a BeamItDown, empresa que criou o aplicativo iFlow Reader, para iPad e iPhone. Quando a BeamItDown fechou as portas, em maio, seus diretores divulgaram um comunicado irado. O texto destaca o fato de a Apple ter mudado as regras no meio do jogo. “A Apple tornou impossível, para qualquer empresa, exceto ela mesma, ter lucro vendendo livros em dispositivos com o iOS”, diz o texto.
O botão proibido
Outras empresas continuaram vendendo seus livros normalmente enquanto a data limite, 30 de junho, não chegava. Em junho, porém, a Apple fez nova mudança nas normas da App Store, aliviando um pouco as restrições. Continua sendo proibido encaminhar o usuário a uma loja na web. No entanto, a Apple passou a permitir que os aplicativos exibam conteúdo comprado fora da App Store. Em outras palavras, desde que o usuário navegue por sua própria conta até a loja, as novas normas não impedem que ele veja o conteúdo no iPad e no iPhone.
Nesta semana, ao que parece, a empresa resolveu obrigar as livrarias a se adequar à nova regra. As principais já fizeram isso. A Amazon, por exemplo, liberou uma atualização que eliminou o botão Shop in Kindle Store do seu aplicativo Kindle. A Barnes & Noble divulgou um aviso dizendo que teria uma nova versão com mais recursos para a visualização de revistas e sem o link para a loja online. Já o Google Books chegou a sumir temporariamente da App Store para, depois, reaparecer enquadrado nas normas da Apple. Na prática, essas empresas deixaram de vender livros por meio do e-reader.
O mercado, agora, deve acompanhar as experiências das empresas que optarem pelo aplicativo em HTML 5. Tecnicamente, esses aplicativos funcionam bem. A principal dúvida é qual vai ser a reação da Apple se eles começarem a se alastrar. A empresa pode até encontrar uma maneira de bloqueá-los no iPad e no iPhone.
São Paulo — Nesta semana, a Apple marcou seu ponto na disputa que vinha travando com as livrarias online. Praticamente todas elas eliminaram, dos seus aplicativos para iPhone e iPad, o botão que levava o usuário a uma loja na web para a compra de livros. Mas a tecnologia HTML 5 já começa a ser vista como um possível caminho para essas livrarias fugirem da taxa de 30% cobrada pela Apple sobre as vendas na App Store.
Quem mostrou esse caminho a elas foram publicações como a Playboy e o jornal Financial Times. A revista colocou todas as suas edições num site na web otimizado para ser visto no iPad. Já o jornal possui, desde abril, um aplicativo para iPad construído com a linguagem HTML 5. O usuário chega até ele digitando o endereço app.ft.com no browser, sem passar pela App Store. Diferentemente de um site comum, o aplicativo armazena o conteúdo localmente. Assim, é possível vê-lo mesmo que não haja conexão com a internet. E as assinaturas são processadas fora da App Store. Assim, o Financial Times e a Playboy não pagam comissão à Apple.
Essas experiências já começam a inspirar outras empresas. Nesta semana, o noticiário americano Cnet divulgou que a livraria canadense Kobo está desenvolvendo um e-reader para iPad em HTML 5. Ele seria uma alternativa aos aplicativos distribuídos por meio da App Store e um seguro para o caso de a Apple mudar as regras do jogo novamente.
Declaração de guerra
A Apple fez sua declaração de guerra às livrarias em fevereiro. A empresa estabeleceu novas normas que proibiram que os aplicativos para iPad e iPhone direcionassem os usuários a lojas na web. A venda de conteúdo só poderia ser feita dentro do aplicativo, usando o sistema de cobrança da App Store. Assim, a Apple assegurava que receberia 30% do valor como comissão.
Os aplicativos de venda de e-books de lojas como Amazon, Barnes & Noble, a canadense Kobo e a brasileira Saraiva escapavam da cobrança dos 30% encaminhando o comprador a um site na web. Além de proibir isso, a Apple estipulou que o preço dos livros no aplicativo não poderia ser maior que na loja da empresa na web. Assim, as livrarias foram impedidas de repassar ao consumidor o custo da comissão de 30%. A Apple avisou às livrarias que teriam até 30 de junho para se adequar às normas.
Num mercado de margens apertadas, essa comissão de 30% pode inviabilizar alguns negócios. Uma das primeiras vítimas foi a BeamItDown, empresa que criou o aplicativo iFlow Reader, para iPad e iPhone. Quando a BeamItDown fechou as portas, em maio, seus diretores divulgaram um comunicado irado. O texto destaca o fato de a Apple ter mudado as regras no meio do jogo. “A Apple tornou impossível, para qualquer empresa, exceto ela mesma, ter lucro vendendo livros em dispositivos com o iOS”, diz o texto.
O botão proibido
Outras empresas continuaram vendendo seus livros normalmente enquanto a data limite, 30 de junho, não chegava. Em junho, porém, a Apple fez nova mudança nas normas da App Store, aliviando um pouco as restrições. Continua sendo proibido encaminhar o usuário a uma loja na web. No entanto, a Apple passou a permitir que os aplicativos exibam conteúdo comprado fora da App Store. Em outras palavras, desde que o usuário navegue por sua própria conta até a loja, as novas normas não impedem que ele veja o conteúdo no iPad e no iPhone.
Nesta semana, ao que parece, a empresa resolveu obrigar as livrarias a se adequar à nova regra. As principais já fizeram isso. A Amazon, por exemplo, liberou uma atualização que eliminou o botão Shop in Kindle Store do seu aplicativo Kindle. A Barnes & Noble divulgou um aviso dizendo que teria uma nova versão com mais recursos para a visualização de revistas e sem o link para a loja online. Já o Google Books chegou a sumir temporariamente da App Store para, depois, reaparecer enquadrado nas normas da Apple. Na prática, essas empresas deixaram de vender livros por meio do e-reader.
O mercado, agora, deve acompanhar as experiências das empresas que optarem pelo aplicativo em HTML 5. Tecnicamente, esses aplicativos funcionam bem. A principal dúvida é qual vai ser a reação da Apple se eles começarem a se alastrar. A empresa pode até encontrar uma maneira de bloqueá-los no iPad e no iPhone.