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App Musical.ly tem falhas na garantia de segurança ao usuário

App famoso entre jovens e adolescentes tem dificuldades a serem superadas, como impedir cadastro de menores de 13 anos e vetar imagens de nudez

 (./Reprodução)

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EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de abril de 2017 às 11h27.

São Paulo - Usado principalmente por crianças, adolescentes e jovens entre 13 e 23 anos, o Musical.ly tem a responsabilidade de criar um ambiente seguro dentro da rede social, para que os menores de idade possam produzir vídeos e buscar conteúdos de outros usuários com tranquilidade e sem preocupar os pais e responsáveis.

No entanto, a plataforma de vídeos rápidos ainda tem dificuldades que precisam ser superadas, como a criação de mecanismos para impedir crianças de se cadastrarem e vetar a publicação de imagens de nudez.

Ao utilizar a busca de tags disponível dentro da plataforma, a advogada Chiara de Teffé, pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), encontrou conteúdos de garotas nuas na plataforma. Em um vídeo de pouco mais de 15 segundos, uma mulher exibe partes íntimas para a câmera, ao som de músicas do funkeiro MC Kevinho.

Em seu perfil, a usuária que postou os vídeos alega ter 17 anos e tem pouco mais de 100 fãs e 200 curtidas em seu perfil e em seus vídeos. Nos comentários, jovens usuários das redes sociais comentam frequentemente os vídeos postados e pedem novos conteúdos.

"Bastou uma busca um pouco mais aprofundada para conseguir encontrar vídeos com conteúdo adulto", afirma a advogada. "Deveria haver uma forma mais fácil para que usuários denunciassem conteúdos impróprios. Não é uma plataforma fácil de usar."

Para conseguir denunciar conteúdos inapropriados, usuários precisam entrar nas opções do vídeo e procurar o botão "reportar abuso". Assim, o conteúdo será analisado. Para a especialista, uma opção mais visível e de fácil acesso para crianças e pais seria o ideal.

Em nota enviada ao Estado, o Musical.ly afirma que trabalha para impedir que tais problemas aconteçam e que está sempre atento às denúncias de usuários. "O Musical.ly não tolera a veiculação de nenhum tipo de conteúdo adulto ou obsceno no aplicativo. A plataforma possui uma equipe exclusiva dedicada 24 horas por dia para identificar e retirar esse tipo de material, além de realizar o bloqueio das contas. O aplicativo ainda possui um botão para que os próprios usuários reportem e notifiquem conteúdo impróprio", disse a empresa.

O fundador e presidente executivo da companhia, Alex Zhu, afirmou que impedir a veiculação de conteúdo adulto é uma das principais preocupações da plataforma. "Da nossa parte há uma grande preocupação em oferecer o conteúdo certo e que esteja direcionado para a idade dos jovens", disse o executivo ao Estado.

Violação

Além dos problemas com conteúdo impróprio veiculado na rede social, o Musical.ly enfrenta um problema cada vez mais comum para as redes sociais: ter usuários menores de 13 anos cadastrados. De acordo com os termos de uso do Musical.ly, o cadastro de crianças menores de 13 anos é vetado, mas, em uma rápida busca na plataforma, facilmente são encontrados usuários que declaram idade menor do que a permitida na descrição do perfil.

"A maior parte dos usuários do Musical.ly tem entre 8 e 15 anos de idade", explica a "muser" Calú Spallicci, uma das principais celebridades da rede social. "No Musical.ly, a gente se acostumou a fazer uma comédia sem palavrões, mais leve e familiar. As coisas hoje estão sendo feitas mais para as crianças. Afinal, elas têm mais tempo para usar o celular e ficar mexendo nas redes sociais."

Por causa deste público específico, especialistas apontam que é essencial que a rede aprimore o detalhamento no cadastro e, principalmente, promova uma política de educação digital mais constante em escolas e sociedade.

"A rede social precisa de um acompanhamento mais intenso por parte dos pais e dos responsáveis dos usuários", afirma a advogada Chiara de Teffé. "Mas, mais do que isso, é preciso promover a educação digital dos jovens e dos pais em escolas, entidades e na própria internet. Só assim para termos um uso mais responsável das redes sociais. Este é um caminho para que todo mundo use suas redes de maneira mais responsável." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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