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App de relacionamentos expõe dados de usuários e é multado em US$ 11,7 milhões

Aplicativo teria compartilhado a localização precisa de seus usuários, bem como os códigos de rastreamento e o nome utilizado por eles para companhias de publicidade

App de relacionamentos: privacidade foi um problema (Leon Neal / Equipe/Getty Images)

App de relacionamentos: privacidade foi um problema (Leon Neal / Equipe/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 15h13.

O vazamento de dados das pessoas na internet não parece ser exclusividade das redes sociais ou de bancos no mundo todo.

Um processo que corre desde o ano passado contra um aplicativo famoso de relacionamentos teve um fim nesta segunda-feira, 25, quando o app recebeu uma multa de 100 milhões de coroas norueguesas, ou cerca de 11,7 milhões de dólares, por expor os dados de seus usuários.

O Grindr, app de relacionamento gay mais famoso do mundo, teria compartilhado a localização precisa de seus usuários, bem como os códigos de rastreamento e o nome utilizado por eles para, ao menos, cinco companhias de anúncios, que os caracterizavam como LGBTQ para voltar publicidades sem seu consentimento explícito.

Uma das companhias que receberam dados do Grindr foi a MoPub, plataforma de anúncios mobile do Twitter, que pode ter compartilhado as informações coletadas com mais de 100 parceiros.

Segundo o chefe da área de proteção de dados da Noruega, Tobias Judin, a situação não violou somente os direitos de privacidade europeus, mas pode "ter colocado os usuários em risco", uma vez que a exposição pode ser perigosa em países como o Catar e o Paquistão, onde o sexo consensual entre pessoas do mesmo gênero ainda é ilegal.

"Se alguém descobre que as pessoas são gays e conhecem seus movimentos, elas podem ser prejudicadas. Estamos tentando fazer com que esses aplicativos e serviços entendam essa abordagem – não informar os usuários, não ter consentimento para compartilhar seus dados – é algo completamente inaceitável", disse Judin, segundo o The New York Times e a BBC.

O Grindr tem até o dia 15 de fevereiro para recorrer contra a decisão norueguesa. Em nota enviada ao site americano The Verge, o vice-presidente de negócios da companhia afirmou que está "continuamente melhorando nossas práticas de privacidade em consideração à evolução das leis e regulações dos países" e que quer "entrar em um diálogo positivo com a autoridade da Noruega" responsável pela multa.

Essa não é a primeira vez que o Grindr passa por caminhos espinhosos em relação a sua política de privacidade.

Em 2018, o app compartilhou dados sobre usuários que tinham HIV com outras empresas, sob a afirmação de que "isso era um padrão da indústria". Pouco tempo depois, a prática foi abandonada.

No ano passado, uma falha de segurança tornava possível acessar o perfil de qualquer pessoa no aplicativo tendo apenas o endereço de e-mail dela.

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