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Após tsunami, empresas japonesas geram sua própria eletricidade

No nordeste do Japão, devastado por um terremoto seguido de tsunami em março de 2011, uma fábrica da Toyota gera sua própria eletricidade

energia (Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2013 às 12h52.

No nordeste do Japão, devastado por um terremoto seguido de tsunami em março de 2011, uma fábrica da Toyota gera sua própria eletricidade, ainda com a lembrança fresca do grande apagão que paralisou a região.

A usina de montagem que esta empresa tem em Ohira, pequena cidade do município de Miyagi, onde 1.200 operários montam anualmente 120 mil veículos Corolla e Yaris, conta com um sistema de eletricidade gerada pela própria fábrica.

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À primeira vista é difícil imaginar que estas instalações foram duramente castigadas, pouco depois de sua inauguração, pelo grande terremoto de magnitude 9 que abalou todo o município.

Só uma pesada porta de hangar entreaberta dá testemunho de que naquele 11 de março, toda a fábrica ficou paralisada. Primeiro pelas medidas de precaução, depois porque a corrente elétrica ficou cortada durante uma semana, tanto na fábrica quanto no resto da localidade.

Nada se perde

Uma vez passada a crise, "decidimos produzir nossa própria eletricidade", contou à AFP Toshiyuki Nonaka, encarregado da fábrica.

Atualmente, cerca de 70% da eletricidade necessária para as instalações é fornecida por uma pequena usina a gás de 7.800 quilowatts.

E nada - ou quase nada - se perde: a central é equipada com um sistema que usa o calor produzido para secar a pintura das carrocerias e a água em ebulição dos radiadores serve para aquecer uma estufa onde crescem pimentas exploradas pela empresa Toyota Tsusho.

O resultado é uma fábrica que pode continuar sua produção, embora a corrente externa fique interrompida por um dos tremores de terra que regularmente sacodem a região.

"Geramos eletricidade de emergência para nós, mas também para as empresas dos arredores e para o povo", explicou Makoto Sogo, um encarregado da empresa.

Esta produção privada faz parte de uma "comunidade energética" que está conectada à companhia elétrica regional, a Tohoku Electric Power, à qual alivia de parte da carga da rede elétrica e à qual poderia substituir parcialmente caso forea alguma interrupção.

Masahiro Atobe, prefeito de Ohira, tem motivos para comemorar. "Em 2011, a vida diária parou aqui. Queremos evitar a todo custo que esta situação se repita", disse.

"Depois de 2011, todo mundo se deu conta da necessidade de gerir sua própria energia em certa medida, pois até então, o país dependia totalmente das (grandes) companhias", destacou Takanobu Aikawa, do Departamento de Energia da Mitsubishi UFJ Research and Consulting.

Mudança energética radical 'daqui a dez anos'

Os concorrentes da Toyota também apontam nesta direção. A Mitsubishi Motors equipou no ano passado a fábrica de motores que tem em Kioto (oeste) de uma miniusina de gás, a pedido de uma companhia regional de eletricidade.

A montadora, inaugurada em julho passado pela Honda em Yorii (noroeste de Tóquio) é coberta por painéis solares com capacidade total de 2.600 kw e dispõe também de uma usina a gás.

Outra solução que parece ir de vento em popa para reduzir o risco de corte de eletricidade é diversificar os fornecedores, algo que é possível desde que pôs fim ao monopólio da produção energética desde o final dos anos 1990.

A Nissan começou este ano a se beneficiar desta possibilidade em quatro de suas fábricas, entre elas a de Tóquio.

"Infelizmente, não existem estatísticas sobre esta produção 'fora das companhias oficiais'", lamentou Aikawa.

"Mas as mudanças que começaram a acontecer não vão parar e eu prevejo que a situação energética do Japão terá mudado radicalmente daqui a dez anos", acrescentou.

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