A Anistia Internacional, organização que luta pelos direitos humanos, lançou nesta quinta-feira uma nova ferramenta para detectar a presença de software de monitoramento. Chamado de Detekt, o programa para Windows tem apoio da Electronic Frontier Foundation (EFF) e da Privacy International (PI) e foi desenvolvido pelo especialista Claudio Guarnieri.

O aplicativo é relativamente simples e tenta localizar alguns tipos conhecidos de spyware vendidos e usados por governos. Desenvolvidos por empresas como a Gamma International, esses programas são úteis em investigações policiais, mas relatos indicam que eles também já foram utilizados por regimes totalitários para monitorar ativistas e jornalistas.

Justamente por isso, a nova ferramenta divulgada pela Anistia Internacional serve como uma espécie de marco na defesa da privacidade. Ela não é totalmente eficiente, no entanto, como a própria organização alerta no site. Quer dizer, os códigos de várias soluções de espionagem foram vazados, o que colaborou para o desenvolvimento do Detekt – mas esses programas também são atualizados por seus desenvolvedores, de forma que, se ainda não conseguem, devem logo se tornar capazes de burlar um sistema de detecção.

Porta-voz e desenvolvedor no Tor Project, Jacob Appelbaum levantou estes mesmos pontos no Twitter, mas ainda assim incentivou o uso da ferramenta, da mesma forma que fez a EFF. A fundação, aliás, destacou que, apesar dos problemas, espera "que a disponibilização dessa ferramenta nos ajude a detectar algumas infecções em andamento e a dar alguns conselhos a usuários afetados”.

O Detekt – já na versão 1.1 – pode ser baixado pela página oficial ou no GitHub, e tem mais utilidade para jornalistas e ativistas que atuam em áreas de risco. Ainda assim, qualquer um está livre pra usá-la. A interface ainda não foi traduzida para o português, e é preciso estar desconectado da internet antes de fazer a varredura pelo computador.

Se algum software de vigilância ou monitoramento for detectado, o programa emitirá um alerta pedindo para que o usuário não se conecte novamente. Dessa forma, o spyware, em teoria, não conseguirá mais enviar informações sensíveis a quem quer que esteja espionando.