Amazon: relatos de que funcionários não têm rotina acelerada, sem pausa para banheiro, existem há anos (Simon Dawson/Bloomberg)
Thiago Lavado
Publicado em 26 de março de 2021 às 11h01.
A Amazon negou em uma conta oficial da empresa no Twitter que funcionários, principalmente motoristas e trabalhadores de centros logísticos, precisem urinar em garrafas plásticas durante o expediente na companhia.
O problema: diversas pessoas, entre jornalistas e usuários da rede, vieram à tona com dezenas de evidências que apontam que a prática acontece.
A publicação aconteceu em resposta a um tweet do deputado democrata Mark Pocan, que reclamava de a empresa tentar impedir a formação de sindicatos e do fato de que alguns funcionários eram forçados a "urinar em garrafas". A resposta da empresa foi combativa: "você não acredita realmente nessa história de urinar em garrafas, não é? Se fosse verdade, ninguém trabalharia para nós", afirmou a conta @amazonnews.
1/2 You don’t really believe the peeing in bottles thing, do you? If that were true, nobody would work for us. The truth is that we have over a million incredible employees around the world who are proud of what they do, and have great wages and health care from day one.
— Amazon News (@amazonnews) March 25, 2021
Em resposta à publicação, diversos jornalistas e funcionários da empresa compartilharam histórias sobre trabalho dentro da companhia, incluindo James Bloodworth, que escreveu um livro sobre ter passado 6 meses trabalhando em serviços de baixa remuneração no Reino Unido para diversas companhias, incluindo a Amazon.
Há relatos nos últimos anos de que a rotina de trabalho intensa leva funcionários a não irem ao banheiro para ganharem tempo e manterem seus empregos.
Um repórter do portal Buzzfeed News chegou a mostrar um documento com guias divulgadas por uma terceirizada da Amazon que abordava a prática diretamente.
Nesta quinta-feira, 25, uma reportagem do The Intercept apontou que a empresa está ciente de que motoristas têm de urinar em garrafas, apesar de negar isso publicamente. A reportagem, que falou com funcionários, apontou que isso é tão comum que é referenciado em reuniões e e-mails, aos quais o The Intercept teve acesso.
A Amazon tem enfrentado uma série de reveses para trabalhadores em centros de distribuição e logística, conforme cresce. Atualmente, há uma briga entre a empresa e trabalhadores no Alabama, que tentam formar um sindicato. A Amazon chegou a veicular publicidade contra a iniciativa.
Nesta semana, os trabalhadores da empresa na Itália realizaram uma greve, a primeira que a gigante enfrentou a nível nacional na Europa, pedindo melhores condições de trabalho.
A paralisação envolveu principalmente os trabalhadores dos depósitos e centros de distribuição da Amazon, bem como empresas terceirizadas que fazem as entregas dos produtos.
Os trabalhadores pedem melhores condições de trabalho, como redução de jornada de trabalho para os motoristas da empresa, cumprimento de regras de saúde e segurança, aumento do vale refeição, entre outras demandas.