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Al Gore e Tim Berners-Lee defendem internet livre

Um dos destaques do evento em São Paulo, ex-vice-presidente dos Estados Unidos criticou o controle da rede por governos

Al Gore fala ao público da Campus Party Brasil (Cristiano SantAnna/indicefoto.com)
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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2013 às 19h51.

São Paulo – O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, e o engenheiro britânico Tim Berners Lee, considerado o “pai” da World Wide Web, uniram seus discursos em torno da defesa de uma internet livre do controle de governos e empresas. Os dois se encontraram no início da tarde desta terça-feira (18) em evento realizado dentro da Campus Party Brasil, em São Paulo, e falaram, entre outras coisas, sobre o poder da internet na mobilização de pessoas, a necessidade de descentralização da rede mundial de computadores e até sobre os recentes casos de vazamento de informações da diplomacia norte-americana publicado pelo site WikiLeaks.

Para Berners Lee, um dos principais benefícios da web é a possibilidade de se compartilhar informações públicas, mas para que isso ocorra, é necessário que a plataforma seja utilizada de forma consciente por pessoas, empresas e governos. “È preciso defender a internet”, alertou o engenheiro, que falava para uma plateia de milhares de “campuseiros”. Segundo ele, a primeira atitude que os internautas devem tomar é ficar atento à forma como a rede está sendo utilizada pelos demais. “Se você percebe que seu tráfego está sendo monitorado, por exemplo, mude de operadora de internet”, disse. “É preciso também protestar, em um primeiro momento em blogs e no Twitter e, se não der certo, a população deve ir às ruas”.

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Al Gore seguiu a mesma linha, criticando a forma como governos de vários países estariam cerceando a liberdade de expressão dos usuários. O político, que já foi candidato à presidência dos Estados Unidos, disse não ter nada contra o atual governo brasileiro, mas afirmou que a internet precisa ser defendida do controle de administrações públicas. “A internet se desenvolve em um ritmo mais rápido que os governos”, explicou.

Sobre o WikiLeaks, Gore foi categórico: “o problema do vazamento de dados não é exclusividade da web”. Ele, que já foi jornalista, lembrou que muito antes da internet, já havia publicação de dados confidenciais em veículos impressos. “A diferença é que na internet a proporção das consequências é muito maior”, disse. Berners Lee concordou, lembrando que a defesa da publicação de dados feita por ele anteriormente diz respeito a informações públicas. “Uma informação sobre o estado de saúde de uma pessoa, por exemplo, não tem nenhum motivo para estar na internet visível para qualquer um”.

O ex-vice-presidente norte-americano pediu ainda que a internet e as novas tecnologias sejam utilizadas com propósitos mais nobres do que apenas a diversão. “Imaginem se houvesse na internet um banco de dados com informações sobre as dez empresas mais poluidoras. O trabalho das pessoas seria lutar para que seu nome fosse retirado da lista”, imaginou.

Bastante carismático, antes de iniciar sua fala Gore pediu desculpas ao público por não falar em português. Disse lamentar profundamente a situação por que passam os moradores da região serrana do Rio de Janeiro e cumprimentou a senadora Marina Silva, que estava na platéia, a quem chamou de “grande amiga”. Duas cadeiras ao lado de Marina assistia às palestras o presidente da Linux International, Jon Maddog Hall.

Iniciada na segunda-feira (17), a Campus Party Brasil acontece no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, até o próximo domingo (22). Além de Al Gore e Tim Berners Lee, entre os destaques do evento estão a presença de Kul Wadhda, diretor da Wikimedia Foundation, e de Steve Wozniak, co-fundador da Apple.

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