Minhas Finanças

6 dicas para começar uma vida de freelancer

Para ser seu próprio chefe, calcule sua renda de forma diferente, estabeleça seu preço e prepare o ambiente de trabalho


	Freelancer: tudo é uma questão de organização e disciplina para se adaptar à nova rotina
 (Thinkstock/AntonioGuillem)

Freelancer: tudo é uma questão de organização e disciplina para se adaptar à nova rotina (Thinkstock/AntonioGuillem)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 20 de maio de 2016 às 05h00.

São Paulo - Ser seu próprio chefe tem lá seus desafios, mas é só organizar o dinheiro e a rotina que tudo fica mais fácil. O objetivo de ter mais liberdade só se concretizará se você se planejar para que a instabilidade financeira, típica da carreira de freelancer, não impacte sua vida de forma negativa.

“Não existe um perfil de pessoas que não podem trabalhar como freelancer. Tudo é uma questão de organização e disciplina”, diz o coach de negócios Renato Pradillas, da Sociedade Brasileira de Coaching.

Em matéria recentemente publicada, EXAME.com ouviu contadores para esclarecer os custos envolvidos em ser autônomo, microempreendedor individual ou empresário. Agora, explicamos em seis passos simples como planejar a rotina de freelancer, em que trabalho e vida pessoal facilmente se misturam.

1. Prepare a mudança de vida

Faça a transição da vida de assalariado para a de freelancer da forma menos radical possível, pois você não sabe exatamente qual será sua renda. Prepare um “colchão financeiro”, nas palavras do coach Roberto Navarro, criador do Instituto Coaching Financeiro. “É natural demorar para ganhar dinheiro no início, até criar networking e firmar uma carteira de clientes”, diz.

A reserva financeira ideal precisa ter uma quantia suficiente para pagar um ano de suas despesas, segundo Navarro. Para acumular esse dinheiro com juros, deixe-o aplicado em um investimento com liquidez, como um CDB ou um título público, para que você possa retirar o valor que precisar a qualquer momento.

Para o educador financeiro Eduardo Coelho, uma quantia equivalente a três meses de despesas já é suficiente. Ele também sugere fazer trabalhos fora da empresa para que você tenha mais certeza de que essa escolha dará certo. “As pessoas já estavam procurando seus trabalhos com regularidade ou foi só um projeto específico?”, questiona.

2. Calcule sua renda de um novo jeito

A vida de freelancer pode ser uma gangorra. Em alguns meses você pode acumular vários projetos e ganhar muito, mas em outros pode correr o risco de ter menos trabalhos do que gostaria. Por isso, é mais seguro estipular uma meta de quanto você precisa ganhar por ano, e não por mês, como recomenda Navarro.

Lembre, ainda, que você não terá mais benefícios como o plano de saúde e o fundo de previdência da empresa, nem férias remuneradas. Acrescente esses itens na lista de despesas.

Outra dica é estabelecer três metas de rendimentos diferentes: a mínima que você precisa ganhar para sobreviver, a média ideal e a máxima, se conseguir superar muito as expectativas. Elas servem para calcular se você precisa buscar mais trabalhos, como orienta Navarro.

Mesmo depois que a rotina como freelancer engrenar, Coelho sugere manter o hábito de investir 30% da renda em uma aplicação de curto prazo, em vez de 10%, como normalmente recomenda para assalariados. “Guardar 30% é bastante, mas lembre que não existe atestado médico para freelancers”, exemplifica, para dizer que imprevistos podem acontecer e você não terá uma renda garantida.

Para Pradillas, ter sempre uma reserva de pelo menos seis meses de despesas é o ideal. A cada dois meses acumulados, ele sugere que investidor se presenteie com algo que deseja, para se sentir motivado a manter a reserva.

3. Saiba quanto custa sua hora de trabalho

Precificar seu tempo é indispensável. Para saber quanto custa sua hora de trabalho, olhe para os concorrentes e para o seu público. “Sinta quanto seu cliente está disposto a pagar”, sugere Navarro. Se o tempo estiver escasso ou o prazo de entrega for muito apertado, aumente o preço.

O coach financeiro também aconselha trabalhar com metas de preço diferentes: o valor básico de quanto custa seu serviço, o preço mínimo pelo qual você aceita trabalhar e o desconto padrão, se o cliente pedir para negociar.

Pradillas sugere um outro jeito de calcular o preço da sua hora de trabalho: dividir quanto você pretende ganhar no ano por 2 mil, uma fórmula universal aproximada que costuma dar certo.

“Essa medida é importante para entender onde você deve colocar a sua força de trabalho e o que você vai terceirizar”, explica. Por exemplo, se uma hora de trabalho custar mais do que o motoboy cobra para levar um envelope ao correio, vale mais a pena contratar esse serviço.

4. Pague um salário para si mesmo

Para trabalhar por conta própria, você terá gastos que não tinha antes, como a conta de telefone, custos de deslocamento e impostos que antes eram descontados do salário. Some todas essas despesas e as exclua do seu faturamento líquido.

“É importante estabelecer o salário que você dará para você mesmo, descontando os gastos com a empresa. Isso é difícil como separar gêmeos siameses, mas é necessário”, aconselha a educadora financeira e contadora Dora Ramos, da Fharos Contabilidade & Gestão Empresarial.

Pradillas recomenda organizar duas planilhas de gastos diferentes, uma para a rotina de freelancer e outra para a vida pessoal. A ideia é sempre projetar os meses seguintes com base nos gastos do mês atual.

5. Prepare um ambiente de trabalho

Você não quer que o telefone ou a campainha da sua casa atrapalhem o fluxo de trabalho, mas ao mesmo tempo quer poder sair para buscar os filhos na escola ou ir à academia no meio da tarde? Para equilibrar produtividade com flexibilidade, estabeleça metas diárias. Por exemplo, cumprir 50% das tarefas até o horário do almoço para poder sair e tomar um café.

“O importante é que as outras atividades não atrapalhem o cumprimento das metas”, diz Pradillas. Ele também aconselha criar um escritório de trabalho, sem televisão ligada, e se vestir como se fosse sair de casa para que você tenha uma sensação de compromisso maior.

6. Saiba se mostrar para os outros

Encare as redes sociais como um canal profissional e exponha seus projetos para as pessoas. “Esteja no Facebook, no LinkedIn, no Instagram e no Snapchat e mantenha um portfólio atualizado”, sugere Navarro.

Mantenha contato com os clientes após os serviços prestados e e jamais entregue trabalhos fora do prazo, como aconselha Coelho.

Também vale lembrar que qualquer situação pode ser uma oportunidade para nascer novas ideias e fazer networking. Aproveite a flexibilidade da rotina para refrescar as ideias e se dê o direito de fazer o que você não fazia antes, como sair para tomar um café no meio da tarde.

Acompanhe tudo sobre:Ambiente de trabalhodicas-de-financas-pessoaisDinheiroflexibilidade-no-trabalhoImigraçãoNetworkingplanejamento-financeiro-pessoalrenda-pessoalSalários

Mais de Minhas Finanças

Banco Central comunica vazamento de dados de clientes da Caixa

Primeira parcela do 13º salário será paga neste mês; veja quando

Quem se aposentou a partir de junho pelo INSS vai receber 13º salário em cota única neste mês

Mega-Sena acumula novamente e prêmio principal vai para R$ 200 milhões