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5 erros que te impedem de enriquecer

Veja quais são os equívocos que mais prejudicam o investidor, segundo o professor de economia da Universidade de Princeton Wei Xiong


	Extrapolar tendências passadas para o futuro é um dos principais erros dos investidores
 (Arquivo/Você SA/EXAME.com)

Extrapolar tendências passadas para o futuro é um dos principais erros dos investidores (Arquivo/Você SA/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2013 às 16h08.

São Paulo – Durante palestra do 7º Congresso Anbima de Fundos de Investimento, o professor de economia da Universidade de Princeton, Wei Xiong, falou sobre como a razão e as emoções orientam a tomada de decisão do investidor.

Baseado em uma série de estudos realizados nos Estados Unidos, o professor apresentou os principais erros que levam os investidores a sofrerem prejuízos e não obterem sucesso nos investimentos. Veja a seguir alguns dos principais problemas destacados pelo economista no evento e saiba como evitá-los.

1. Vender ações que estão ganhando e ficar com as que estão perdendo

Conforme Xiong explica, os investidores costumam vender as ações que estão ganhando e manter na carteira aquelas que deram algum tipo de prejuízo. “Vários estudos mostram que a probabilidade de a pessoa vender o ativo que está ganhando em vez do que está perdendo é muito maior”, diz. 

O professor citou uma pesquisa de Terrance Odean, de 1999, na qual foram avaliadas as formas como os investidores compram e vendem ações. Os resultados mostraram que as ações que eles compravam eram piores do que as que eles vendiam. E quanto mais o tempo passava e mais ações eram compradas, pior era o desempenho dessas novas ações.

“Quando os investidores compram e vendem ações, seria de se esperar que as ações que eles comprassem fossem melhores do que as que eles venderam, afinal, eles querem comprar o vencedor e vender o perdedor, mas não é isso o que acontece”, comenta o professor da Universidade de Princeton.

Apesar de ser muito difundida também a ideia de vender as ações na alta para realizar ganhos e comprar ações na baixa para aproveitar sua valorização, o que Xiong propõe é que os investidores não se foquem em um único episódio ao tomar a decisão de vender uma ação, mas que analisem a ação de uma maneira mais profunda e sistemática para entender se futuramente ela tem potencial de subir ou descer. 

Aquiles Mosca, superintendente da Santander Asset Management, participou do debate com o professor Xiong durante o Congresso da Anbima. Ele comenta que o investidor deve focar os fundamentos da empresa. “Se forem boas empresas, as ações que já proporcionaram ganhos podem continuar subindo. Isso vai depender de cada ação, por isso é preciso avaliar se a empresa tem bons fundamentos”, avalia.

Xiong explicou que os investidores vendem as ações que estão com um bom desempenho por causa de um viés psicológico, segundo o qual nós queremos receber todos os louros de nossos sucessos, mas diante de um fracasso, não assumimos nossos erros e os atribuímos a outras pessoas.

Em virtude desse comportamento, o investidor não quer aceitar que errou ao comprar uma ação e a mantém na carteira para não admitir o erro por completo. ”Ele pensa: 'Estou perdendo, mas não realizei meu prejuízo. Errei, mas não realizei o prejuízo da minha exposição'”, esclarece Mosca.

2. Excesso de lealdade

Para retratar como a lealdade pode prejudicar os investimentos, Xiong usou como exemplo os fundos de pensão de algumas empresas dos Estados Unidos. Segundo ele, estudos feitos no país mostraram que quase um terço desses tipos de plano de previdência que são fechados a funcionários investem em ações da própria empresa.

“Isso é muito chocante porque se a empresa não vai bem, além de perder o emprego, eles perdem também o fundo de pensão”. Isso aconteceu com a empresa de energia Enron, lembra Xiong. A companhia era uma das maiores empresas dos Estados Unidos e foi à falência em 2001 devido a uma série de fraudes.

Cerca de 62% dos empregados investiam no fundo de pensão da empresa, que aplicava uma boa parte dos recursos em ativos da própria companhia. Como resultado, os funcionários perderam o trabalho e uma parcela significativa dos recursos que investiram durante anos em seu fundo de pensão.


Reportagem do The New York Times mostra que alguns funcionários chegaram a perder quantias equivalentes a 800 e 900 mil dólares.

Conforme o professor de Princeton explica, essa é uma maneira muito custosa de mostrar lealdade à empresa. E a questão não se resume a esse tipo de situação, obviamente. O patriotismo na hora de investir é outra face dessa lealdade que custa caro. “O brasileiro é muito patriótico em seus investimentos, mas em termos de diversificação isso não é bom, e o investidor vai pagar muito caro por isso”, diz Wei Xiong.

O superintende da Santander Asset Management contextualiza ainda mais a questão: “O brasileiro é muito acostumado a ter lealdade à poupança porque é algo familiar. O pai já investia o avô já investia e o filho também investe por comodismo, mas ele terá de arcar com o custo de perder para a inflação”, comenta Mosca.

Wei Xiong conclui o tópico afirmando que a diversificação é a maneira mais útil de reduzir os riscos e a melhor forma de fazer essa diversificação é distribuir os investimentos ao redor do mundo.

3. Excesso de confiança

Para demonstrar como as emoções afetam as decisões de investimentos, Xiong cita uma pesquisa que mostrou que investidores americanos tendem a prever o desempenho de uma ação quando está sol de manhã e não o fazem se o dia amanhece nublado.

E uma das emoções que tem prejudicado os investidores é o otimismo, ou o excesso dele. “O investidor pensa que talvez não seja o melhor, mas que deve ser melhor do que a maioria e se sente confortável em fazer transações sem analisar ou estudar muito”, afirma o professor.

Ele defende que os investidores acreditam que suas decisões são extremamente precisas e têm altas chances de darem certo. Ele invoca uma outra pesquisa que foi realizada com CFOs (diretores financeiros) de grandes empresas americanas. Esses executivos foram questionados sobre qual seria o comportamento da Bolsa nos próximos anos.

“É muito difícil prever o comportamento da Bolsa e nós esperávamos que esses executivos entenderiam isso. Seria muito fácil dizer que diante da volatilidade do mercado há uma faixa bastante larga dentro da qual a Bolsa pode oscilar, mas os CFOs só acertam essa faixa 36% do tempo. Eles sugerem uma faixa muito estreita, mesmo sabendo que há muita volatilidade e que essa banda deveria ser larga. Eles acabam exagerando na precisão de suas impressões”, diz o professor.

Se mesmo os altos executivos financeiros de empresas renomadas erram suas expectativas, o que dirá então pessoas comuns, questiona Xiong. Ele conclui, portanto que, entender que o excesso de otimismo afeta as decisões financeiras é importante para que o investidor tenha mais cautela e avalie melhor o potencial de seus investimentos.

4. Extrapolação de situações passadas para o futuro

Os investidores têm a tendência de extrapolar situações passadas para o futuro. Em 1995, Amos Tversky e Thomas Gilovich analisaram o fenômeno da “mão quente” no basquete, uma impressão de que um jogador que já acertou algumas cestas está com a "mão quente" e por isso teria mais chances de acertar as próximas cestas.

Após analisar por alguns anos um time, a conclusão foi que não existe absolutamente nenhuma evidência que comprove o fenômeno. A chance de um jogador fazer uma cesta não é afetada pelas cestas previamente feitas ou não. Cada lance atende a um próprio evento que acontece randomicamente.


Situação análoga acontece nos investimentos. Um desempenho bom no passado não é sinal de uma maior probabilidade de bons resultados no futuro. Mas, mesmo assim, os investidores insistem em comprar ações baseados em seu passado recente. “Estudos sistemáticos mostram que ações que tiveram bom desempenho nos últimos seis meses, ou um ano, vão continuar bem, mas em um período mais longo esses vencedores têm um pior desempenho. Parece que temos ciclos individuais que nada têm a ver com mercado em si, mas com a ação específica”, diz Xiong.

O professor acrescenta que como os investidores acabam aplicando em ações que foram muito bem no último ano, ou nos últimos seis meses, esse tipo de ação ainda gera um ganho no curto prazo, baseado nesse aumento de procura. Ocorre que essa valorização não se sustenta porque está ligada à entrada de mais dinheiro e não ao desempenho da ação. “Com isso o mercado vira uma montanha-russa”, complementa.

Não se basear em tendências passadas para avaliar decisões presentes pode ser um pouco complexo, sobretudo para investidores iniciantes. Afinal, é sempre mais fácil seguir os padrões já conhecidos do que se aventurar por investimentos novos. Mas, segundo Aquiles Mosca, para quem quer bons resultados no mercado não existem atalhos: “Ao extrapolar o passado, o investidor pega a fonte errada. E não existem atalhos, caminhos fáceis, é preciso ter envolvimento, estudar muito os investimentos, os gestores e estruturar o processo de investir para alcançar bons retornos”.

5. Excesso de transações

O professor da Universidade de Princeton, mais uma vez baseado em estudos realizados nos Estados Unidos, afirmou que o desempenho de um investidor piora quanto maior o número de transações que ele realiza. “Um estudo realizado com mais de 70 mil contas de investidores americanos durante 10 anos mostrou que há uma relação inversa entre desempenho e frequência de transações: quanto mais transações pior é o retorno”, diz Xiong.

Observando diversos exemplos de ineficiência em estratégias de compra e venda de ações, Xiong afirma que a melhor maneira de investir é visando o longo prazo. “O investidor realmente não ganha do mercado se não focar no longo prazo porque mesmo com ótimas ideias, algumas podem não funcionar”, diz. 

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