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Como o real digital brasileiro vai ampliar a inclusão financeira

Moeda brasileira chega ao mercado neste ano para ampliar a inclusão financeira e integrar com criptos

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Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Patricia Monteiro/Getty Images)

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Patricia Monteiro/Getty Images)

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Lucas Josa

Publicado em 20 de janeiro de 2022 às, 05h19.

Última atualização em 26 de janeiro de 2022 às, 11h42.

A inovação decorrente da tecnologia blockchain é liderada por iniciativas privadas, mas, a exemplo do que mostra Taynaah Reis, da Moeda Semente, o Brasil consegue ser protagonista também quando o assunto são moedas digitais. Ou moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDC, na sigla em inglês), para ser mais exato. O real digital é apontado como o projeto mais inovador da história do Banco Central do Brasil. “É uma moeda digital só para pagamentos de câmbio? Não. Nós entendemos que é uma moeda digital que vai se estender e que, aos poucos, substituirá a moeda física”, definiu Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. 

A criação de uma CBDC não é exclusividade do Brasil. Há projetos em andamento ou em fase de testes em países desenvolvidos, como Japão, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos. A China encontra-se em estágio avançado: o iuane digital já deverá ser utilizado por turistas durante a Olimpíada de Inverno em Pequim, em fevereiro. Mas no Brasil, de forma ainda mais inovadora e disruptiva, os planos do BC para o real digital preveem a integração da CBDC com criptoativos, com foco em finanças descentralizadas (DeFi) e projetos ligados ao metaverso. 

Fabio Araujo, economista do Banco Central e um dos responsáveis pela iniciativa da CBDC brasileira, explica que há uma característica fundamental para diferenciar o real digital de outras moedas digitais nacionais. “Quando pensamos em como fomentar o desenvolvimento dos métodos de pagamento digitais, fica claro para nós que o próximo passo está na programabilidade”, afirma o especialista, em referência à capacidade de programar a futura moeda para aperfeiçoamentos em conexão com necessidades do mundo real.

Em razão disso, o Banco Central tem se inspirado no ambiente de finanças descentralizadas, que, embora muito promissor, ainda carece de melhorias para trazer benefícios a uma parcela mais ampla da população. “O real digital poderia ser utilizado em plataformas de coleta de fundos para financiar projetos específicos dentro de uma comunidade, visando um aumento na inclusão financeira de seus habitantes e também para conectar um mar­ketplace de provedores de fundos a pessoas que necessitem de financiamento”, disse Araujo à EXAME.

A liderança do Banco Central frente às CBDCs não vem por acaso: é o vértice de um projeto mais amplo que ganhou tração com o lançamento de uma agenda de inovação há pouco mais de dois anos. O objetivo na época: nortear e impulsionar o trabalho do BC em direção à utilização de novas tecnologias, com foco no já citado aumento da inclusão financeira, da concorrência entre instituições, da transparência nas relações com consumidores e da educação financeira.

Por meio de iniciativas hoje já amplamente aceitas na sociedade, como o sistema de transferências e pagamentos instantâneos, o Pix, no fim de 2020, o Banco Central faz avançar um arcabouço que possibilita transações financeiras com mais agilidade, segurança e sem custos. Não faltam ambientes para a experimentação de novos projetos, como o recém-lançado Lift, o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas: trata-se de um ecossistema de inovação no qual as empresas inscritas podem criar protótipos de soluções tecnológicas para o sistema financeiro. 

Por mais que o real digital, assim como outras CBDCs, diferencie-se de criptomoedas por ser regulado e controlado pelas autoridades monetárias, o Banco Central busca meios para promover a integração e absorver a inovação criada pelos criptoativos. Dessa forma, os brasileiros terão condições não só de testemunhar a primeira versão do real digital ainda em 2022 como de esperar um impacto relevante no sistema financeiro, principalmente em relação a novos serviços. O futuro vai chegar primeiro ao Brasil.

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