EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2011 às 19h26.
São Paulo - Algumas empresas instaladas no Brasil ainda estão traumatizadas com o racionamento de energia de 2001. Desde então, essas companhias vêm procurando meios de evitar que o problema se repita. A rede francesa de hotéis Accor é uma delas. A insuficiência de energia fez com que um de seus hotéis de alto padrão, o Sofitel de São Paulo, fosse privado de boa parte de seu maior atrativo -- o luxo.
O hotel ficou sem ar-condicionado, três dos cinco elevadores pararam e as acomodações ficaram à meia-luz. "Foi péssimo", diz Jean Phillipe Bittencourt, gerente do hotel. "Falhamos na nossa obrigação número 1, que é garantir o conforto." Para afastar o risco de falta de energia nos próximos anos, muitas empresas estão adotando projetos de geração própria -- e uma das maiores novidades nesse mercado é o aumento da demanda por geradores movidos a gás natural.
Desde agosto, o Sofitel opera com um gerador a gás com capacidade para funcionar 24 horas, deixando de depender da rede local de distribuição de energia elétrica. Outras empresas seguiram caminho semelhante ao adotado pelo Sofitel -- entre elas a Rede Globo, que abastece sua central de produção, o Projac, com geradores a gás, e a Coca-Cola, que adotou o sistema em sua fábrica de Jundiaí, no interior de São Paulo.
A Sotreq, rede de revendedoras da Caterpillar no Brasil que fatura 1,2 bilhão de reais por ano, e a Iqara, empresa do grupo British Gas, são duas das pioneiras desse novo mercado. Fornecendo projetos de geração de energia própria, as duas companhias atuam em parceria. A Sotreq oferece os geradores e a Iqara desenvolve e financia os projetos.
Hoje, projetos como os fornecidos ao Sofitel e à Globo já representam 20% do faturamento de 100 milhões de reais da área de energia da Sotreq, e o objetivo de seus executivos é elevar o número para 50% nos próximos anos. A parceria entre as duas empresas começou em 2004.
Além do Sofitel, foram assinados contratos com o hotel Caesar Park e a rede de supermercados Sonda. Há ainda mais de 100 negociações em andamento. "Existem sérios riscos de um novo racionamento no futuro", diz Fernando Costa, gerente de energia da Sotreq. Para atrair empresários que se assustam com o vaivém dos preços do gás, a Iqara assume todos os riscos da operação, inclusive a variação cambial do valor do combustível.