Revista Exame

Qual o futuro da mobilidade no Brasil? Meios de transporte mais integrados

A pandemia mostrou que os meios de transporte precisam estar mais integrados para atender diferentes estilos de vida

 (Catarina Bessell/Exame)

(Catarina Bessell/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 05h12.

Última atualização em 4 de janeiro de 2022 às 12h28.

Muitas indústrias se reinventaram na pandemia, como entretenimento, medicina e alimentação, com novos serviços e apps de delivery. Tudo isso impacta a mobilidade, que também precisa se reinventar, com o redesenho de espaços urbanos e o replanejamento da ocupação do solo, especialmente nas grandes cidades. Essa é uma pauta urgente, porque há problemas estruturais de mobilidade no Brasil que a crise sanitária evidenciou, provocando uma nova reflexão sobre a real necessidade de ir e vir das pessoas. Segundo dados do Oliver Wyman Forum, até 2030 o mercado mundial de mobilidade vai crescer cerca de 75%, saindo de 14,9 trilhões de dólares em 2017 para 26,6 trilhões de dólares em 2030.

Os novos modelos de vida vêm acelerando a transformação digital na adoção de novas soluções para os principais desafios do mercado de mobilidade, para atender aos usuários do transporte urbano e interurbano e aos proprietários de veículos que transitam pelas cidades e estradas, dentro de um ciclo de consumo em diferentes esferas. Quando olhamos para o Brasil, ainda há muito potencial para a indústria da mobilidade crescer, e esse desenvolvimento se dará, principalmente, por um caminho conectado, inteligente e centrado no usuário. É preciso criar um ecossistema de modais integrados e de mobilidade como serviço (MaaS, na sigla em inglês para Mobility as a Service), além de avançar na produção de veículos ecologicamente mais viáveis e cada vez mais interconectados e autônomos.

Cresce, também, a demanda por serviços pay-per-use, dentro do conceito de MaaS, em que se privilegia a lógica do uso em vez da posse. As vantagens são diversas: preço, comodidade, tempo e facilidade. É o caso das assinaturas e do compartilhamento de veículos, das vagas inteligentes, dos pagamentos automáticos feitos por meio do próprio carro — como drive-thrus, abastecimento, estacionamento e Zona Azul —, além de carregamento de pagamento dos vários modais urbanos (ônibus, trens e metrôs). Esse cenário abre muitas oportunidades para que fintechs, marketplaces e bancos digitais ampliem a oferta de meios de pagamento sem contato, que aumentou 469% no Brasil durante a pandemia, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

A micromobilidade também é importante e, até pouco tempo atrás, era impensável que bicicletas, patinetes, scooters e automóveis pudessem conviver em segurança nas grandes cidades. Somente na China, cerca de 700 milhões de viagens por dia foram feitas em e-bikes e e-scooters em 2020, de acordo com a consultoria WGSN. Por aqui, o primeiro semestre de 2021 aponta que o segmento continua em alta, com média de 34% de aumento nas vendas de bicicletas em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas).

Nas rodovias, essa tendência é também latente. A passagem automática em pedágios foi um movimento contundente de transformação, na medida em que as pessoas ganham tempo com o pagamento rápido e cada vez menos fricção. Mais recentemente, a adoção do sistema de pedágio free flow, em que a tarifa é cobrada proporcionalmente à distância percorrida, sem a necessidade de praças físicas, tem sido vista com bons olhos. Em países como Chile, Estados Unidos, Suécia, Áustria, Espanha e China, o modelo do fluxo livre já é bastante utilizado, e traz benefícios operacionais e de segurança, contribuindo para a equidade entre os usuários e para o equilíbrio financeiro das concessões. O potencial existe: no Brasil, 50% das passagens são realizadas na cabine automática; e 47%, na cabine manual. No estado de São Paulo há três projetos de free flow em teste.

Por fim, pensar em mobilidade é pensar potencialmente na não mobilidade, seja pelo advento do home office, pela possibilidade do ensino à distância, pela viabilidade da telemedicina, seja até pelo crescimento do consumo de entretenimento via plataformas de streaming. Esse movimento coloca o espaço privado como um “hub” de conexões de experiências pessoais, profissionais e de lazer — e que deve transformar também o carro, depois da casa e do escritório, como extensão da vida pessoal. Por isso, é urgente estimular a discussão de como as cidades precisam estar preparadas para um novo ciclo de mobilidade para melhorar a vida das pessoas, que querem se deslocar com agilidade, segurança, economia e o máximo de conforto possível.

(Arte/Exame)

Acompanhe tudo sobre:MobilidadeSetor de transporteTransporte de passageirosTransporte público

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025