Camila Nunes CMO da Amazon (Amazon/Divulgação)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.
Última atualização em 18 de dezembro de 2025 às 09h06.
Mesmo quem não acompanha de perto as novidades dos streamings deve ter esbarrado nos últimos tempos em Tremembé. Lançada em outubro, a série que retrata a rotina dos presos famosos do Complexo Penitenciário em São Paulo se tornou o original brasileiro com melhor estreia da história do Prime Video no país e já tem segunda temporada confirmada.
O desempenho dialoga com a forma como a Amazon vem estruturando sua atuação no Brasil, fortalecendo conteúdos e iniciativas com conexão local. “A Amazon Brasil é uma empresa feita por brasileiros para brasileiros”, diz Camila Nunes, CMO da companhia. “Um dos nossos objetivos mais importantes é comunicar todas as marcas, serviços e negócios de forma próxima e que faça sentido para o cliente brasileiro.”
Há nove anos na empresa, a executiva acompanhou a evolução de uma operação centrada em livros impressos e digitais para um portfólio que hoje inclui marketplace, dispositivos, streaming, publicidade e uma malha logística com mais de 200 polos.
A expansão veio acompanhada de novas frentes estratégicas, como investimentos em futebol, festas regionais, criadores de conteúdo e uso de dados e inteligência artificial, aplicados à personalização e à comunicação.
“Na última década, investimos 55 bilhões de reais no país, o que mostra o Brasil como prioridade na estratégia global”, afirma. Acompanhe a entrevista.
A Amazon no Brasil opera um portfólio que vai do e-commerce ao streaming. Como comunicar uma proposta de valor tão ampla?
Sempre reforço que a Amazon é uma empresa feita por brasileiros para brasileiros. Isso orienta nossa estratégia no país. Como comunicamos muitas marcas, a linha condutora é criar conexão com o brasileiro de um jeito proprietário. No Amazon.com.br, por exemplo, o foco é destacar o custo-benefício: preço competitivo, seleção ampla e entrega rápida e grátis, incluindo a primeira compra sem frete. Já no Prime, o desafio é comunicar o conjunto de benefícios, como descontos e acesso ao Prime Video, e outros serviços digitais. Internamente, brincamos que o objetivo é tornar quase “irresponsável” não assinar, pela relação entre o valor pago e o que se recebe.
O que marcou a evolução da estratégia de marketing da Amazon nesses nove anos?
Quando entrei, a operação era centrada em livros impressos e digitais. Em 2019, tivemos um ponto de virada com a expansão do varejo, o lançamento da Alexa e do programa Prime. Desde o início, trabalhamos uma comunicação integrada, agnóstica de canal, olhando conversão e construção de marca de forma conjunta. Entre os marcos, eu destacaria a entrada no futebol com o patrocínio das transmissões da Globo, a criação de um programa próprio para criadores de conteúdo e o investimento no futebol feminino. Também anunciamos o patrocínio da Copa do Mundo no ano que vem e ampliamos a atuação em festas regionais, como Carnaval e São João, sempre adaptando as estratégias aos contextos culturais do país.
O que o sucesso de Tremembé revela sobre a estratégia de marketing da Amazon no Brasil?
Na Amazon, tudo parte de melhorar a experiência do cliente, inclusive no Prime Video. Há alguns anos investimos em produções locais, como Cangaço Novo, e ampliamos conteúdos que fazem sentido para o público brasileiro. Também passamos a transmitir a Copa do Brasil e, neste ano, jogos exclusivos do Campeonato Brasileiro. Nosso foco é dar mais espaço global para produções locais e construir uma identidade que reflita o Brasil. Tremembé é um marco dentro desse trabalho de anos para oferecer, no catálogo de filmes e séries, assim como no de produtos, conteúdos realmente relevantes para os brasileiros.
Em um mercado em que frete rápido e conveniência já são esperados, onde está hoje o diferencial competitivo da Amazon?
O programa Prime é hoje um dos nossos principais diferenciais competitivos, reunindo frete rápido e grátis, descontos exclusivos e benefícios como Prime Video, Amazon Music, Prime Reading e Games. O marketing tem o papel de comunicar esses benefícios e, ao mesmo tempo, aprimorar continuamente o programa. Neste ano, ampliamos o valor do Prime com parcerias como a do iFood, reduzimos o mínimo para entregas no dia seguinte e ampliamos o catálogo de produtos internacionais com frete incluído. Também acompanhamos o comportamento do consumidor brasileiro, com ações como a Chuva de Cupons, datas promocionais e o programa Amazon Influencers, que conecta criadores à jornada de compra. A lógica é trabalhar o Prime de forma integrada, relevante para cada momento do cliente.
Quais aplicações de IA têm gerado mais resultado para o marketing no Brasil?
A Amazon usa inteligência artificial há mais de 20 anos para personalizar a jornada de compra, desde recomendações de produtos até o momento certo de apresentar a assinatura do Prime. Com a IA generativa, esse impacto ganhou escala. No marketing, o principal avanço recente é a mídia hipercontextualizada, que combina dados, criatividade e timing para exibir a mensagem certa por local e horário. Isso tem impulsionado especialmente o out of home (mídia externa), que passou a operar com alto grau de personalização e se tornou uma alavanca relevante tanto para performance quanto para construção de marca.
Onde o Brasil se posiciona na estratégia global da Amazon?
O Brasil é um dos países prioritários para a Amazon global. O tamanho, o engajamento digital e a adoção do e-commerce colocam o país no centro das decisões. Temos hoje mais de 200 polos logísticos no país, cobertura de entrega em 100% das favelas, entrega no dia seguinte para membros Prime e, em algumas cidades, entrega no mesmo dia. No marketing, o papel é tornar visível essa evolução, mostrando ao consumidor que a Amazon entende o Brasil.
Quais apostas devem concentrar os esforços de marketing da Amazon Brasil nos próximos meses?
No curto prazo, uma das principais prioridades é a Copa do Mundo, um momento central para o brasileiro e para a estratégia da Amazon no país. Outra frente é o trabalho com criadores de conteúdo e influenciadores, com parcerias autênticas e formatos que façam sentido para o criador e para a audiência. A companhia também seguirá investindo em mídia externa e em canais de performance, como busca e social media. Por fim, há um foco contínuo em festas regionais, especialmente o Carnaval, que mobilizam consumo antes e durante os eventos e são momentos relevantes para a marca.

